Pecuária

Septagenária, em plena forma

Segundo José Olavo Borges Mendes, presidente da ABCZ, as melhorias feitas ao longo das décadas na organização da feira, foram muitas, inclusive na acomodação dos expositores e visitantes. Mendes lembra no princípio quando a feira ainda levava o título de Exposição Agro Pecuária do triângulo Mineiro, no extinto Prado da Misericórdia, a realidade era bastante diferente. Hoje, no moderno parque de exposições Fernando Costa, localizado na cidade Uberaba, MG, a estrutura montada para receber os visitantes cresceu na mesma proporção com que o evento ganhou projeção e isso graças ao empenho da equipe da ABCZ que não poupa esforços para que o evento cresça cada vez mais, ressalta o presidente. “Há 70 anos, a ExpoZebu indica os caminhos a serem tomados pela pecuária. É uma história de determinação, de uma experiência que compreende uma longa trajetória na evolução do gado zebu brasileiro”, conclui.

O rigor técnico na avaliação dos animais exposto em Uberaba, também é outro ponto que contribui para fazer desta premiação, um troféu bastante cobiçado pelos pecuaristas. Ao longo dos anos, passaram por Uberaba o melhor da genética zebu existente no Brasil. Os grandes campeões da feira ( machos e fêmeas), sofrem uma valorização muito grande no mercado, além de receber propostas das principais centrais de inseminação e de embriões do país. De acordo com Mendes, são esses animais que disseminam a semente melhoradora do zebu, multiplicando genética e produtividade nos mais variados rebanhos. “É na pista de exposição do parque Fernando Costa que o mundo atualiza seus conhecimento sobre o zebu”, fala. A partir deste ano entra em funcionamento um local onde pecuaristas, técnicos, pesquisadores e estudantes do Brasil e do exterior têm a oportunidade de conhecer o programa de Melhoramento Genético de Zebuínos (PMGZ) e suas ferramentas. A sala VIP como foi denominada é um local onde os esclarecimento técnicos a respeito dos processos de seleção são feitos pela equipe de suporte da ABCZ que, durante a ExpoZebu, oferece esse atendimento especial aos criadores.

No plano político, há 70 anos o palanque oficial da exposição, sempre foi um espaço bastante disputado por chefes de estado e representantes de diferentes entidades ligadas ao segmento agrícola nacional. Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, João Goulart, Castelo Branco, Emílio Garrastazú Médici, Ernesto Geisel, João Figueiredo, José Sarney, Fernando Collor de Mello e Fernando Henrique Cardoso, todos passaram por Uberaba pelo menos uma vez durante seus mandatos presidenciais. A ABCZ é hoje, considerada a maior associação classista do setor pecuário e a ExpoZebu, vem se tornando, ponto obrigatório de encontro de políticos, autoridades e representantes da classe rural, ressalta seu presidente. ” Aberta e atenta aos principais problemas do setor, a ABCZ sempre deixou clara sua posição de representante maior de uma classe interessada em aumentar e melhorar a produção de alimentos no país. Assim sendo, a ExpoZebu se transformou ao longo dos anos no principal palco para reivindicações do setor. Durante a abertura do evento a ABCZ atua como representante oficial dos produtores ao apresentar ao governo federal os problemas enfrentados no campo e sugerir medidas para solucioná-los”.

Cronologicamente, os registros da feira apontam para o ano de 1919, como sendo o início das atividades do “Herd Book” da raça zebu, sediado no triângulo mineiro, com o objetivo de assegurar a garantia de origem dos filhos dos animais importados da Índia. Esse trabalho se estendeu até meados de 1934, quando o evento passou a ser administrado pela Sociedade Rural do Triângulo Mineiro (SRTM). No ano seguinte, se deu a oficialização da Exposição Feira Agropecuária do Triângulo Mineiro. Em 1938 firma-se um acordo com o, ainda Ministério da Agricultura para execução dos primeiros registros genealógicos das raças bovinas de origem zebuína, em regime aberto para todo o território nacional. A partir daí, a SRTM começou a ter um controle mais rigoroso sobre o rebanho zebuíno, pois atuava como entidade com autonomia de cartório de registro de animais. Nelore, Nelore Mocho, Guzerá, Indubrasil, Gir, Gir Mocho, Cangayan e nos últimos ano o Brahman têm seus registros feitos pela ABCZ. Em 1951 a associação deu início as provas de ganho de peso começando a compor o que é hoje, o maior banco de dados sobre Bos índicos do mundo.

Segundo o presidente entre os anos de 1975 e 2002, a ABCZ construiu um banco de informações técnicas de mais de 1,5 milhão de animais de raças zebuínas inscritas nas provas zootécnicas. Por conta disso os leilões promovidos pela entidades passaram ser uma referência internacional para comercialização de bovinos de corte, leite e elite. “A área de cria recria e engorda nós já realizamos, aproximadamente 618 leilões”, observa. De lá para cá, Associação Brasileira dos Criadores de Zebu não parou mais de crescer. No ano de 2000, foi lançado o PAD, programa de Acasalamento Dirigido que tem como função dirigir de forma inteligente os cruzamentos, evitando assim problemas por diminuição da oferta de material genético no mercado, como a co-sanguinidade no rebanho. Este ano, as novidades da feira estão por conta do reconhecimento do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, MAPA, em conceder à ABCZ o título de certificado de animais zebuínos do Sisbov, Sistema de Identificação, Certificação e Rastreabilidade Bovina e Bubalina. O anúncio foi feio durante a abertura oficial da feira, no dia 3 de maio.

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