Em 2004, a colheita da cevada teve início na segunda quinzena de outubro. No entanto, mais da metade da área plantada já foi colhida. Em termos de produção, o estado do Rio Grande do Sul se mantém como principal produtor. A área semeada no país neste ano foi de 146.000 hectares, sendo que 88.000 ha foram semeados em solo gaúcho. Em segundo lugar esteve o Paraná com uma área plantada de 57.000 ha semeados. Porém, a produção do cereal não foi restrita apenas a região sul do país. Na região do Cerrado, mais especificamente em Goiás, houve um total de área plantada de 1.400 hectares sob o sistema de irrigação com um rendimento variado entre 3.500 e 6.500 kg/ha. Segundo o técnico da Embrapa, houve um crescimento nacional da área plantada de 8% em relação a 2003, quando foram semeados 136 mil hectares com rendimento médio de 2.770 kg/ha.
Novos investimentos, como a produção de variedades adaptáveis a novas regiões, por exemplo, estão sendo desenvolvidos a fim de reduzir a dependência das importações deste cereal. Uma vez que, atualmente, o Brasil consome 1 milhão de toneladas de cevada por ano, mas importa cerca de 70% deste montante de países como a Argentina e a França. ” Para ser auto-suficiente em cevada e malte o Brasil precisaria triplicar a atual capacidade da industria de malte e pelo menos quadruplicar a atual produção. Isto quer dizer que o potencial para crescimento do complexo cevada-malte no Brasil é enorme”, garante Minella.
A cevada é um cereal de inverno que tem um ciclo do plantio à colheita que varia de 130 a 150 dias, de acordo com a época de semeadura, cultivar e região. Neste ano, as condições climáticas foram favoráveis de maneira geral a colheita de grãos com boa qualidade de tamanho, germinação e teor de proteínas de grãos. Foi esta qualificação, de acordo com o pesquisador, o que garantiu maior renda ao produtor de cevada.
Em ordem de importância econômica e social, este é o quinto grão com maior destaque mundial, ficando atrás somente do arroz, do milho, do trigo e da soja. No Brasil, quase 85% da cevada produzida é destinada a industrialização de malte, principal ingrediente para a fabricação de cerveja. Cerca de 7% é reservada para a produção de sementes e os 8% restantes são utilizados no preparo de rações para alimentação animal.
“A produção de cevada é controlada pela indústria de malte que contrata produtores fornecendo a semente de cultivares aprovadas e multiplicadas pela mesma. Considerando a capacidade atual da industria malteira, a demanda por cevada é de 420.000 toneladas/ano brutas, incluindo as quebras de beneficiamento e a quantidade necessária para semente”, acrescenta Minella.
Uma das vantagens que o produtor de cevada tem, em relação a grande maioria dos produtores de outras culturas, é o fato de ter sua produção já contratada pela indústria cervejeira antes mesmo do plantio. Porém, para isso é necessário atender o padrão de qualidade exigido por essas empresas. Conforme estabelecido na Portaria 691/96 do Ministério da Agricultura e Abastecimento, para ser comercializada para malte, a cevada deve atender os seguintes padrões de qualidade: teor de umidade de no máximo 13 %, poder germinativo de no mínimo 95 %, já o teor de proteínas deve ser de até 12 %. Os grãos avariados devem ser no máximo até 5 % e matérias estranhas e impurezas não devem ultrapassar 3 %. Atualmente, o cereal está sendo comercializado pelo valor de R$400,00 a tonelada.