Pecuária

Irrigação: água para garantir bom pasto!

Dessa maneira, a deficiência hídrica nas áreas de pastagem constitui num sério limitante para o crescimento das espécies forrageiras, sobretudo, em regiões onde os períodos de estiagem são mais longos e as temperaturas mais elevadas. O resultado dessa redução no potencial forrageiro é apontado como a principal causa de perdas na produtividade e da elevação nos custos fixos da arroba para o produtor rural.

Por isso a irrigação artificial é um recurso cada vez mais utilizado nas fazendas de pecuária, principalmente, as que praticam a exploração intensiva da produção e que dependem de um abastecimento de forragem constante. Para tentar equacionar esse problema, o Centro de Pesquisa de Pecuária Sudeste (CPPSE), órgãos ligado a Embrapa, desenvolve um programa de controle sobre a quantidade de água presente nas áreas de cultivo como uma etapa importante no manejo hídrico das pastagens.

Joaquim Bartolomeu Rassini, pesquisador da unidade que fica localizada no município de São Carlos, SP, diz que é fundamental que o produtor saiba quanto e quando irrigar sua pastagem para evitar prejuízos com o desperdício de água. Segundo ele, em função da dificuldade de se implantar um programa de monitoramento da irrigação, em virtude da quantidade de cálculos e fórmulas que precisam ser utilizados, é muito comum o produtor praticar uma técnica que traz sérios prejuízos técnicos, econômicos e ao meio ambiente, que é a irrigação pré-determinada. “Ou seja, cada 3, 4, 5 dias, sem chuva, o produtor usa uma determinada quantidade de água. Agindo assim ele não estará levando em consideração nem os fatores climáticos tão pouco os fatores ligados ao solo”, destaca.

A principal conseqüência da falta de planejamento e da carência de o produtor fazer um projeto de irrigação, é que o Brasil possui uma das irrigações mais caras do mundo. “É muito comum se ouvir que para se irrigar é preciso no mínimo dobra a produção, senão não paga o custo”, enfatiza o pesquisador, que vai além. “Irrigar é uma pratica agrícola igual a qualquer outra, como corrigir solo, aplicar adubos e fertilizantes e depende de critérios técnicos para funcionar de forma adequada”.

Um outro erro bastante comum é quando se usa a irrigação e a produção se mantém igual ou próxima a produção em condição de sequeiro. “Quando é feita a irrigação pré-determinada o produtor pratica faz os dois erros capitais da irrigação que é a superirrigação e a subirrigação, não permitindo com que a planta poça expressar todo o seu potencial produtivo”. Quando o produtor tem um projeto de irrigação bem planejado que considera todos os aspectos que envolvem sua implantação os resultados são positivos. A irrigação é uma tecnologia final que vem depois que todo o restante já foi feito. Por isso, é fundamental que a escolha da semente, a correção e adubação do solo, sejam considerados.

Um segundo passo é saber que tipo de solo o produtor tem na propriedade. Cerca de 80% dos solos agricultáveis do país, são de formação argilosa (textura média) e tem uma capacidade de reter água entre 13% e 15%. Por isso, a analise física do terreno é fundamental para se estabelecer o manejo de irrigação – Quando e Quanto Irrigar – e definir o sistema de irrigação mais apropriado para a fazenda. Em sistemas de solos mais argilosos a quantidade de absorção de água pode chegar a 30 mm, dependendo do sistema de irrigação. Isso pode significar até duas aplicações de água seguidas, enquanto que em solo arenosos de baixa capacidade de retenção, a quantidade média de água é de 10 mm. Uma irrigação é bem feita quando depois de feito o processo a área não fica alagada. O manejo da irrigação desenvolvido na Embrapa utiliza seis espécies diferentes de pastagens no sistema exploratório é o que nós verificamos que quando a diferença entre a evapotranspiração – evaporação do solo mais a transpiração da planta – durante um período atingir de 20 mm a 30 mm, está na hora de irrigar. Existem caso que está irrigação é feita com as medições na casa dos 4mm, 5 mm, sendo que a média do estado de São Paulo é 7 mm.

Outro estudo realizado, nos campos experimentais da unidade, com diferentes tipos de forrageiras tropicais, constataram que, a utilização apenas da adubação nitrogenada, não é suficiente para elevar a produção das pastagens. Outra constatação feita pelos pesquisadores é que nas áreas onde só foi usada a irrigação a produção chegou a dobrar. Agora, nas áreas onde a água foi usada em conjunto com o nitrogênio, a produção de matéria seca cresceu de cinco até oito vezes.

Conhecer o equipamento é importante

Conhecer o funcionamento do equipamento de irrigação é condição fundamental para se obter melhores resultados com a tecnologia. Fernando Campos Mendonça, pesquisador do CNPPSE Embrapa, aponta a falta de conhecimento sobre o funcionamento dos sistemas de irrigação como o principal gargalo para o uso da tecnologia. O modelo de equipamento de irrigação por aspersão convencional, aspersão em malha e pivô central são os mais utilizados na formação de pastagem. O equipamento é formado por um conjunto de moto-bomba que pode ser elétrico ou movido a diesel e uma tubulação que também pode ser em linha principal de aspersores e/ou linhas laterais.

Mendonça diz, que o sistema de irrigação por aspersão em malha é semelhante à aspersão convencional, mas apresentam três diferenças básicas: a presença de linhas de derivação entre a linha principal e as linhas laterais; as linhas laterais são chamadas de “malhas”, pois são constituídas por um conjunto de conexões e tubos com as duas extremidades ligadas à linha principal ou à linha de derivação, com apenas um aspersor por malha.

Já o pivô central também tem linha principal e linha lateral, porém, esta última fica suspensa do chão, em torres que se movem pela área irrigada, em movimento circular. O ponto central da área irrigada, de onde parte a linha lateral, é chamado de “ponto do pivô”. Os sistemas de irrigação por aspersão são equipamentos mecanizados e, como tal, necessitam manutenção periódica, enfatiza o pesquisador. Isto pode ser feito por técnicos e empresas, especializados no assunto. Mendonça diz ainda que tal como ocorre na saúde humana, a manutenção preventiva geralmente tem menor custo que a curativa. Portanto, após a constatação do defeito, alguns problemas podem, inclusive, requerer a paralisação completa do sistema de irrigação, que geralmente ocorre em períodos de uso intenso e maior necessidade de água pelas plantas. “Basicamente, deve-se verificar o funcionamento do sistema elétrico (fiação, painel, motores, dispositivos de movimentação e de proteção) e mecânico (engrenagens, selos de bombas, lubrificação, rodas, estruturas metálicas, tubulações e aspersores)”.

Um dos maiores problemas verificados na irrigação por aspersão é a inexistência ou inadequação de projetos. Há muitos sistemas de irrigação montados sem projeto, muitas vezes copiando projetos de propriedades vizinhas. Em alguns casos, os sistemas de irrigação são montados a partir de equipamentos pré-existentes na propriedade, sem o devido cuidado de fazer o cálculo hidráulico para verificar se atendem as necessidades do novo empreendimento. Em outros, o proprietário rural simplesmente compra o equipamento que lhe oferecem sem questionar se é o melhor para suas necessidades.

O pesquisador do CNPPSE, diz, Por exemplo, que se um proprietário que adquire um sistema de irrigação com um conjunto moto-bomba de 15 cv (11 Kw), quando se poderia fazer um projeto bem dimensionado e com potência instalada de 10 cv ( 7,4 Kw). Nessa situação há um consumo desnecessário de 5 cv (3,6 Kw) a cada hora de funcionamento, ou 3,6 Kw/h. O preço do Kw/h gira em torno de R$ 0,22 e, portanto, o consumo excessivo gera um gasto adicional de R$ 0,81 por hora. ´´Considerando um sistema de irrigação que trabalha 6 horas/dia e 60 dias/ano, tem-se um gasto extra e desnecessário de R$ 291,46/ano. Como um sistema de irrigação é projetado para durar cerca de dez anos, o gasto desnecessário ao fim desse período será de R$ 2914,60, que daria perfeitamente para custear 1 a 2 hectares a mais, com aumento de receita para o produtor“. ´´E há situações muito piores do que a apresentada“, conclui.

FERTIRRIGAÇÃO DE PASTAGENS:

A fertirrigação é a técnica de aplicação de fertilizantes misturados à água de irrigação. Sendo assim, as principais vantagens da fertirrigação são: Redução do custo de aplicação, pois não há necessidade de trator para a adubação; Incorporação do fertilizante ao solo, junto com a água aplicada; Aumento da eficiência de adubação e do uso de nutrientes móveis, se a aplicação for feita de modo adequado; Redução do custo de mão-de-obra empregada na atividade de adubação.

No entanto, o modelo deve seguir alguns critérios técnico como a distribuição do fertilizante acompanhando a distribuição da água. Segundo Fernando Campos Mendonça, da Embrapa Pecuária Sudeste, se o sistema de irrigação não apresentar boa uniformidade de distribuição de água, também não apresentará boa distribuição de fertilizantes. O desconhecimento da técnica pode levar o produtor a utilizar fertilizantes muito caros, que podem reduzir sua rentabilidade, ou fertilizantes que contêm elementos químicos prejudiciais ao sistema de irrigação (Ex.: ferro); O desconhecimento da qualidade da água de irrigação pode levar a problemas de entupimento de tubulações, devido a reações químicas entre água e fertilizantes, com formação de partículas sólidas insolúveis (precipitados).

Os principais fertilizantes utilizados na fertirrigação são os que contêm nitrogênio (N) e potássio (K). Entre os nitrogenados, os mais utilizados são a uréia, o sulfato de amônio e o nitrato de amônio. Entre os potássicos, o mais utilizado é o cloreto de potássio branco (sem ferro). Para a utilização adequada da técnica, o produtor deve sempre consultar um engenheiro agrônomo ou engenheiro agrícola, que poderá orientá-lo sobre os detalhes e os cuidados necessários à boa utilização da fertirrigação.

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