Apostando nisso, os criadores de Brahman não hesitam em divulgar precocidade, docilidade e habilidade materna como fatores responsáveis pelo crescimento da raça no país.
“Os animais Brahman apresentam as condições de um taurino em zebuíno”, resume Paulo E. R. Bicalho, proprietário do Rancho Haras Quitumba. Criador desde 94, ano de introdução da raça no Brasil, não hesitam em apontar a qualidade de carcaça, precocidade dos animais e adaptação ao clima tropical brasileiro como grandes características da raça.
Ele explica que o interesse por animais Brahman surgiu após uma análise de mercado brasileiro, onde existe predominância de zebuínos Nelore. Á nova raça cabia, portando, muito crescimento de mercado e pouca competição.
Bicalho importou parte do plantel Brahman, um touro e algumas vacas, com origem genética norte-americana, da Argentina. E dos Estados Unidos, óvulos e sêmen, prática ainda mantida. A genética da propriedade, portanto, é norte-americana. Hoje, a Quitumba, com área de 120 alqueires mineiros, localizados em Piqueri, Minas Gerais, possui plantel de 120 animais POI. O criador conta que análise dos primeiros produtos confirmou o acerto do investimento, pois os animais registram superprecocidade e ganho de peso muito rápido. Ele explica que a raça foi desenvolvida por universidades e fazendeiros norte-americanos. “Os 100 anos de seleção resultaram em animais com características entusiasmantes”, garante.
Mister Pilar Quitumba POI, campeão da Expozebu/98, em Uberaba, é um bom exemplo. Entre 1.322 animais de todas as raças zebuínas expostas apresentou a maior a maior AOL (Área de Olho por Lombo), aferida por ultra-sonografia. Na prática, isso significa condições positivas de carcaça, importante qualidade hereditária.
O manejo da propriedade é semi-intensivo. Parte do plantel, 20 animais considerados elite – entre machos e fêmeas entre oito meses e 30 meses, é mantida em baias, com ração ao longo do dia. Á noite, se unem ao restante do rebanho no pasto, formado por brachiarão e tanzânia.
Na opinião de Bicalho, o Brahman deve posicionar-se como solução para cruzamento industrial com animais Nelore e vacas de “cara limpa’. Dessa forma, o pecuarista obtém mais carne em menor tempo e com mais produtividade.
Para ele, o objetivo da seleção genética do Brahmam no Brasil é semelhante ao que foi pesquisado nos Estados Unidos, ou seja, a busca pelo zebuíno que responda nas condições do país. Mais: já não é preciso o taurino para cruzar vacas em regiões com problemas de topografia e clima.
No Brasil, a seleção busca manter as características do rebanho. Chanfros bem aprumados, pigmentação ,aprumo de membros e correção do umbigo são algumas das características zootécnicas em busca de aprimoração.
Já as comparações entre as raças Nelore e Brahman esbarram inicialmente na forma de seleção. “O Brahman foi selecionado para apresentar ganho de peso, docilidade e qualidade de carcaça”, garante. Entusiasmado, exemplifica. Conta que comprou embriões puros dos Estados Unidos. Os embriões vieram para o Brasil em vacas receptoras. Essas vacas foram cruzadas com um touro Brahman.
Um dos produtos, com sete meses de idade, pesa 250 Kg, peso ganho em manutenção exclusiva a pasto. “O bezerro é um Brahman quase puro. Dessa forma, é possível analisar o que o sangue Brahman pode fazer em um rebanho”.
Precocidade, fertilidade, grande aptidão para a produção de carne e, principalmente, a manutenção dessas vantagens nas altas temperaturas do charco argentino a Cabaña Las Lilas Genética e Carne de Campeões a iniciar o plantel de animais Brahman.
Com matriz em Buenos Aires, na Argentina, e filial em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, desde 95, a empresa comercializa touros, fêmeas e sêmen. A empresa possui uma fazenda de 160 ha, em Uberaba, Minas Gerais, onde manterá o plantel no Brasil.
Tradicional criatório naquele país, Las Lilas cria também animais das raças Angus e Hereford, desde os anos 20; Brangus e Brahman, desde a década de 60; e Branford, desde os anos 80. Aqui, realiza um leilão anual, sempre no mês de agosto, em Campo Grande, quando vende apenas animais Brahman.
Juan Pablo Sanchez, gerente-geral de Las Lilas, no Brasil, conta que o plantel Brahman da Argentina ainda não consegue competir em número de animais com os das raças Angus e Hereford, mais comuns e numerosas.
Na opinião dele, a posição da raça encontra-se estabilizada na Argentina. Exatamente o contrário do que acontece no Brasil, onde “a raça deve crescer muito”. Neste ano, por exemplo, a situação mostra-se atípica para cabaña no mercado brasileiro. Desde novembro do ano passado, está fechada a importação para gado em pé.
Em fevereiro deste ano, a medida foi retificada. E, em março, estendeu-se à importação de sêmen e embrião. A cabaña ainda não tem animais criados no Brasil. Sanchez lembra que o aumento das vendas de touros, Fêmeas e sêmen da empresa para pecuaristas brasileiros cresceu em índices de 10% ao ano, entre 96 e 99. Já, entre 99 e 00, saltou para 45%. O crescimento pode ser atribuído aos leilões da empresa, que ajudam a divulgar a marca e a raça e ao fato de as raças sintéticas enfrentarem fase de evolução no Brasil Central.
Ele assegura que a maior divulgação da raça e o aumento do número leilões e exposições implicarão no crescimento das médias e dos preços dos animais e no número de criadores.
Essa opinião é partilhada por Moisés Campos, veterinário e Administrados da Fazenda Querença, em Inhaúma, Minas Gerais. “O Brahman conseguiu sucesso inquestionável no Brasil”, garante.