Pecuária

Estrutiocultura – no caminho do profissionalismo

“O segmento começa a ter reestruturação e busca o profissionalismo, exatamente o que não existia no início da criação de avestruzes no Brasil”. A afirmação é de Celso da costa Carrer, presidente da Associação dos Criadores de Avestruzes no Brasil (ACAB). Naqueles anos, as empresas visavam lucro em prazo rápido, o que dava margem a entrada de agentes especulativos. Hoje, o horizonte é de profissionalismo, com o segmento mais preparado e mais estruturado para o futuro.

Atualmente, o plantel brasileiro de avestruzes soma entre 50/60 mil aves, distribuídas pelo país, mas com concentração em certas áreas. Por exemplo, São Paulo, o Estado pioneiro na iniciativa, reúne entre 45% e 50% do plantel. O Nordeste, de 15% a 18%. O Centro-Oeste, entre 10% e 12%. E o restante, entre os demais Estados do Sul e do norte. O número de criadores oscila entre 700/800.

Na opinião de Carrer, o crescimento da atividade tem sido bastante animador. Ele lembra que há seis anos, os criadores não ultrapassavam uma dezena. A projeção para os próximos anos é de evolução anual em torno de 30% a 35%, com destaque para duas regiões: o Centro-Oeste e Nordeste. Ainda assim, o rebanho paulista deve manter médias mais altas do que o restante do país, ao longo dos próximos três/quatro anos.

O segmento vive um momento importante, em que se consolidam as cadeias de criação, abate e processamento. Os planos da ACAB, por exemplo, dividem-se em 70 grandes ramos de ação, sempre com o objetivo de cuidado ao adicionar a iniciativa, para que o crescimento seja racional.

Carrer explica que “o ideal é consolidar o elo produtivo. Muitos questionamentos ainda devem ser resolvidos, como o fato de o rebanho ainda ser pequeno para fazer mercado e o preço da carne ainda ser muito alto”.

Esses fatos impedem o marketing efetivo. “Para ultrapassar o marketing e acionar o consumo da carne, o preço é fundamental”, explica ele. Portanto, é preciso aumentar o rebanho, mas com crescimento sólido e viável. A iniciativa vinculada ao abate deve ser intensificada nos próximos anos.

Para isso, contribuem os planos da ACAB, cujas ações estão divididas em quatro áreas: políticas, administrativa, técnico-científica e marketing. Em cada uma delas, planejam-se cerca de 15 a 20 ações. Uma delas, por exemplo, é a realização da segunda exposição nacional, Amercavestruz 2002, paralela a Feicorte, no Centro de Exposição Imigrantes, entre 5 e 9 de junho.

O objetivo é divulgar o avestruz junto aos pecuaristas, público-alvo para os próximos anos. “A pecuária de corte está mais próximo do ideal no sentido de criação”, assegura Carrer. Lembra, porém, que o segmento carece de medidas normatizadoras, como o aguardo da publicação de portarias específicas.

Ele cita, especialmente, a portaria que regulamenta a criação, monitoramento sanitário, trânsito dos animais e registro e credenciamento de criadores. E também a portaria que regulamenta a importação e abate dos animais.

“O avestruz veio para ficar. Está provado que é uma alternativa na cadeia do agronegócio”, garante. Ele acredita que, durante os próximos cinco anos, o Brasil figurará entre os cinco maiores produtores de avestruz do mundo. Hoje, a liderança é da África do Sul, seguida pela Europa e estados Unidos.

Carrer aconselha aos interessados que busquem o maior número de informações possíveis, visitem vários criatórios e procuram criadores associados à ACAB. Explica que “avestruz não é máquina de fazer dinheiro. As aves devem ser criadas de maneira profissional”.

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