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Agribusiness – pré elaborados ganham mais espaço

Saladas prontas, mix de vegetais e pratos que exijam menos preparo final compõem o cenário cada vez mais comum em supermercados e lojas de hortifruti nas grandes cidades brasileiras. O hábito, originário nos Estados Unidos, também é seguido com intensidade crescente por europeus. “A praticidade impulsiona e garante e evolução desse segmento”, afirma Francisco Rojo, professor de varejo da FGV e consultor em marketing em alimentos.

Os consumidores brasileiros descobriram essa facilidade em 94, quando produtos congelados, semi prontos, especialmente legumes e vegetais, invadiram o mercado. Desde então, “a receptividade é crescente e contínua”, explica Rojo. Contribui ainda para aceitação, a queda de preços dos produtos verificadas ao longo do tempo. “O aumento do volume de produção e conseqüente crescimento das vendas permitiram a diluição dos custos”, assegura ele.

Dados o Grupo Pão de Açúcar reforçam a posição de Rojo. Os produtos pré-elaborados, especialmente legumes e verduras limpos e picados, são oferecidos ao consumidor desde 92. A cultura do produto, porém, ganhou força dois anos depois, período também que surgiram fornecedores especializados.

Ao longo do tempo, o consumidor descobriu que queria mais. Resultado : surgiram as saladas prontas, quase sempre mescla de alface crespa, agrião, rúcula, acompanhada de molho. Portanto, o sucesso provocava a evolução dos produtos ofertados. O grupo aposta no crescimento contínuo de saladas prontas. E investe também no leque de frutas preparadas, como a venda de abacaxis descascados e, muitas vezes, fatiados, além de saladas de frutas prontas. Hoje, cada loja Pão d Açúcar, independente da localização, oferece 300 itens de verduras, frutas e legumes pré-preparados.

Atualmente, o perfil do consumidor é formado por jovens, entre 25 e 35 anos, integrantes das classes sociais A e B, participantes do mercado de trabalho. Na opinião dele, a tendência é que o hábito estenda-se às demais classes da sociedade, embora ele não sabia precisar a velocidade do crescimento.

Exatamente o mesmo perfil retrata o usuário dos produtos da Bonduelle do Brasil. A empresa, de origem francesa, comercializa produtos importados congelados, à exceção de mandioca, e aposta no mercado brasileiro, considerado com grande potencial. “Mesmo assim, a realidade mostra que os produtos in natura ainda dominam o mercado”, afirma Rosana Carramate, assistente de produto.

A Banduelle atua no Brasil desde 94, quando buscava o atendimento ao mercado ainda incipiente do país. Inicialmente, ofereceu seleta de legumes e legumes básicos, como couve-flor, comercializados em supermercados. Com animadoras resposta do mercado, no ano seguinte ampliou a oferta do mix e introduziu pratos congelados, como espinafre ao creme.

Também na busca por ofertas adequadas ao consumidor, alterou as embalagens continham um Kg de legumes. Desde 97, pode-se optar também por embalagens de 300 g e 400 g. “Dessa forma, a empresa cumpriu o objetivo de atender ao mercado single”, afirma Rosana.Hoje, a empresa mantém 35 itens de congelados no catálogo. E, neste ano, lançou a salada de legumes e frutas, que mescla cenoura, milho ,pimentão, melão, abacaxi e pepino. Rosana reforça a credibilidade no consumidor brasileiro, mas lembra que, desde 99, o mercado mostra morosidade causada pela desvalorização do real. As expectativas para este ano, que eram de crescimento moderado e firme, revelam-se nebulosas, em razão do racionamento de energia elétrica.

O crescimento conservador é também apontado por Edson Luiz Yosino, gerente de desenvolvimento da empresa. ele defendia crescimento de 15% para este ano, o que deve ser alterado pelo racionamento. Explica que, em anos anteriores, a média de crescimento anual era de 25% a 27%. acredita também que o mercado de pré-elaborados sofra concorrência de pratos totalmente preparados, produtos que reúnem maior valor agregado.

Outra tendência de mercado consiste na redução de preços de alimentos pré-elaborados. Isso surge como conseqüência do aumento na escala de produção, redução de custo e da competição entre empresas. Na opinião dele, a concorrência entre produtos pré-elaborados e in natura intensifica-se em determinados períodos do ano. Por exemplo, a comparação de preços beneficia o produto pré-elaborado em períodos entressafra.

Carla Castro Salomão, diretora presidente da agrícola Fraiburgo, concorda com Rosana, assistente de produto da Bonduelle do Brasil, sobre o grande espaço ainda ocupado por produtos in natura. A empresa lançou a Maleta Fiesta, que contém um Kg de maçã Gala, em março, em São Paulo; em maio, no Rio de Janeiro; e, em junho, em Curitiba. “A receptividade do produto tem sido entusiasmante”, garante Carla. Empresa especializada no cultivo de maçãs, a Agrícola Fraiburgo, no mercado há 49 anos, com tradição de comércio no atacado, promoveu o lançamento do primeiro produto destinado ao varejo, como supermercados e hortifrutis. Carla explica se trata de um produto desenvolvido a partir de conceitos, como levar produto da melhor qualidade ao consumidor do mercado interno e proporcionar segurança alimentar.

A maleta exigiu um ano de trabalho da equipe da empresa, em pesquisas mercadológicas e de tecnologia de embalagem. “Trata-se de matéria prima in natura, pois as maçãs não são processadas, mas apenas limpas e pronta para consumo, já que dispensam a retirada da casca. A fruta, categoria extra premium habitualmente indicada para exportação, representa o menor nível de defeito, como conseqüências de sol e granizo, e resiste a 15 dias de armazenamento em geladeira. A embalagem permite a manutenção da qualidade das maçãs, pois, rígida, preserva contra danos mecânicos, ou seja, choques entre as frutas, e, transparente, garante a possibilidade de o consumidor observar o aspecto do produto. Na opinião de Carla, o preço de R$ 3,50 é justo, para um produto que contém maçã de primeira categoria.

Os planos para o futuro próximo incluem ligeiras modificações no conteúdo maleta, já que se trata de um produto flexível. Carla explica que é possível oferecer maletas com mescla de maçãs Gala e Fuji, ou ainda, maçãs vermelhas e verdes. Portanto, perspectivas de um mercado motivador.

Iluir Zanoncine, coordenador de projetos e de desenvolvimento de produtos e processos da Vapza Alimentos, também aposta em crescimento e define metas de 30% ao ano. No mercado desde 96, a empresa paranaense oferece ampla gama de alimentos elaborados, destinados especialmente a consumidoras de grandes centros, com pouco tempo para cozinhar.

Ele explica que a evolução do mercado mostrou-se homogênea. O salto de crescimento, entre 98/99, pode ser explicado por maior oferta de produtos, como mandioca, batata salsa, seleta de legumes, grão de bico e feijão branco, canjica com leite e feijoada.

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