Atualmente, quase o total desta produção é responsável pelo abastecimento de CEASAS (Centrais de Abastecimento), feiras livres e mercados, não só do estado de São Paulo, como também de outros estados.
Na região leste da cidade de São Paulo, o Cinturão Verde é formado pelos municípios de Arujá, Biritiba, Guararema, Mogi das Cruzes, Salesopólis, Santa Isabel e Suzano, entre outras cidades. Segundo o engenheiro agrônomo Roberto Teruo, da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI) de Mogi das Cruzes, na região há um grande destaque para a produção de flores, folhosas e maçarias (produtos vendidos em maço), tais como salsinha, cebolinha e coentro, entre outros. Ainda segundo ele, o município de Mogi e região é um dos maiores produtores de hortaliças e frutas do Brasil. A região é considerada a maior produtora nacional de cogumelos comestíveis, além de ser a capital do caqui e da nêspera.
O clima fresco e ameno, devido à alta altitude, favorece o desenvolvimento de verduras na região e garante uma maior qualidade nos produtos. Porém, há um problema que a região vem enfrentando nos últimos tempos por ser uma área de proteção de mananciais. A construção de reservatórios esta aumentando a umidade relativa do ar e com isso aumenta a proliferação de fungos e bactérias nas plantações. O clima está mais favorável a manifestação de doenças e os produtores estão tendo que enfrentar este problema.
De acordo com o representante da CATI, a produção de Mogi das Cruzes e região é destinada ao abastecimento da capital paulistana, Vale do Paraíba, baixada Santista e boa parte ao Rio de Janeiro. “Para a agricultura familiar a importância do cinturão verde é muito grande, pois a maioria dos produtores tem propriedades pequenas. Boa parte destas propriedades conduz a atividade em nível familiar ou com no mínimo dois empregados ”, ressalta Teruo.
Do outro lado da capital paulistana, na região oeste, o Cinturão Verde é composto por um total de 12 municípios, entre eles, de Ibiúna, Itapetininga, Piedade do Sul e Sorocaba. A região tem em torno de 3 mil propriedades, sendo que quase a totalidade delas também é pertencente a pequenos produtores. De acordo com dados da CATI de Sorocaba, cerca de 80% da produção regional é enviada para São Paulo e os 20% restantes são destinados ao mercado interno e para a região de Campinas.
Segundo Ernesto Noburo Uryu, assistente de direção e planejamento da área de Fitotecnia da entidade, as folhosas mais produzidas na região são: alface, repolho, couve flor e couve brócolos e escarola. Em relação a produção de hortigranjeiros, destaca-se produtos como a beterraba, cebola, alcachofra e o milho-verde. Abóboras e morangas são muito produzidos na cidade de Sarapuí.
No caso das frutas: a melância tem destaque na região da cidade de Capela do Alto e o morango na região de Piedade. Há uma grande produção também de caqui, nectarinas – pêssego e ameixas e uvas de mesa. As condições climáticas também são amenas. A região tem um inverno seco, chuva média de 900 a 1500 mm anuais e temperatura média de 21° C. O solo é característico de regiões montanhosas.
Um problema que o produtor rural do Cinturão Verde enfrenta, segundo Ernesto Uryu, é a falta de uma política agrícola e agrária. “Não há infra-estrutura de plantio, às vezes o produtor produz demais, às vezes produz de menos. Não há segurança para o produtor e com isso ele acaba sofrendo muitas perdas na produção”, destaca. Em relação a horticultura orgânica, a região do Cinturão Verde de São Paulo tem como produtos principais o alface, almeirão, cenoura, tomate, pepino, pimentão, brócolis, entre outros, segundo a AAO (Associação dos Agricultores Orgânicos). De acordo com a engenheira agrônoma/especialista em Tecnologias Ambientais e gerente da Associação, Araci Kamiyama, os produtores de orgânicos comercializam a produção em feiras ou através de cooperativas e distribuidoras que comercializam em redes de supermercados. Outras opções encontradas para a venda de orgânicos são a montagem de cestas – entregas em domicílio, lojas de produtos naturais e restaurantes. O número de agricultores associados a AAO que optaram pelo cultivo de orgânicos no Cinturão Verde é de aproximadamente 200 produtores.
Segundo Araci, não existe nenhum programa oficial para agricultores de orgânicos da região do Cinturão Verde. “O que existe são iniciativas regionais entre poder público e organizações de produtores. A feira do Parque Água Branca, por exemplo, é realizada com apoio da Secretaria da Agricultura, que cede o barracão para nossos agricultores. Há iniciativas como a do MAPA lançou também o Pró-Orgânico, com objetivos de apoiar a Agricultura Orgânica e do Banco do Brasil também tem linhas de crédito exclusivas”, explica.