Pecuária

Reprodução: acelerando a evolução

Para se ter uma idéia, no ano passado, o volume total de sêmen comercializado no Brasil ficou perto de 7,5 milhões de doses. Estima-se que entre 5% e 7% das fêmeas, em idade reprodutiva, sejam inseminadas anualmente no País.

Hoje, uma dose de sêmen de um touro provado pode chegar a custar algumas centenas de reais, de acordo com a disponibilidade, as características do reprodutor, suas premiações, entre outros fatores. Porém, há também materiais de grande valor genético oferecidos pelas centrais de inseminação por preços que começam em menos de dez reais a dose.

O fato é que a injeção de genética hoje no mercado atua com um efeito multiplicador, já que os produtos destes cruzamentos acabam sendo utilizados em outros rebanhos. “Com a inseminação, o pecuarista também tem a possibilidade de classificar o rebanho enfatizando os pontos a serem melhorados. Pode trabalhar com touros que tragam as melhoras desejadas, o que é difícil de fazer com um touro de fazenda”, diz Antonio Aznar, produtor de leite, em Guaratinguetá, que mantém hoje a média de 2 lt/dia.

É fato que, nos dias de hoje, o processo de inseminação artificial está cada vez mais divulgado no mercado, ganhando adeptos e fortalecendo o crescimento de grandes empresas, que apostam neste processo. Segundo o vice-presidente da Lagoa da Serra, Lúcio Cornachini, o potencial de crescimento da inseminação no Brasil é enorme: “Apenas 7% das vacas em idade reprodutiva no Brasil são inseminadas. Isso comparado a países como Holanda e Estados Unidos, que no leite tem mais de 90% do rebanho inseminado é insignificante”.

Cornachini afirma que o custo da técnica hoje já é muito baixo, o que falta, na verdade, é informação. “O pequeno produtor pode se cotizar com os vizinhos e comprar o botijão em sociedade. A partir de 100 vacas, porém, o custo para se fazer a IA na fazenda sozinho já compensa largamente. O custo maior é do botijão, que tem vida útil de 15 anos e sai ao redor dos R$ 3.000. Ou seja, com uns R$ 4.500 dá para ter todo o material necessário, e ele vai ter à disposição apenas touros melhoradores, com bagagem genética bem superior aos que ele poderá utilizar no campo. O salto qualitativo é muito maior e mais rápido”, garante.

Preocupado com isso, a Lagoa da Serra vem desenvolvendo um trabalho de extensão, divulgando através de vários meios de comunicação a técnica e dando orientação e todo o suporte para quem quer entrar na técnica, não importando o tamanho da propriedade.

Segundo Jurandir Maues, gerente geral da Semex Brasil, atualmente o mercado tem grandes opções e disponibiliza do pequeno ao grande produtor uma gama de opções, entre elas, a de possuir um número maior de touros provados. “Além disso, o pecuarista sai ganhando em custo e benefício. Pois chega a se estimar que a inseminação artificial é de 30% mais barato que a monta natural, sem comentarmos nos ganhos genéticos e administrativos”, comenta o gerente de marketing da ABS Pecplan, Guilherme Marquez.

De acordo com o gerente, a inseminação artificial é a maneira mais correta e concreta de se produzir mais. E ele completa, “para os que resistem, o uso da inseminação artificial é simples. Apenas pensem acasalamento como uma atividade comercial. Inseminar por quê? Para se ter animais que possuem uma capacidade de produção maior que a de suas mães. Isso é lucro, é poder de produzir mais com menos”.

Para ele, é importante destacar também que o trabalho da inseminação, de certa forma obriga ao proprietário a gerenciar sua fazenda e acompanhar de perto os seus negócios. Há também uma necessidade de mão-de-obra e estrutura adequada. Além de manter a eficiente no manejo e cuidados sanitários com o rebanho.

Custo e Benefício

Um ponto de discussão ainda gerado no mercado é quanto ao custo hoje da inseminação. “Hoje os custos iniciais variam de R$ 2.500 a R$ 3.500, já contando todos os acessórios para o processo e uma certa quantidade de doses”, contabiliza Marquez.

Na opinião do criador Antonio Aznar, os custos da inseminação hoje são de certa forma ganhos futuros para o pecuarista. “O custo fica por conta do treinar mão-de-obra da fazenda para executar a tarefa. E com a utilização de genética de ponta, teremos melhores índices de produção e reprodução, animais mais longevos por serem selecionados com a genética superior acarretando ganhos ao pecuriasta com a consequente valorização do rebanho”, conclui o criador.

“Na minha opinião a inseminação não será importante no futuro pois já é no presente, considerando a velocidade que os negócios caminham. Não tenho dúvida, que se não avançarmos na utilização das tecnologias colocadas à nossa disposição não poderemos almejar em sermos produtores profissionais”, argumenta Antonio Aznar.

De certa forma, as discussões se dividem, principalmente quando o assunto é custo. Para ele alguns pecuaristas procuram por um rápido retorno a um curto prazo.

A Monta Natural

Apesar da disseminação das técnicas de melhoramento genético, a maioria dos pecuaristas brasileiros ainda utiliza touro de campo na produção de animais. O produtor compra o touro, solta na “vacada” e confere os resultados. Sem a necessidade da utilização de tecnologia e custos.

De acordo com Luis Adriano Texeira, da Agropecuária CFM, a monta natural oferece a menor necessidade de mão-de-obra, maior eficiência na detecção de cio, pois é feita pelo touro de forma natural, não requer estrutura física da fazenda como curral, apenas as divisões normais de pasto da fazenda.

“Atualmente existem vários produtores de touros com avaliação genética, disponibilizando touros comprovadamente melhoradores a preços comerciais para que o produtor comercial consiga aumentar a sua produtividade (peso a desmama, peso abate, idade a puberdade das novilhas), sem nenhum, custo extra em relação a touros sem avaliação genética. A avaliação genética fornece as famosas DEPs – diferença esperada na progênie – que é uma predição do que os filhos daquele touro podem produzir a mais em relação a uma base de comparação”, diz.

De acordo com o representante da Agropecuária CFM, hoje o Ministério da Agricutlura – MAPA – tem 13 projetos pecuários de melhoramento e seleção aprovados e reconhecidos como melhoradores, que podem emitir um registro especial, o CEIP – Certificado Especial de Identificaçõa e Produção – que além de garantir a avaliação genética dos animais também garante que apenas os 30% melhores animais sejam comercializados como touro e os outros 70% vão pra o abate. “Isso é uma pressão de seleção muito grande e uma garantia ao produtor comercial que o investimento que ele esta fazendo no touro tenha retorno com a produção de animais mais precoces”.

Custo e Benefício

O único custo da monta natural, aponta Teixeira, é a aquisição do touro, que para os produtores comerciais fica ao redor de 2,5/3/3,2 bois gordos o que é totalmente compatível com a atividade pecuária. Como benefício, caso ele compre touros com avaliação genética e de preferência certificados pela MAPA como é o caso dos touros com CEIP, ele terá bezerros mais pesados na desmama ou no abate que pagam o investimento do touro e ainda sobra só com o aumento de produção durante a sua vida útil na fazenda.

“A inseminação é mais utilizada pelos pecuaristas de elite ou pelos produtores de touros, mas também é utilizada por alguns produtores comerciais com escala bem menor. Contudo, é muito difícil um criador usar 560 de inseminação, normalmente mesmo os produtores que utilizam a inseminação artificial tem alguns lotes de vacas que sempre são cobertas por touro em Monta Natural justamente pela facilidade da Monta Natural,” diz o representante da Agropecuária CFM.

Quando o assunto é custo, o pecuarista Daniel B. Marinho, da propriedade Ema Pantanal, de Curumbá/MT, lembra que os custos são muito variáveis de região para região, e depende também da eficiência reprodutiva do produtor, relação touro/vaca, taxa de prenhez, valor do touro, entre outros fatores. Em média se consideramos que um touro deixe 18 bezerros por ano e que trabalhe oito anos em média a um custo de aproximadamente 2.500,00 reais o custo do touro por bezerro produzido ficaria em aproximadamente 18,00 reais”, conclui o pecuarista.

O pecuarista lembra também que é muito difícil hoje generalizar a respeito da adoção de determinas tecnologias na pecuária, pois o Brasil tem o maior rebanho comercial do mundo e as condições são muito heterogênias, o que torna muito difícil prever o sistema de produção a longo prazo. “Particularmente acredito que tanto a monta natural como a inseminação artificial tem seu espaço no mercado e devem coexistir sempre, pois os produtores que tenham grandes rebanhos tendem a utilizar a inseminação nas melhores matrizes e o restante do gado deve ser utilizado monta natural, principalmente pela dificuldade de se realizar inseminação em grandes escalas. No caso dos pequenos e médios produtores acho mais fácil os pequenos partirem para a inseminação, a fim de agregar valor nos produtos produzidos, aumentando a margem de lucro”, ressalta o pecuarista, Daniel Marinho.

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