Os dados foram divulgados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. O superávit do setor atingiu US$ 267 milhões no ano passado, contra US$ 157 milhões dos 12 meses anteriores. A meta do Brasil é elevar as vendas externas a US$ 1 bilhão até 2010. Para tanto, a cadeia produtiva da fruticultura e o governo vem investindo em programas de sanidade, de modernização do processo de produção e de marketing internacional.
Em volume, as exportações da fruticultura totalizaram 809 mil toneladas no ano passado. Isso representou um acréscimo de 21% sobre 2002, quando os embarques chegaram a 668,9 mil toneladas. Os principais destinos das frutas frescas brasileiras são os Países Baixos, Reino Unido, Argentina, Espanha, Estados Unidos, Uruguai, Portugal, Emirados Árabes, Alemanha e Canadá. O Brasil quer ampliar as vendas externas para os países asiáticos, Oriente Médio e Leste Europeu, entre outras regiões.
O setor hoje emprega mais de cinco milhões de pessoas e ocupa uma área de 3,4 milhões de hectares. Para cada US$ 10 mil investidos em fruticultura, é possível abrir três empregos diretos e dois indiretos. “Por seu potencial de geração empregos e renda, a fruticultura é Estratégica para o país”, diz o técnico Saulo Gonzáles de Desenvolvimento da Fruta (Profruta) do MAPA. “A produção de frutas permite obter um faturamento bruto entre R$ 1 mil e R$ 20 mil hectare”.
As exportações do setor foram puxadas por cinco cadeias positivas no ano passado. O segmento mangas liderou o ranking do comércio exterior da fruticultura, com vendas de US$ 73,4 milhões, o equivalente a 133,3 mil toneladas, no ano passado. Em comparação com 2002, esse resultado representa um acréscimo de 44% em divisas e de 29% em volume. Uvas, maçãs, mamões e laranjas também tiveram importante desempenho na pauta de exportações de frutas.
Nos últimos três anos, a balança comercial do setor vem acumulando resultados positivos. “Em 2001, o superávit foi de US$ 113 milhões e pulou para US$ 157, milhões em 2002. Ou seja, houve um aumento de US$ 44 milhões”, ressalta o gerente técnico da Central de Serviços de Exportações do Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf). Maurício Sá Ferraz. “Em 2003, com o saldo de US$ 267 milhões, a diferença em relação ao resultado de 2002 foi de US$ 110 milhões”.
Terceiro maior produtor mundial de frutas frescas, atrás da China e da Índia, o país produz cerca de 38 milhões de toneladas/ano. Apesar disso, as vendas externas da fruticultura brasileira correspondem a 1,6% em divisas e 2% em volume sobre as exportações mundiais do setor. No ranking do comércio da cadeia produtiva, o Brasil ocupa o 20º lugar entre os exportadores, num mercado que movimenta cerca de US$ 21 bilhões/ano, representando um consumo de quase 40 milhões de toneladas.
Como o mercado interno absorve em torno de 21 milhões de toneladas anuais, o excedente exportável do Brasil é de 17 milhões de toneladas. “Isso nos possibilita ampliar e muito nossas exportações, evitando desperdícios no setor e gerando mais empregos e renda, especialmente para agricultura familiar”, reforça Saulo Gonzáles. “Essa é uma atividade que requer mão-de-obra intensa e qualificada. Além disso, ela é fundamental para ajudar o homem no campo”.
Para impulsionar as exportações da fruticultura, o Brasil vêm intensificando as ações de sanidade. Com água em abundância, clima favorável e solo fértil, o país tem um potencial invejável para a produção de frutas de qualidade. Mas só isso não basta para ampliar mercados. Mas só isso não basta para ampliar mercados. Por isso, o governo e a cadeia produtiva estão investindo em programas de erradicação de pragas e doenças que ameaçam os pomares e modernização do processo de produção, tratamento, embalagens e armazenagem.
Produção Integrada
Uma das principais diretrizes da estratégia para elevar as exportações da fruticultura brasileira é a implantação do Sistema de Produção Integrada (PIF) – uma exigência de alguns mercados importadores, como os europeus. Esse sistema prevê o cultivo de fruta de alta qualidade e sanidade, seguindo normas de sustentabilidade ambiental, de segurança alimentar e de viabilidade econômica, mediante o uso de tecnologias não agressivas ao meio ambiente e ao homem.
“As frutas produzidas nesse sistema vão para o mercado com um selo de conformidade, atestado a sua qualidade e sanidade”, informa Saulo Gonzáles. Segundo ele, a PIF também permite o rastreamento do produto, o que dá maior segurança aos consumidores. Graças à adoção dessas normas, houve uma redução de 63,4% no uso de agro-químicos nos pomares brasileiros de manga, de 50% nos de mamão, de 32% nos de uva e de 30% nos de maçã.
Hoje, segundo o Profruta, o país conta com vários pólos de produção integrada de frutas. Entre eles, o de maçã no Rio Grande do Sul (RS) e Santa Catarina (SC), o de manga e uva na Bahia (BA) e Pernambuco (PE); o de mamão no Espírito Santo e BA; o de pêssego no RS, o de caju e melão no Rio Grande do Norte e no Ceará.
O MAPA e o setor privado também estão consistentes da necessidade de promover a qualidade e a necessidade das frutas frescas brasileiras no mercado mundial. Isso está sendo feito por intermédio do Brazilian Fruit – programa de marketing internacional desenvolvido pela Agência de Promoção de Exportações (Apex) do Brasil em parceria com o Ibraf. Entre outras ações, o Brazilian Furit prevê a participação da fruticultura nacional nas principais feiras mundiais do setor.
No ano passado, o Conselho Agro-negócio (Consagro) criou a Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Fruticultura – órgão consultivo voltado à discussão de propostas de políticas públicas para o setor. A instituição da câmara é outra ação do governo que visa fortalecer o segmento a fruticultura.