A empresa tem como missão viabilizar soluções para o desenvolvimento sustentável do espaço rural, com foco no agronegócio, por meio da geração, adaptação e transferência de conhecimentos e tecnologias, em benefício dos diversos segmentos da sociedade brasileira.
De acordo com o superintendente de pesquisa e desenvolvimento da unidade central da empresa, José Geraldo Eugênio De França, surgiram num momento oportuno para o agronegócio brasileiro já que, iniciaram suas atividades no despertar dos cursos de graduação voltados ao setor, nas principais universidades do país. Não por acaso um dos principais focos da empresa em seus 31 anos é a capacitação de mão de obra especializada. Apostando em cursos de especialização em parcerias com instituições de ensino no Brasil e no exterior.
Para ser uma das maiores instituições de pesquisa do mundo tropical, conta hoje com 8.619 empregados. O quadro de funcionários conta com 2.221 pesquisadores, desses 45% possui mestrado e 53% são doutores.
O resultado do investimento feito, segundo o superintendente, é que as commodities que mais tiveram pesquisas realizadas são aquelas que atualmente estão no topo do setor agrícola, como é o caso da soja e milho.
No início, a Embrapa se preocupou mais com o aumento da produtividade e redução dos custos da agropecuária. Eram essas as exigências da agricultura brasileira da década de 1970. No decorrer dos anos, a preservação do meio ambiente e a qualidade do produto final ao consumidor passam a ser fortes preocupações da Empresa, afirma o superintendente.
Eugênio De França afirma que a instituição é considerada a empresa de pesquisa líder no setor, e faz questão de ressaltar que só continuará ocupando essa posição caso os demais órgãos de pesquisa agrária, como as universidades, continuarem acompanhando seu desenvolvimento.
A Embrapa foi a instituição que mais registrou crescimento nos últimos tempos e obteve reconhecimento dentro e fora do país. Na área de cooperação internacional, a Empresa mantém 275 acordos de cooperação técnica com 56 países e 155 instituições de pesquisa internacionais, envolvendo principalmente a pesquisa em parceria. Para ajudar neste esforço o superintendente conta que, a Embrapa instalou nos Estados Unidos e na França, com apoio do Banco Mundial, laboratórios para o desenvolvimento de pesquisa em tecnologia de ponta. Esses laboratórios contam com as bases físicas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, em Washington, e da Agrópolis, na Universidade de Montpellier, na França. Ele explica que, “isso permite o acesso dos pesquisadores a mais alta tecnologia em áreas como recursos naturais, biotecnologia, informática e agricultura de precisão”.
Está sob sua coordenação o SNPA, Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária, formada por instituições públicas federais, estaduais, universidades, empresas privadas e fundações, que, de forma cooperada, realizam pesquisas nas diferentes áreas geográficas e campos do conhecimento científico.
O superintendente Eugênio De França conta que tecnologias geradas pelo SNPA mudaram a agricultura brasileira. Um dos vários exemplos, segundo ele, foi o conjunto de tecnologias para incorporação dos cerrados no sistema produtivo tornou a região responsável por 40% da produção brasileira de grãos, uma das maiores fronteiras agrícolas do mundo. Ele lembra também que a soja foi adaptada às condições brasileiras e hoje o País é o segundo produtor mundial, e a oferta de carne bovina e suína foi multiplicada por 3 vezes enquanto que a de frango aumentou 10 vezes.
Entre 1975, dois anos após a criação da Embrapa, e 2001, a produção brasileira dos cinco principais grãos (trigo, arroz, milho, soja e feijão) cresceu 148% com aumento de pouco mais de 34% na área plantada, e alta de 84% na produtividade. Considerando as últimas cinco safras – no conjunto das lavouras de algodão, arroz, feijão, milho, soja e trigo – as cultivares da Embrapa e as obtidas em parcerias ocuparam uma área equivalente a 44% do total cultivado no País.
Esforços governamentais de apoio à fruticultura brasileira puderam contar com a Embrapa. De 1994 a 2003, foram distribuídos mais de cinco milhões de propágulos (materiais de propagação vegetativa) – média anual de 527.625 unidades – de plantas frutíferas de abacaxi, acerola, banana, caju, coco, laranja, manga, pupunha, tangerina e uva, das melhores cultivares, garantindo a obtenção de produtos uniformes e de alta qualidade para atender às demandas do mercado importador de frutas. Eugênio De França ressalta ainda que a Embrapa conseguiu levar a fruticultura irrigada no nordeste brasileiro.
Além disso, programas de pesquisa específicos conseguiram organizar tecnologias e sistemas de produção para aumentar a eficiência da agricultura familiar e incorporar pequenos produtores no agronegócio, garantindo melhoria na sua renda e bem-estar.
É por intermédio de 37 Centros de Pesquisa, 3 Serviços e 11 Unidades Centrais, que a empresa atua, estando presente em quase todos os estados da federação. A Embrapa é o resultado dessas unidades, e de acordo com o superintendente, embora esse número seja consideravelmente grande já não atende a demanda pela prestação de serviço especializado, uma vez que a agricultura e a pecuária estão presentes em 5.600 municípios.
A Unidade de pesquisa Embrapa Gado de Corte, criada em 1974, é um dos exemplos do trabalho realizado nos centros de pesquisa da instituição. Segundo o chefe geral da unidade, Kepler Euclides Filho, a unidade está totalmente inserida no contexto da pecuária. Nos últimos 6 anos direcionou seu foco para a cadeia produtiva da carne bovina de corte, afirma Kepler.
Segundo o chefe geral a unidade tem como missão, “gerar, adaptar, promover e transferir conhecimento e tecnologia para o desenvolvimento sustentado do complexo produtivo nacional da carne bovina, em benefício da sociedade”, ele afirma.
Kepler conta que o centro de pesquisa mantém cooperação técnica com todo o SNPA e com instituições da Europa, América do Norte, Japão, Austrália e, especialmente, com aquelas de países da América do Sul. Mantém, ainda, integração, na área de ensino, com instituições de formação superior e escolas agrotécnicas, interagindo também com organizações e entidades diretamente ligadas a produtores rurais.
Para o cumprimento de sua missão e o alcance dos seus objetivos, seu geral afirma que a Embrapa Gado de Corte desenvolve ações nas áreas de pastagens; melhoramento genético, reprodução e manejo animal; nutrição animal; sanidade animal, e sócio-economia, difusão e transferência de tecnologia.
Trabalhos voltados à melhoria dos níveis de nutrição dos rebanhos e do seu padrão genético, à qualidade das pastagens e ao rastreamento dos animais muito contribuem para que o Brasil se apresente hoje como o maior exportador de carne bovina. O país assumiu, em 2003, o posto de maior exportador também de carne de frango.
Na área da agricultura a Embrapa Soja é uma das unidades de pesquisa da Empresa. Sua missão é viabilizar soluções tecnológicas competitivas para o desenvolvimento sustentável do agronegócio da soja por meio de geração, adaptação e transferência de conhecimentos e tecnologias, em benefício da sociedade.
Sua contribuição histórica ao agronegócio da soja no Brasil coloca a Embrapa Soja como referência mundial no desenvolvimento de tecnologias para a cultura em regiões tropicais. Entre suas contribuições estão os desenvolvimentos de cultivares adaptadas a regiões de baixas latitudes, o controle biológico de pragas, as técnicas de manejo e conservação do solo, entre outras.
A soja, cultura que dá ao Brasil a condição de segunda maior produção mundial, a Embrapa responde pelas variedades presentes em cerca de metade da área plantada. Na safra 2002/2003, foram colhidos 52 milhões de toneladas do grão. As cultivares da Embrapa respondem, ainda, por 41% da área plantada com arroz inundado, 80% com arroz de terra alta, 45% com feijão e 46% com trigo. A estimativa dos impactos econômicos gerados por cultivares da Embrapa em 2003 é de R$5,5 bilhões. Em 2003, foram licenciadas 463 mil toneladas de sementes, um aumento de 71,4% em relação ao ano anterior. Isso significou, também, um crescimento de 25% nos contratos e a arrecadação de 13,8% a mais de royalties da iniciativa privada.
O “Balanço Social 2003” da Embrapa aponta um lucro social de R$ 11,6 bilhões proporcionado pela pesquisa. A avaliação dos impactos econômicos de tecnologias analisa os benefícios que a pesquisa gera para os produtores e consumidores. Os benefícios estimados são decorrentes dos aumentos de produtividade, da redução dos custos de produção, da expansão da produção em novas áreas e da agregação de valor a produtos, calculados comparativamente a tecnologias usadas anteriormente.
O superintendente da unidade central da Embrapa considera importante ressaltar que embora o momento seja bastante agradável para a empresa a preocupação é de que não haja acomodação. Segundo ele, “é necessário que os seus trabalhos tornam-se cada vez mais agressivos para não ocorrer desgaste em toda a pesquisa realizada até hoje”. O objetivo é estarem sempre “avant-garde”, e nunca atrás de seu tempo. O país se profissionalizou no setor, e o campo acompanhou esse desenvolvimento.