Pecuária

PASTAGEM: PRODUZIR BOI DE CAPIM REQUER PLANEJAMENTO

Os novos paradigmas de produção exigidos pelo mercado exportador que mantém parâmetros estreitos na relação de custo de produção e remuneração, mais os altos preços da terra, em grande parte das regiões do país, são fatores que tornam a eficiência da produção um ponto fundamental para se conseguir resultados positivos dentro do negócio.

Entretanto, segundo especialistas, garantir níveis de produção nas condições de pasto e clima tropicais não é uma tarefa fácil. As principais espécies forrageiras utilizadas no Brasil possuem uma quantidade enorme de inimigos naturais e problemas ligados ao seu próprio ecossistema que, se não houver uma intervenção humana, fica praticamente impossível manter a produção em patamares minimamente viáveis.

Patrícia Menezes Santos pesquisadora da área de forragicultura da Embrapa Pecuária Sudeste, de São Carlos, SP, explica que para medir os índices de produção de carne e leite, nas condições dos ecossistemas dos trópicos, dois componentes são fundamentais: primeiro é a capacidade do bovino de transformar pasto em carne. Para ela, do ponto de vista zootécnico, a conversão alimentar do rebanho tem relação direta com a qualidade nutricional e a digestibilidade da matéria seca oferecida.

Outro aspecto considerado ponto chave para se produzir bem nessas condições é a capacidade de suporte dessas forrageiras, também chamado de estande forrageiro. Trocando em miúdos, a produção diária de uma fazenda vai depender do potencial de produção de massa seca (MS) da espécie cultivada e sua eficiência de colheita e/ou rebrota. “Uma característica já bastante conhecida dos bovinos é que eles realizam um pastejo seletivo da área, escolhendo as folhas de aspecto mais jovial em detrimento das demais. A ocorrência desse sobrepastejo nas folhas que estão em fase de rebrota é um primeiro passo para a degradação da área”, observa a pesquisadora do CPPSE Embrapa.

Para se evitar esse e outros problemas que afetam o desempenho das pastagens, a escolha não só da espécie vegetal, mais da variedade da forrageira é considerado ponto estratégico na implantação das áreas de pasto. “A adoção de qualquer técnica para produção de carne em manejo intensivo de pastagens tem de ser feita, somente, após analise e projeto que indique o melhor sistema a ser utilizado nas condições de cada propriedade”, enfatiza. “Nos países de clima tropical e subtropical, há grande potencial de produção de carne e de leite em pastagens”, conclui a pesquisadora.

A quantidade de espécies é grande

A variabilidade de espécies dos gêneros Panicum, Brachiária e Cynodon, que, se bem manejadas, podem participar da dieta dos ruminantes, na redução dos custos de produção na pecuária é bastante grande.

Atualmente as espécies mais plantadas no país são do gênero brachiária. Originárias da África estas espécies tiveram papel importante na formação da pecuária brasileira. Sua adaptabilidade aos solos ácidos e de baixa fertilidade dos cerrados e demais regiões do Sudeste brasileiro contribuíram para garantir a permanência da atividade por décadas. As variedades mais plantadas são a Brachiária decumbens, espécie que tem entre seus atributos positivos a facilidade de estabelecimento; a tolerância a solos ácidos e de baixa fertilidade; elevada resposta à adubação; elevada produção de sementes, adequada para utilização na forma de pasto vedado. O principal problema que se apresenta para essa cultura no uso na pecuária são os problemas fitossanitários, causados por pragas, insetos e nematóides. A cigarrinha das pastagens é o principal inimigo. Além disso, é uma espécie de difícil erradicação no caso de reforma das pastagens ou mesmo consórcio com outras culturas.

A Brachiária brizanta, também conhecida como “Capim Marandu” é uma das forrageiras mais plantadas no país e destaca-se pelo seu maior porte na comparação com as demais espécies de brachiária. É uma planta de habito cespitoso, ou seja, formadora de touceiras e seus atributos principais são a resistência a cigarrinha das pastagens; a elevada produção de matéria seca; alta qualidade da forragem; boa produção de semente e cobertura do solo, ponto desejado pela competição que ela exerce com a invasoras; A espécie é adequada para uso em vedação de pasto para o inverno além de ser resistente ao ataque de formigas cortadeiras de folhas.

As espécies do gênero Panicum Maximum são apontadas como muito importantes para produção de carne nas regiões de clima tropical e subtropical. A cultivar Colonião é a mais difundida e, povoa as pastagens há séculos. O aparecimento de novas cultivares mais produtivas, fez o colonião praticamente desaparecer, lembra Luciano de Almeida Corrêa ta,bem pesquisador do CPPSE embrapa. Segundo ele, o interesse pelos capins do gênero Panicum Maximum como: Tobiatã, Vencedor, Centenário, Centauro, Aruana, Tanzânia, Mombaça e Massai têm crescido nos últimos anos.

Manejo das pastagens requer cuidados específicos

Igual ao modelo utilizado pela agricultura o processo de formação e recuperação de áreas de pastagens demandam uma série de procedimentos técnicos importantes. O preparo do solo através de um controle químico feito através de herbicidas ou da remoção do solo, que mantenha as populações de plantas nativas do local. Fazer uma analise das condições do ecossistema local para identificar quais agentes bióticos naturais essas plantas vai enfrentar. Em situação de geadas o produtor deve buscar uma espécie resistente. O mesmo deve ser feito para condições de alagados ou de ataques de pragas.

Outro ponto que deve ser considerado é o sistema de exploração que irá ser adotado. Se a área vai ser usada para diferimento para o inverno os panicuns não são indicados. Isso porque florescem no mês de maio e quando chegar o inverno seu desenvolvimento estará além do desejado. Se a escolha for por um sistema de adubação o potencial de crescimento dos panicuns é maior que o das brachiárias. Agora, existe um impedimento que é o manejo dessas plantas. Caso não haja pessoal qualificado na fazenda, o manejo é mais complicado e de difícil medição.

Para isso é necessário se fazer um ajuste fino para que a cultivar possa ser aproveitada da melhor forma. Esse controle deve ser feito por uma pessoa que conheça bem o processo de uso das forrageiras. Alguns questionamento são importantes para servir de parâmetro de avaliação. Qual é a quantidade de animais que vão ocupar a área? Por quanto tempo esses animais vão ocupar o piquete X ou Y ? Caso este animais fique muito tempo pastejando num mesmo lugar o produtor incorrerá em dois erros. O primeiro é o estresse da planta e o outro é a resposta do bovino que tem relação direta com o item anterior. Só que podem acontecer situações onde por causa de um veranico de 20 ou 30 dias, muito comum de acontecer, e o produtor chega na hora de usar o piquete e este ainda não está pronto para receber o gado. Aí é que entra o ajuste fino falado anteriormente que precisa ser feito todos os dias e com muita atenção para que o gado possa suplementado até que o pasto restabeleça sua condição novamente.

A estrutura da planta e o seu valor nutricional estão relacionados com a quantidade de folha que o bovinos vai ingerir diariamente. Além da idade da planta que vai determinar a qualidade nutricional e de digestibilidade das sua fibra cada espécie possui um tipo de resposta. Essa diferenciação é que vai determinar por quanto tempo as reses devem ficar dentro do piquete, explica Patrícia Menezes do CNPPSE.

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