No ano passado, uma das variedades criadas pela equipe de pesquisa em que ele trabalha, a BRS 207, bateu o recorde nacional de produtividade. Foi em São Gotardo – MG, onde uma lavoura produziu 7,48 toneladas por hectare. “Eu sempre soube que o trigo era uma ótima opção para o Cerrado”, explica Vilela, que trabalha com desenvolvimento de variedades de trigo há 26 anos na Embrapa Cerrados.
“O trigo é importante por ser uma gramínea que rompe o ciclo de doenças e pragas de leguminosas, como a soja e o feijão, e hortaliças, como o tomate, a batata e a cenoura”, explica Vilela. Mas a rotação de culturas não é o único ponto a favor do trigo: o retorno econômico é sempre grande, quando os preços internacionais estão em alta. E ao que tudo indica, neste ano, a produção mundial vai ficar abaixo da previsão, o que favorece os preços.
A importação, responsável por pelo menos 50% do consumo de trigo no país, também vai ficar mais cara por causa da incidência da Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), outra vantagem para os produtores nacionais. As variedades do cerrado, além de altas rentabilidades, têm também qualidade para competir com o trigo que, atualmente, é importado principalmente da Argentina.
O trigo do Cerrado é o primeiro colhido no Brasil e, por isso, alcança melhores preços que o da região Sul, ainda a maior produtora do país. Ao contrário das plantações do Sul, as do Cerrado têm fácil manejo, sofrendo pouco ataque de pragas e doenças. E, de quebra, o trigo deixa uma excelente palhada para o plantio direto.
Além dessas vantagens, moinhos de vários Estados fazem contratos antecipados de compra de safra com produtores. Informações podem ser obtidas na Associação Brasileira da Indústria de Trigo – Abitrigo.
A compra de sementes
Para o produtor que tem interesse em plantar trigo no Cerrado, é melhor se apressar. Algumas empresas e cooperativas fornecedoras já apontam para o fim da variedade BRS 207. Além dessa, Vilela aponta outras sementes desenvolvidas pela Embrapa: a Embrapa 22, a Embrapa 42 e a BRS 210 que, em breve, também poderão faltar.
Todas têm alta qualidade de panificação, especialmente a Embrapa 42 e a Embrapa 22, que possuem grande força de glúten. O rendimento da Embrapa 42 chega a 6,2 t/ha, e o da Embrapa 22, a 5,5 t/ha. Essas são variedades de ciclo curto, ideais para quem vai plantar um pouco mais tarde (o plantio começa em 10 de abril e vai até meados de maio).
A BRS 210 alcança 5,5 t/ha com igual força de glúten. A BRS 207 compensa sua menor força de glúten com a produtividade de mais de 7 t/ha. Essas duas variedades têm ciclo maior e, por isso, o produtor interessado deve procurar por elas desde já.
Todas as variedades são indicadas para regiões altas de Cerrado nos Estados de GO, MT, BA e MG, além do DF, exceto a Embrapa 42, que não é indicada para MG.
Vilela lembra que as variedades disponíveis para o Cerrado são satisfatórias, mas é necessário que o produtor atenda às indicações técnicas de manejo. Respeitar o calendário de plantio é o mais importante, para que o trigo não tome chuva antes da colheita e não perca sua qualidade. Mais informações podem ser obtidas pelo Serviço de Atendimento ao Cidadão da Embrapa Cerrados.