Segundo o gerente de produção da Jan de Wit, Marcelo Moraes, isso se dá através de um sistema de produção ecologicamente correto, proporcionando maior qualidade e durabilidade ao produto final. Marcelo afirma que a empresa contribui atualmente por 50% do mercado brasileiro, com uma produção mensal que varia entre 160 a 200 mil hastes.
A Jan de Wit vem expandindo sua participação no exterior com o incremento na qualidade das flores pós-colheita, com a decisão em aplicar o processo de ionização. Com esse sistema torna-se desnecessário o uso de produtos químicos não deixando resíduos, evitando assim a degradação do meio ambiente. Desde 1997, conta o gerente, a empresa vem optando pela substituição no uso de defensivos para sistemas mais ecológicos, exigidos pela União Européia, usando o processo químico apenas no banho.
As exportações direcionam-se para os Estados Unidos, atualmente o maior comprador de lírio do país. Portugal, Holanda e Emirados Árabes também são mercados expressivos para garantir um alta rendimento da balança comercial do setor. Marcelo Moraes declara que hoje, o mercado externo corresponde por 35% do lucro da empresa, e a intenção é de que essa porcentagem chegue a 70%. Moraes explica também que o mercado externo é mais rentável, entretanto é mais exigente, e boa parte do lucro fica com o frete.
O processo adotado pela empresa produtora de lírios é feito pelo Grupo Interozone, que desde 1992 desenvolve soluções tecnológicas para diferentes áreas. O oxigênio é utilizado como a principal matéria prima do sistema de ionização.
De acordo com Guilherme Benassi, da gerência de engenharia da Interozone, até hoje o investimento em pesquisa e desenvolvimento feito pelo Grupo no exterior, em conjunto com os mais conceituados centros acadêmicos e de pesquisa, ultrapassa a soma de US$1.500.000.
Benassi explica que a tecnologia consiste em equipamentos eletro-mecânicos, cuja função é a ativação controlada de uma proporção mínima de moléculas do oxigênio ambiente (oxigênio ativo). O processo faz a captação e quebra do oxigênio. Logo após ocorre a ionização e o gás volta a forma original. Esse gera reações pontuais de óxido -redução- que permite manter um ambiente livre de patógenos e odores desagradáveis.
A ionização protege contra ação fungicida e é eficaz no tratamento contra os efeitos do etileno, de acordo com o gerente de engenharia. Além disso ele afirma que foi comprovado o aumento da vida útil da flor. “Nas espécies conservadas, principalmente rosa, se conseguiu um aumento de 5 a 7 dias na conservação em câmara com sistema de oxigênio ionizado”, declara Guilherme Benassi.
O Lírio é uma planta de origem européia e do hemisfério norte-asiático, e é considerada uma das mais antigas do mundo. Uma espécie proveniente de regiões de clima frio rigorosamente adaptada ao nosso clima, graças a aplicações de tecnologia, especialmente no Brasil.
O gerente Marcelo Moraes conta que o bulbo é importado pela Jan de Wit é originário da Holanda, conservado durante 15 dias na câmara fria, e é nessa fase que ele cria raízes. O principal pólo de híbridos no Brasil é a cidade de Holambra, concentrando 6 produtores. No mundo o produto comercializado pelos holandeses, hoje, é considerado como o de melhor qualidade, em contrapartida o melhor preço fica com o lírio cultivado na Costa Rica.
Todas as espécies existentes hoje no mundo surgiram de vários cruzamentos entre si, dando origem a inúmeras variedades e cores, os chamados lírios híbridos. Os lírios pertencem à família Liliáceas e os principais grupos são os lírios orientais- caracterizados pelos que representam mais perfume e flores grandes; lírios asiáticos- com flores menores, quase sem perfume, mas com cores fortes e bem variadas; e o lírio longuiflorum – de flor grande, na cor branca e creme. Com exceção do lírio longuiflorum, os outros dois grupos apresentam tanto variedades para vaso como para corte.
O gerente da Jan de Wit explica que algumas características do mercado de flores favorecem o comércio de lírio em vaso aqui no país, tais como a maior demanda por flores de vaso em geral, por causa da dengue, a existência de novas espécies próprias para vasos (com tamanho menor) e também ao preço mais acessível do produto, resultado do grande volume de produção.
As plantas de vaso atingem cerca de 30 a 40 cm de altura e são geneticamente mais curtas, enquanto as de corte possuem maior diversidade e hastes mais longas, atingindo cerca de um metro de altura.
Por conta de características próprias de países de clima tropical surgem as limitações quanto a durabilidade, de acordo com Moraes. Ele explica que a planta na Europa chega a durar até 30 dias, mas aqui, devido a temperatura e a insolação a durabilidade varia de 7 a 15 dias.
O cultivo ornamental dos lírios atualmente ocorre em várias regiões do país, sendo o ponto principal da produção a região Sudeste, sobretudo os estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Moraes considera o negócio com flores ornamentais compensador, entretanto ele ressalta que o mercado está bastante competitivo. Para aqueles que estão iniciando nesse setor Marcelo aconselha que façam uma boa análise de todos os pontos da cadeia do que irá produzir, evitando assim possíveis prejuízos.