Agricultura

Cultivo em crescimento

Defensor do PD, ele explica que o sistema, além de ser de grande importância para a agricultura, pois revolve pouco o solo, cresce muito no Brasil Central, com adaptação excelente da soja e do milho.

O pesquisador lembra, porém, que o cultivo do arroz em PD ainda é incipiente e trabalho de muitos experimentos, já que a cultura possui sistema radicular mais sensível e o PD aumenta a densidade do solo.

Os estudos começaram há três anos e os melhores resultados foram observados em áreas de chuvas, como o norte do Mato Grosso e o sul do Pará. Portanto, em regiões com veranico, a cultura fica mais arriscada. Ele explica que o crescimento radicular é o fator limitante do cultivo.

Sabe-se da pouca movimentação do solo com o PD, o que significa solo mais adensado. Como o sistema radicular do arroz é bastante sensível, deve crescer menos. Guimarães explica que não passa de 20 cm/30cm. “Em certas situações, fica confinado a 10 cm, quando esgota a reserva de água da camada superficial do solo e falta água restante”, afirma. Já em situações boas, o sistema radicular alcança 1,40 m.

A técnica a ser utilizada pelo produtor no PD do arroz começa com o semeio da cultura de massa, após a soja. Ele sugere milheto. No verão seguinte, o produtor desseca o milheto com herbicida dessecante (glifosato). E com a máquina própria para PD faz a semeadura na massa. A época de plantio ocorre quando as chuvas firmam, ou seja, final de outubro e início de novembro. No Maranhão e Piauí há ligeiro atraso e o plantio acontece em final de novembro.

O período de desenvolvimento da cultura depende da variedade que foi utilizada pelo produtor. A variedade Primavera, por exemplo, bastante usada no Brasil Central, possui ciclo de 105 dias. Já a Talento e a Bonança, 120 dias cada uma.

Como tratos culturais, Guimarães sugere o cuidado especial com a bruzone, doença determinada por fungo, que causa mancha nas folhas, e ataca a planta ao longo da vida.

A doença resulta também em problemas na emissão das panículas, ou seja, na emissão do cacho onde são produzidos os grãos. Ela causa a queima da base e prejudica o enchimento dos grãos. Convém lembrar que a doença é causada por uma pequena semente (esporo). Quando há chuva, a água da chuva leva o esporo. Quando cessa a chuva e os esporos ficam na planta acontece o início da doença.

Guimarães assegura que o combate deve ser preventivo, com o uso do fungicida triciclazole, na base de 250 g/ha, em duas pulverizações. A primeira, dez dias antes da emissão de panículas. E a segunda, na emissão de panículas quando não chove. Em situações de chuva, as pulverizações são dispensadas.

A adubação no PD de arroz deve ser feita tanto em plantio como em cobertura. No plantio, a sugestão do pesquisador é usar 300 kg/ha de formulado comercial 4-30-16. E na cobertura, aos 50 dias após a emergência. A dosagem é variável e depende do aspecto da cultura. O correto é utilizar de 30 a 50 kg de N (Nitrogênio) por ha. “O arroz depois da soja apresenta muito vigor, pois a soja deixa muito N”, assegura Guimarães.

Já para o controle das plantas daninhas, a recomendação é diferenciada para folhas estreitas e folhas largas. O combate para folhas estreitas é feito com aplicações de oxadiaxon, na base de 2 litros/ha de uma só vez, na pré-emergência. Para folhas largas, aplica-se 2-4-D, na base de um litro de uma só vez, após 35 dias de emergência das plantas.

Na fase inicial, a planta pode ser atacada também por cupins. O controle é feito por meio de aplicação de carbofuran nas sementes, na base de 1,5 litro por 100 kg de sementes. Trata-se, portanto, de um tratamento preventivo. A medida vale ainda para combate a cigarrinha das pastagens.

Guimarães explica que a colheita ocorre entre final de fevereiro ou começo de março, quando a área está então liberada para a semeadura da safrinha. A produtividade gira em torno de 4 mil kg/ha, a mesma obtida em plantio não-diretos. “O produtor precisa estar ciente da importância das condições climáticas favoráveis para o cultivo do arroz em plantio direto”, explica.

Na opinião dele, a variedade mais indicada é a Primavera, precoce, produtiva e com melhor qualidade de grãos. Mais: imediatamente após colhida pode ser comercializada, enquanto outras variedades exigem um ou dois meses para a maturidade.

Entusiasmado, explica que a tendência é de o PD do arroz aumente em Goiás e em outros Estados. Para isso, os técnicos da Embrapa trabalham com a raiz do arroz. Por exemplo, uma haste é acoplada na máquina de semear de plantio direto. Essa haste coloca 50% de adubo a 20 cm do solo e o sistema radicular é desviado para partes mais profundas do solo.

Portanto, 50% do adubo é depositado sobre a planta, para manter crescimento normal. E 50% na parte mais baixa, para induzir o aprofundamento do sistema radicular. Dessa forma, a perspectiva é de que no futuro o plantio seja mais fácil, já que o sistema radicular deve estar menos sensível.

Guimarães sugere a colheita quando a planta atingir 25% da umidade, para a variedade Primavera, e em torno de 20%, para outras variedades. Animado, defende o plantio direto como um método que mantém a sustentabilidade do sistema produtivo, em razão de solos menos expostos e as suas conseqüências.

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