É uma perda de 6,1 milhões de toneladas e de R$ 4,071 bilhões aos produtores. Esses dados foram apresentados ontem pelo presidente da Comissão de Cereais, Fibras e Oleaginosas da CNA, Macel Caixeta, ao ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues. Caixeta argumentou ao ministro que a frustração na produção de soja comprova a necessidade de ser implantado urgentemente o sistema de seguro rural. O dirigente da CNA disse também que é necessário haver aumento do volume de recursos para o custeio da próxima safra, de forma a estimular a produção da cultura.
A soja é o principal item da pauta de exportações do agronegócio brasileiro, gerando receita de US$ 8,1 bilhões com vendas de grão, farelo e óleo no ano passado. Para 2004, devido à quebra na colheita, as exportações do setor devem ser de US$ 10 bilhões, já deduzida a perda de US$ 1,2 bilhão devido à quebra da colheita. Além da queda de produção e da redução da expectativa de exportação, os agricultores não estão sendo beneficiados pela valorização da commoditie no mercado internacional, disse Caixeta, devido ao desajuste entre oferta de crédito rural para a soja e a real demanda para o cultivo da cultura. Sem acesso ao crédito oficial em volume suficiente para o custeio da lavoura, os produtores firmaram contratos de financiamento de soja verde com operadores de mercado, por cerca de US$ 9 a saca. Esse valor significa prejuízo de US$ 5,5 por saca, quando comparados aos preços médios que agora estão sendo praticados no mercado internacional.
Caixeta argumentou que o agricultor brasileiro poderia estar vendendo o seu produto a preço médio maior se não tivesse encontrado nos contratos de soja verde a única forma de financiar o custeio da lavoura. Com o contrato de soja verde, o produtor prefixou o preço da soja, sem poder agora aproveitar o bom momento de preços no mercado internacional. Segundo o dirigente da CNA, com crédito rural em volumes suficientes para atender o custeio da cultura, a produção de soja seria alavancada, aumentando a renda no campo e gerando maiores volumes de divisas de exportação para o País.
As perdas dos produtores de soja tornam-se ainda maiores devido à ferrugem asiática, que atingiu lavouras de praticamente todas as regiões do Brasil, exigindo o aumento das aplicações de fungicidas, com custo que variou entre R$ 80 a R$ 120 por hectare. Caixeta explicou ao ministro que a elevação da demanda por fungicidas resultou na falta do defensivo no mercado, e que isso provocou aumentos de até 560 nos preços do produto nos últimos três meses.