A notícia, que teve grande repercussão no Brasil é, de acordo com pesquisadores do IAC, totalmente infundada, já que o instituto, em parceria com o Grupo Matsuda, vem estudando o problema há muito tempo e já desenvolveu uma nova variedade, o Nanicão IAC 2001, indicada para todas as regiões do país, que apresenta-se totalmente resistente a sígatoka amarela e, dependendo do manejo, também apresenta boa resistência a sigatoka negra.
Existem divergências quanto ao fato de que a banana possa estar com os dias contados, conforme noticiado pela imprensa de todo o Brasil, recentemente, em função de uma declaração do pesquisador francês Émile Frison, condenando a fruta à extinção, devido a vulnerabilidade da fruta a diversas doenças, como as sigatokas negra e amarela. As pragas, realmente, existem, em todo os bananais do mundo, e comprometem também os bananais do País, mas, se depender do Grupo Matsuda, a banana nossa de cada dia continuará sendo uma das frutas mais requisitadas na mesa do brasileiro, pois a empresa, que é parceira do IAC (Instituto Agronômico de Campinas), desenvolveu em campos de teste, desde 1995, uma variedade chamada Nanicão IAC 2001, espécie de “parente” da popular banana Nanica.
Desde 2002, a Matsuda Sementes e Nutrição Animal começou a comercializar mudinhas da nova cultivar, para todo o mercado nacional, a partir de sua unidade sede em Álvares Machado, no interior de São Paulo. Entre as principais características da nova banana, está o peso médio de seus cachos, que chegam a 35,7 kg, produzindo até 11 pencas, cada um. A textura da casca da fruta é macia e espessa, de coloração amarelo-clara, sendo que a polpa é pouco farinácea, e de cor levemente creme, cujo paladar é menos adocicado que a do Nanícão comum, bem como o seu aroma, que também é menos intenso. Outras características da Nanicão IAC 2001, que valem a pena serem ressaltadas, são o seu tempo de prateleira, que vai de 4 a 5 dias a mais do que o do Nanicão comum, com teor de vitamina C três vezes maior, oferecendo, assim, melhor digestibilidade para o consumo humano.
Símbolo nacional
O País é o segundo maior produtor de bananas do mundo, ficando atrás apenas da Índia. São produzidas no Brasil cerca de 5,5 milhões de toneladas/ano e, desse total, 99% é destinado ao mercado interno. “Trata-se de uma fonte de alimento de grande impor importância para o brasileiro, principalmente nas regiões Norte e Nordeste” que a tem como fonte de amido, destaca o engenheiro agrônomo Raul Moreira, pesquisador aposentado do IAC (Instituto Agronômico de Campinas) e um dos pais da seleção de materiais que deu origem a Nanicão IAC 2001.
Na sua opinião, a notícia sobre uma possível extinção da banana, devido ao ataque das sigatokas negra e amarela, é totalmente improcedente, pois o problema já é estudado no Brasil há décadas, com resultados obtidos muito promissores.
“De fato, os bananais brasileiros, principalmente da região Norte, estão comprometidos por causa dessas doenças”, comenta Moreira, salientando que tanto a sigatoka amarela quanto a negra, atacam as folhas da bananeira, secando-as e impedindo o seu desenvolvimento normal, acabando por matá-las por asfixia, já que sem as folhas, as plantas não podem respirar. “É como se elas perdessem os seus pulmões”, explica. Segundo o engenheiro agrônomo, a sigatoka amarela já existe no Brasil, desde 1954, e praticamente se espalhou por todo o país, mas pode ser mantida sob controle com fungicidas. Já a sigatoka negra, que chegou em 1998, pelo alto Rio Amazonas, já se alastrou por toda a região Norte do País, é muito mais violenta que a amarela, e para exterminá-la, são necessárias cerca de até 40 pulverizações de fungicidas, o que acaba inviabilizando, economicamente, a produção. “A solução do problema estava no desenvolvimento genético de uma variedade resistente a essas pragas, e foi o que fizemos”, salienta Dr. Moreira, e sabendo do problema há mais de 40 anos, e do quanto a fruta é importante para a mesa do brasileiro, os pesquisadores de instituições comprometidas com o melhoramento genético dos nossos produtos agrícolas, não ficaram de braços cruzados. Tanto que a variedade Nanicão IAC 2001, selecíonada em 1995, começou a ser multiplicada em várias áreas de testes, nos municípios de Paulínia, Jacupiranga, Pariquera-Açu e Presidente Prudente, por empresas parceiras do IAC, entre elas, o Grupo Matsuda. “O resultado não poderia ser melhor”, comemora o agrônomo, brincando que, “pelo menos enquanto não aparecerem novas doenças, yes, nós ainda vamos ter muita banana”.