Segundo José Frederico Modolin vice-presidente administrativo da Associação Brasileira de Criadores de Canchim (ABCCAN) e proprietário da Fazenda Paraíso, quem determina os caminhos de seleção para a evolução da raça é um conselho deliberativo da associação, que interage no sentido de estabelecer regras e padrões para o Canchim moderno.
As diretrizes que norteiam os trabalhos de seleção da raça Canchim nos dias de hoje, seguem uma tendência de evolução que é da pecuária brasileira de um modo geral.
A concorrência enfrentada pêlos criadores na hora de inserir seu produto no mercado, obriga o criador a adequar-se ao novo modelo de produção de carne, onde a palavra de ordem é maior rendimento em menor tempo. Segundo José Frederico Modolin vice-presidente administrativo da Associação Brasileira de Criadores de Canchim (ABCCAN) e proprietário da Fazenda Paraíso, quem determina os caminhos de seleção para a evolução da raça é um conselho deliberativo da associação, que interage no sentido de estabelecer regras e padrões para o Canchim moderno.
O trabalho de composição do padrão racial da raça Canchim hoje busca como modelo um animal de estatura mediana, que apresente precocidade sexual, acabamento de carcaça com cobertura de gordura e adaptabilidade para ser criado nas diferentes condições de clima e pastagens pelo país. Adriano Machado, da Uma Agropecuária, explica que toda a seleção é realizada através de acasalamentos indicados pelos técnicos da associação. Um técnico visita a propriedade, olha cada animal individualmente, direciona cada vaca com seu touro, seleciona os touros com DEPs melhoradores e coloca as melhores vacas com os melhores touros.
Outro aspecto importante no projeto de seleção do Canchim moderno é quanto ao aumento de produtividade na produção de carne. De acordo com o proprietário da fazenda Calabilú Luiz Adelar Scheuer, para se conseguir êxito, o criador precisa priorizar alguns pontos no que se refere as características dos animais. Buscar um animal compacto, de frame score médio em torno de 6,5 cm, para evitar o consumo de energia pela produção de ossos, sendo preferível concentrar essa energia no aumento massa muscular e carne. Para Scheuer, buscar uma conformação que privilegia as carnes nobres, largura de lombo, culote, abertura do peito para facilitar a respiração, bom arqueamento de costelas, profundidade e comprimento do animal são pontos importantes e que devem ser privilegiados por qualquer criatórío.
A inseminação artificial é também uma ferramenta cada vez mais utilizada. Essa realidade começa a fazer parte do dia-a-dia dos criadores de Canchim, que sempre teve como principal mote a produção de touros para cobertura a campo. Segundo Adriano Machado, “a utilização da inseminação nas na vacada funciona como uma outra opção, que auxilia na aceleração do processo de multiplicação de qualidade”. Machado reitera que para os pequenos criadores a utilização desse processo “ainda é uma realidade um pouco distante, até mesmo porque, para uma propriedade de pequeno porte, com poucos animais não compensa economicamente”, conclui.
O mercado de inseminação artificial atende a dois públicos com interesses muito distintos dentro da raça. O primeiro é o de criadores que tem como objetivo a produção de carne, na sua grande maioria neloristas, que utilizam touros Canchim para produzir produtos 1/2 sangue, altamente produtivos. E o segundo de criadores selecionadores, que compram semen de touros tope da raça para compor seu plantei e assim disseminar a genética da raça pelo Brasil. Para José Modolin, “o que os criadores tem percebido é que a inseminação é uma técnica direcionada mais para a obtenção de animais com linhagens especiais”. Para Valentím Suchek, proprietário da Estância Canta Galo, de Itapetininga, SP, “no que se refere a cruzamento industrial, o Canchim tem uma qualidade muito boa, por possuir alta libido, e executar sua função de reprodutor a campo com ótimos resultados, possibilitando ao criador usar a monta natural e garantir maior rentabilidade no resultado final”, observa.
Hoje, a raça Canchim está procurando ampliar seu leque de opções ao mercado diversificando seus trabalhos de produção de animais para atender cada vez mais um número maior de possíveis criadores. O criador Wilson Gottardi proprietário da fazenda Palmares, localizada em Tatuí (SP), explica que o criador de Canchim não pode produzir touros apenas para comercializar dentro da raça, “o mercado pecuário tem hoje muitas vertentes para explorar, por isso, o criador deve potencializar seu negócio, garantindo maior rentabilidade” diz. Outro ponto que contribui para aumentar a abrangência de mercado é a adaptabilidade que a raça apresenta. Para Clidenor Sobral, mais conhecido como Marujo, da Agropecuária Zuca Sobral, “o fato do Canchim ser uma raça sintética que se adaptou perfeitamente as condições brasileiras, proporciona ao criador oferecer ao mercado um animal de custo relativamente baixo, e que apresenta resultados muito satisfatórios em menor tempo”.
O fato do animal Canchim possuir no sangue uma proporção maior de taurino (5/8) do que zebuíno (3/8), faz dela uma raça sintética com características de zebú, porém, com pré-disposição a desenvolver-se como gado europeu. Nesse sentido os criadores de Nelore que trabalham com cruzamento estão utilizando cada vez mais os touros Canchim na produção de animais 1/2 sangue, além da utilização do touro Canchim de campo em fêmeas F1 para produção do animal F2, ou tri-cross para produção de carne. De acordo com Luiz Scheuer, “o Nelore tem uma característica muito importante que é a rusticidade, só que esta sua eficiência se potencializa sendo usada como parceira uma raça que seja criada a campo, com facilidade de manejo, precoce e principalmente de fácil ganho de peso. Olhando por essa ótica, o Canchim é a raça que tem mais a oferecer nesta parceria”, conclui.
A pecuária moderna comporta hoje um número bastante grande de raças, que disputam seu espaço dentro de um mercado de produção de carne extremamente competitivo. Algumas dessas raças são concorrentes mais diretos do Canchim porque disputam um mesmo nicho de mercado. De acordo com proprietário da estância Canta Galo a diferença das raças taurinas de um modo geral com o Canchim é a imunidade a problemas típicos de clima tropical, como a ação de ecto e endo parasitas.