Agricultura

Cultura é mais suscetível às pragas e doenças

A fonte das informações é outro ponto relevante de sucesso no manejo do algodão, principalmente no tocante ao manejo de insetos, a qualidade das informações assegura decisões acertadas e resultados eficientes.

No sistema de plantio direto (SPD) essas informações vão além da cultura em destaque, mas na cultura que o antecede, o histórico de acontecimento de insetos (benéficos e pragas) comuns na cobertura vegetal e no algodão pode auxiliar na antecipação das soluções de eventuais problemas. A biodiversidade gerada pelo SPD é o ponto fundamental que poderá auxiliar no equilíbrio entre agentes benéficos e prejudiciais da cultura do algodoeiro, mas isso só poderá ser usufruída quando existe um manejo integrado de pragas que utilize produtos que mantenham o balanço entre os insetos na área.

O técnico e consultor agrícola Evaldo Kazushi Takizawa explica que os procedimentos de manejo de pragas devem obedecer a uma metodologia consagrada em diversos locais de cultivo do algodoeiro, inventar novos métodos sem alicerces confiáveis e base técnica expõe o agricultor a riscos desnecessários: “A falta de movimentos no solo no sistema de plantio direto e, conseqüentemente, não havendo um controle físico de pragas que habitam o solo, cria a necessidade de métodos diferentes em relação à semeadura convencional para lidar com populações que eventualmente poderão vir a representar dano ao algodoeiro”, acrescenta.

Takizawa afirma ainda que o planejamento é o único instrumento para nortear os procedimentos e organizar as operações no momento em que muitos cuidados acontecem simultaneamente, além de auxiliar também na hierarquização da distribuição dos trabalhos. No SPD o conceito de “vazio sanitário” ou ausência de qualquer tipo de hospedeiro de pragas deverá fazer parte do planejamento, na semeadura convencional isso ocorre naturalmente e não é destacada como medida sanitária fundamental para sucesso da implantação do algodão. “Esse período livre de plantas hospedeiras evitará que no momento da semeadura não existam gerações de pragas em desenvolvimento. No Brasil não existe o conceito de culturas de refúgio e manejo de pragas no refúgio que poderá ser uma solução para evitar que na semeadura tenhamos pragas na segunda ou terceira geração”.

A execução é o próximo passo do manejo, o cumprimento efetivo de uma tarefa dentro do calendário estipulado é o ponto forte do sucesso de uma operação como o controle de pragas, principalmente para eficácia de qualquer intervenção química. Quando se agregam novas operações no SPD, como exemplo a semeadura, controle de invasoras, pragas e dessecação da cobertura vegetal, para a execução são requeridas mais equipamentos e recursos humanos capacitados no gerenciamento das atividades. A execução dos procedimentos de controle no SPD em relação ao sistema convencional ou de cultivo mínimo não diferem na forma, portanto para as pragas não se alteram os níveis populacionais para determinação de uma intervenção química.

No SPD os monitoramentos da fauna residentes durante todo o ano são destacados como essencial para tomada de decisão, muitos indivíduos comuns podem prejudicar ou beneficiar o algodão, o sentido no qual flutuará cada uma dessas populações determinará os procedimentos. A análise da dinâmica de populações de insetos com a biologia de cada uma delas requer maior capacitação dos monitores, pois o padrão de comportamento e o exame criterioso dos insetos são a base decisória para controle de insetos, quando existem mais culturas (cobertura vegetal do SPD) torna-se mais complexa o estudo. Os aspectos que deverão ser observados nas culturas anteriores são os registros das pragas, principalmente daquelas de hábitos polífagos como as pragas de solo (lagarta elasmo, percevejo castanho, coro, lagarta rosca, etc), lagarta Spodoptera e percevejos. O registro do ataque destes insetos na cultura de rotação servirão para elaboração de uma estratégia de controle na cultura do algodão que se pretende semear. A riqueza da informação será diretamente proporcional ao sucesso da estratégia.

O controle de pragas no SPD temos que considerar que qualquer tipo de agricultura extensiva mesmo que no SPD já é algo anormal em relação a um ecossistema natural, portanto o aparecimento de pragas é quase inevitável. Em suma, sem detalhes, o rol de pragas no SPD são as mesmas que ocorrem no sistema convencional e as estratégias de manejo integrado de pragas são válidas para qualquer sistema adotado para a propriedade.

No sistema produtivo rural o agricultor não poderá analisar isoladamente cada cultura que pretende cultivar na sua propriedade, a associação de culturas poderá viabilizar seu negócio durante um longo tempo, mesmo que para isso tenha que optar por culturas de menor ganho. Uma demanda para mudança e redução da rejeição ao SPD está ligada à falta de conhecimento do manejo das águas pluviais, da palha, matéria orgânica, cobertura vegetal, da biologia do solo, fertilidade do solo e nutrição das plantas, manejo de plantas invasoras, semeadura, fisiologia da planta, manejo de pragas e doenças, manejo de restos culturais, rotação de cultura e acima de tudo a presença de especuladores que se utilizam dessa ignorância para colocar em prática de maneira insensata os pressupostos criados sem o embasamento científico necessário para mudança de um sistema de semeadura. No manejo de pragas do algodoeiro devemos visualizar vários prismas de análise, a própria cultura do algodão, a cultura de cobertura vegetal, a cultura que antecede e a cultura que sucede devem estar em harmonia só assim podemos concluir que há sucesso da atividade agrícola.

PLANTAS DANINHAS COMPETEM COM A CULTURA

Planta daninha pode ser definida como toda planta cujas vantagens não têm sido ainda descobertas ou como a planta que interfere com os objetivos do homem. Pesquisadores definem planta daninha como sendo a planta que cresce onde não é desejada. Assim, uma planta de mamona, por exemplo, é considerada planta daninha num plantio de algodão e vice versa.

As espécies daninhas podem germinar, crescer, desenvolver-se e reproduzir em condições ambientais pouco favoráveis, como em estresse hídrico, umidade excessiva, temperaturas pouco propícias, fertilidade desfavorável, elevada salinidade, acidez ou alcalinidade.

As plantas daninhas constituem-se, também, num problema sério para a agricultura porque se desenvolvem em condições semelhantes às das plantas cultivadas. Se as condições edafoclimáticas são propícias à lavoura, o são também para as espécies daninhas, mas, se as condições ambientais são antagônicas às espécies cultivadas, as espécies daninhas, por apresentarem elevado grau de adaptação, podem aí sobreviver e se perpetuar muito mais facilmente.

As plantas daninhas reduzem a produção das lavouras e aumentam seus custos de produção, mas podem, também, causar problemas de ordem social afetando a saúde, as residências, as áreas de recreação e a manutenção de áreas não cultivadas. Além desses aspectos, as plantas daninhas podem afetar a eficiência da terra, o controle de pragas e doenças, produtos agrícolas, o manejo da água na irrigação e a eficiência humana.

O algodoeiro, como qualquer planta cultivada, não se desenvolve de maneira isolada, mas com plantas de sua espécie e de espécies diferentes, em populações estreitamente espaçadas e intimamente relacionadas. Na fase de plântula, um espécime não altera o estabelecimento de outro da mesma ou de espécie diferente. A interferência de uma planta sobre outra se inicia quando a demanda, por um ou mais fatores de crescimento, é maior que o suprimento.

Denomina-se período crítico de competição o período no qual a presença de plantas daninhas reduz expressivamente o rendimento das plantas cultivadas. Trabalhando com algodão em regime de sequeiro, pesquisadores definiram o período crítico de competição entre as plantas daninhas e o algodoeiro no Estado de Minas Gerais. Para o cerrado do Triângulo Mineiro, o período crítico de competição é entre o plantio e a sexta semana após a emergência. No Norte de Minas, este período se configurou entre as quarta e oitava semanas após emergência.

A erradicação é um desafio e consiste na eliminação de todas as plantas e seus órgãos, inclusive das sementes. Este método é difícil de ser realizado, e só é economicamente viável em pequenas hortas e jardins, onde toda massa do solo (1,2m a 2m de profundidade) é removida ou peneirada; no caso de plantio extensivo de culturas é quase impossível o uso da erradicação, pois os custos seriam bastante elevados.

Já o controle é o método mais utilizado de combate de plantas daninhas na agricultura e consiste em interromper temporariamente o crescimento e o desenvolvimento das referidas plantas durante o ciclo da cultura, especialmente no período crítico de competição. Há várias formas de se fazer o controle:

Controle Mecânico – Este tipo de controle pode ser manual, através de cultivo a tração animal ou tratorizado.

Preparo do solo – O método pode se mostrar um eficiente meio de controle de plantas daninhas, podendo ser realizado com o solo seco ou úmido. O aspecto mais importante neste método é o uso correto do implemento a ser utilizado.

Controle à enxada – A enxada é um dos implementos mais utilizados no controle de plantas daninhas na cultura do algodoeiro, especialmente nos países e regiões pobres onde a mão-de-obra é abundante e os custos, baixos. No uso da enxada, os aspectos mais importantes a serem considerados são a profundidade do corte e a época da capina. A profundidade da capina deve ser o mais superficial possível, 3 cm no máximo, para não danificar as raízes do algodoeiro. A limpa superficial deverá ser iniciada logo que as plantas daninhas germinem, pois nesse estágio elas são mais susceptíveis ao controle, não sendo necessário aprofundar a operação.

Controle a Cultivador – O uso de cultivador ainda é o método mais utilizado na cotonicultura. Neste método, recomenda-se levar em consideração, também, a profundidade e a época de operação. Os cultivos devem ser concentrados no período crítico de competição e a operação deve ser iniciada após plantio, dependendo do grau de incidência e se prolongar até os sessenta dias da emergência. Semelhantemente ao processo manual, o agricultor cultivará superficialmente, não excedendo 3 cm de profundidade. Há evidências, na literatura, de que quanto mais amplo o espaçamento, menor a concentração de raízes em torno das plantas e maior o entrelaçamento de raízes nas entrelinhas. Espaçamentos mais largos cultivos mais rasos, portanto.

Controle Químico – Este tipo de controle é realizado através do uso de herbicidas que são produtos químicos que, aplicados em concentrações convenientes às plantas daninhas, matam ou retardam o seu crescimento em benefício das plantas cultivadas. É o método mais empregado na cotonicultura do cerrado. Os herbicidas podem constituir-se num insumo de grande eficiência no controle de plantas daninhas. A Figura 5 ilustra o efeito de herbicida na dessecação da cultura de cobertura no plantio direto em algodoeiro no cerrado goiano.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *