É assim que o peixe são considerados pelos médicos e pelos especialistas em alimentação. O peixe é uma excelente fonte de proteínas completas, ferro e outros minerais, além de conter os célebres ácidos graxos ômega-3. São eles os grandes responsáveis por grande parte da enorme lista de benefícios á saúde que traz. De acordo com estudos médicos e nutricionais, consumo regular de peixe diminui o desenvolvimento de doenças do coração e aterosclerose e, em idosos, diminui o risco de desenvolvimento do mal de Alzheimer e outros tipos de demência, ao reduzir a inflamação do cérebro e ajudar no desenvolvimento cerebral e na regeneração das células nervosas.
Provavelmente por motivos semelhantes, a carne de peixe proporciona um melhor desempenho acadêmico das crianças, ajuda aliviar os sintomas de depressão, como tristeza, ansiedade e problemas no sono. E tem mais: o peixe tem influência no controle da pressão arterial; colabora com a coagulação do sangue; alivia os sintomas da artrite reumatóide; e protege a pele contra raios UV e inflamações. Traduzindo: os peixes são mesmo campeões de saúde no que se refere á alimentação humana.
Mas no Brasil, o consumo de peixe é muito baixo: é de cerca é de cerca de 4,5 quilos per capita por ano, o que significa um mercado com potencial superior 600 mil toneladas de peixe/ano. Em países mais desenvolvidos, média de consumo é de 44 quilos per capita/ano, isto é, quase dez vezes mais do que Brasil. Vários fatores contribuem para o baixo consumo de peixe pelos brasileiros: desconhecimento, dificuldade para ingerir o alimento por medo dos espinhos de algumas espécies, receios de envenenamento porque a carne do peixe é frágil e o preço, que é muito alto para o consumidor. Assim, o peixe é prato para ocasiões especiais.
O Frigorífico Mar & Terra, que está começando a funcionar em Itaporã, Município situado a 210 quilômetros de Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul, pretende reduzir o preconceito contra o consumo de carne de peixe, atacando algumas dessas restrições. Quando começar a produção comercial, o frigorífico produzirá basicamente filés, o que significa carne sem espinhos: vai comercializar peixe em embalagens com data de validade, reduzindo assim o risco de consumo de carne prejudicial á alimentação; sua produção é inteiramente baseada em piscicultura, o que significa que em médio e longo prazos o custo deverá baixar para consumidor final; e estará constantemente realizando campanhas de comunicação para que o consumidor tenha maiores informações sobre o produto.
O Frigorífico entrou em funcionamento em 29 de setembro. Inicialmente o abatedouro vai comercializar peixes nativos como pacu, piauçu, piraputanga e pintado (considerada a espécie mais nobre por sua carne saborosa e de qualidade), vendendo-os para os Estados de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Goiás, Mato Grosso e Tocantins. Com o crescimento das vendas é exportar as carnes para países do exterior como Estado Unidos e países da Europa, além do Japão.
Segundo o diretor-técnico do frigorífico Mar & Terra, engenheiro agrônomo e mestre em aquicultura João Campos, as quatro espécies de peixes que serão abatidas já estão sendo criadas em 160 hectares de lâminas d’ água disponíveis na fazenda Mar & Terra, distante 30 quilômetros de Itaporã. Pelo menos 400 mil peixes já estão sendo criados nos recipientes que contam com água tratada por sistema de decantação e controladas por aparelhos que medem a qualidade, inclusive a oxigenação.
Todo esse cuidado visa a melhoria futura na seleção genética das espécies que serão comercializadas. Todos os nossos peixes são oriundos de fazendas de piscicultura, explica Campos. Queremos mostrar que nem só de extrativismo vive o mercado de peixes no Brasil. Se mais indústrias passarem a comprar peixes produzidos, e não pescados, será um grande alívio para o Pantanal.
O fornecimento dos peixes será feito inicialmente para grandes redes de supermercados como Carrefour, Pão-de-Açúcar e Sonae, entre outras. O transporte da carne será feito através de caminhões, sendo que, na primeira etapa de comercialização só serão embarcadas espécies frescas e molhadas.
Com o início da produção haverá com certeza mudanças profundas no mercado pesqueiro de Mato Grosso do Sul e das regiões próximas, tanto no que refere á criação e produção, quanto á comercialização, beneficiando sobremaneira o consumidor, que terá um produto de melhor qualidade e mais barato.