Como qualquer outra atividade o ato de fazer uma cerca também necessita de um bom planejamento. Isto porque, definir quais as atividades que serão realizadas naquela área e ainda se a cerca será definitiva ou provisória é a atitude mais básica do processo.
Em seguida, levantar os custos, o volume e o tipo de material necessário, são os passos finais. Segundo os especialistas no setor, hoje em dia, manter o velho costume de fazer com mão de obra barata e material (mourão, arame, etc) sem qualidade não é mais o melhor negócio. Isto porque o tempo de duração dela sempre fica menor.
Conforme explica o cerqueiro Celso Silva, da Gerdau, que tem ministrado cursos por todo o Brasil, a cerca básica é composta de cinco fios em espaçamento de 30 cm entre eles. A definição sobre ele ser liso ou farpado vai depender do relevo da área a ser cercada. Se for plana pode ser o liso; muito acidentada, farpado. O número de fios vai aumentar quando o tipo de animal a ser contido mudar. Para ovinos, por exemplo, passam a ser sete fios. Os mourões podem ser de maneira (preferencialmente tratada por autoclave), aço ou concreto.
Celso diz que atualmente já se recomenda a mistura de material fixador como, por exemplo, os cantos de cerca. Neste caso é melhor usar sempre a madeira e depois os mourões de aço. Para ele a vantagem deste mourão é que já vêm furados e também são mais resistentes. “O tempo de duração é maior porque o galvanizado vai além dos 20 nos. Já a madeira chega a 10 ou 12 anos”, ressalta. ele acrescenta que no caso de regiões que têm problemas com queimadas, muitas cercas caem porque os mourões de madeira pegam fogo. Outro item a favor do aço é que ele não vai sofrer danos por intempéries ou a ação de cupim e outros insetos.
O cerqueiro diz que em uma cerca de 800 metros deve se colocar no centro um esticador e a cada 100 metros um repique de madeira. Segundo ele muito têm utilizado o mourão de concreto para fazer de intermediário, mas ele diz que este tipo de mourão tem suas técnicas específicas de uso já que pelo seu peso, precisa estar mais firme que os outros. Em termos de custo Celso diz que em sua região, Bauru, SP, os cerqueiros estão cobrando em torno de R$ 0,80 o metro. Se for usado o mourão de aço o valor cai para metade.
Para o gerente de marketing da Belgo Bekaert, Rodrigo Carrara, o segredo de uma boa cerca está na fixação dos cantos porque ele é a base de tudo. Fixar bem o palanque mestre e o contramestre, por exemplo, é que vai dar segurança para todo o resto. “Não dá mais para fugir. Mesmo no fazer uma cerca, já existe uma tecnologia, com ferramentas r materiais adequados”, comenta. Rodrigo diz que em muitas regiões, as questões culturais são muito fortes o que acaba por impedir o uso destas novas tecnologias.
Neste item ele menciona um cuidado muito importante. Usar sempre o fio, grampo ou qualquer outro material com o maior índice de galvanização existente. Segundo ele, muitas vezes o investimento em uma cerca é considerável, por isto tem que ser bem feita, e com material de qualidade. Uma outra dica é com relação ao último fio. É preciso de áreas observar se ele não vai ficar em local alagadiço ou próximo de áreas de agricultura. “Os herbicidas ou uréia são produtos que vão provocando danos aos fios”, lembra.
Com a experiência de quem promove cerca de 20 cursos de armador por mês, Carrara diz que uma boa cerca, feita com mão de obra que conhece, consegue diminuir bastante o custo final. “Porque em uma cerca, 35% do custo é com a madeira, 30% mão de obra e 35% com arame e outros acessórios,” relata.
Cerca elétrica – A desconfiança com o uso da cerca elétrica já caiu. A cada ano aumenta o número de pecuaristas que adotam esta tecnologia como forma de subdivisão dos piquetes, por causa de seu baixo custo e também da facilidade de manuseio. Segundo o gerente de vendas da Walnur Instrumentos Veterinários, Dario Solassi, o norte e o nordeste do país são hoje um novo pólo de comercialização deste produto. Conforme diz, muitos estão utilizando para a criação de cabras e ovelhas. Dario afirma que quando esta tecnologia apareceu no Brasil, os aparelhos eram de simples, de fraca potência e não se conseguia utilizar para grandes áreas. Hoje, com a evolução e o crescimento no uso, novos aparelhos foram surgindo e melhorando as condições de aplicação. “Agora já temos condições de aplicações de aumentar a distância entre o aparelho e seus pontos”, comenta.
O gerente informa que uma cerca elétrica deve utilizar um fio quando o gado é adulto e já conhece o efeito que ela produz. Quando se mistura com gado jovem, é melhor que se coloquem no mínimo dois fios, a fim de evitar que os bezerros ultrapassem a cerca. Para se fazer o processo de “educação” do gado, precisa que se coloque os animais em uma área pequena com mais de 2 fios, com um aparelho de alta voltagem. Depois de dois ou três dias o animal já está acostumado. Dario lembra que para o caso de usar com animais pequenos, tipo ovelhas e cabras, é sempre melhor colocar uns quatro fios, a fim de evitar a fuga. “São animais que costuma passar a cerca”, comenta.
Também no caso da cerca elétrica, Dario diz que é sempre recomendável fazer o planejamento. Isto significa pensar em quantos potreiros ele quer subdividir, quantos metros de cerca elétrica ele quer fazer, para poder saber que tipo de aparelho é mais adequado. Ele garante que hoje em dia os aparelhos que usam a energia solar têm tido maior saída. Isto porque as redes elétricas são muito instáveis e podem danificar os aparelhos com freqüência. Para ele, o uso desta tecnologia tende a crescer ainda mais. “O Brasil é um grande produtor de carne, tem o maior rebanho comercial do mundo e este sistema simplifica muito o manejo na propriedade”, conclui.