Pecuária

Ajuda de “cabra bom”

Com esse conjunto de atividades integradas, as famílias terão condições de criar seus animais, mesmo em épocas de estiagem, podendo até vender o excedente, incrementando sua renda mensal.

Composto por quatro cabras e um bode, o núcleo caprino da raça Anglonubiana (produtora de leite e carne) será concedido no próximo dia 02, durante uma feira de agropecuária, às famílias que mantêm seus filhos na escola e fora do trabalho.

A rotina destas pessoas sofrerá mudanças positivas: a primeira vantagem diz respeito à segurança alimentar, uma vez que as crianças poderão ter acesso diário ao leite do animal de alto nível nutritivo – o que antes não fazia parte da realidade familiar. O segundo aspecto é a geração de renda – em um ano estima-se que a venda de leite, carne e pele do caprino possa implicar num acréscimo de R$ 70 mensais.

“Queremos proporcionar uma melhoria na qualidade da alimentação destas crianças que vivem em condições de subnutrição”, assegura o diretor da Pfizer Saúde Animal, empresa co-responsável pela implantação do programa, José Francisco Hintze Júnior.

Boas condições

O clima seco é ideal para este tipo de criação, pois não favorece o ataque de vermes e doenças, que se desenvolvem com maior intensidade nas épocas de chuva. A caatinga é uma vegetação rica em vitaminas, tendo relevante importância para a alimentação animal.

Adaptando-se em qualquer lugar, estes animais são indicados para criação também em pequenas áreas de terra, como se caracteriza a maioria das propriedades dos agricultores familiares do semi-árido, levando vantagem sobre o gado. No lugar onde se cria uma vaca, por exemplo, podem ser criadas até oito cabras e com muitas vantagens: caprinos bebem menos água e comem menos alimento, resultando em maior lucro.

Para se ter uma idéia, oito cabras podem render 18 crias e 224 kg de carne e uma renda de R$ 896,00 no período de um ano. O leite de cabra é mais forte, melhor para a saúde e mais caro. O cuidado que exige é menor, podendo qualquer integrante da família cuidar do animal. Normalmente, as crias nascem em meados de agosto, quando os pastos estão secos e o tempo, frio.

De acordo com o coordenador da equipe de agricultura familiar do MOC, Orlando Sampaio Freire de Melo, as cabras fazem parte da própria cultura da região. “A população daqui tem uma certa aptidão para a pecuária. A vida acontece desta forma”, afirma o técnico.

O processo envolvendo a implantação da caprinocultura será acompanhado de perto por técnicos. A assistência deve ser feita por um técnico agrícola capacitado pelo MOC e por meio de monitores da própria comunidade. Todas as famílias já participaram de cursos de capacitação e treinamento, nos quais aprenderam a planejar a propriedade, cuidados com os animais, produção de leite, abatimento de carnes, como construir cercas, obter remédios naturais e identificar doenças.

Trabalho reconhecido

O Movimento de Organização Comunitária (MOC) foi criado em 1967 e desde sua fundação direcionou sua atuação às populações menos favorecidas e discriminadas, da periferia urbana e de comunidades rurais. Atuando junto aos Sindicatos, o MOC também desenvolveu experiência de pequenos projetos econômicos, suscitando a criação de cooperativas. Foi reconhecida pela Unicef por sua atuação na erradicação do trabalho infantil e recebeu o prêmio Human Rights Award 2000, por parte da Body Shop (Inglaterra) e do Banco Mundial.

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