A melhoria no preço do leite tem refletido positivamente na comercialização de insumos. Na área de inseminação artificial, as centrais comemoram acréscimos de até 20% na comercialização do primeiro semestre de 200, em relação ao mesmo período do ano passado.
As opiniões sobre o mercado leiteiro em 1999 são unânimes: Tratou-se de um ano difícil, tendo em vista o baixo preço pago pelo litro de leite e as importações que ocorrem principalmente no seis primeiros meses. Para os fornecedores de insumos para esse setor, somou-se, também, a questão da desvalorização do Real, que, no que refere a área de inseminação artificial, foi absorvida por boa parte das empresas. Resumidamente, esse foi o cenário em que produtores e centrais tiveram que conviver. Mas, desde o início de 2000, a situação tem se apresentado diferente, comandada pela recuperação do preço do leite, intensificada a partir de junho o que é normal para o setor, uma vez que nesse mês inicia-se o período da seca e a produção cai, Para se ter uma idéia, todos os Estados brasileiros apresentam melhoras no preço do leite, com destaque para Minas Gerais que chegou a atingir cerca de R$ 0,50 o litro. Frente a isso, o diretor de Marketing da Accelerated Genetics, Carlos Vivacqua, diz que o mercado está apenas começando a se recuperar. “Até o mês de maio, tal aquecimento ocorreu de maneira mais lenta, o que se intensificou a partir de junho. Agora, o pecuarista leiteiro está recebendo um valor viável á sua atividade.”
Tal recuperação está se dando principalmente na aquisição de sêmen de melhor qualidade. è que quando o mercado entra em crise, o produtor reduz os custos e passa a adquirir doses de menor valor, o chamado sêmen comercial, que varia entre R$ 7,00 e R$ 12,00. De acordo com Vivacqua, em 1999, a comercialização dessa categoria do produto representou em torno de 60% das vendas para a área leiteira, contra 30% de sêmen intermediário – de R$ 12,00 a R$ 25,00 – 10% de genética de elite – acima de R$ 25,00. Trata-se de uma inversão do mercado, uma vez que, numa realidade considerada normal, numa realidade considerada normal, a proporção da venda de sêmen leiteiro respeita o percentual de 60% para sêmen intermediário, 30% comercial e 10% de elite – essa última categoria é a que se mantém inalterada, tendo em vista que abastece os criatórios mais tecnificados. “NO entanto, apesar de verificarmos o aquecimento do setor, ainda não aconteceu o retorno aos patamares normais de comercialização. Mas, com certeza, estamos num processos de reversão do quadro que se observou em 1999”. Como prova, ele cita a mudança de comportamento de produtor frente ás formas de pagamento. Enquanto no ano passado, a Accelerated Genetics registrava constantes pedidos de prolongamento nos prazos, em 2000 os números de quitações á vista encontra-se superior. Nesse sentido, a comparação entre os primeiros seis meses de cada ano mostra que, dentre, todos os clientes da empresas, o prazo médio para pagamento reduziu nove dias, passando de 58 para 49 dias. “ Pode parecer pouco, mas é o suficiente para percebemos que está havendo uma mudança positiva no setor.” Além disso, ainda comparado os primeiros seis meses de 1999 e 2000, a companhia já registra um acréscimo de aproximadamente 15%em sua comercialização em 2000. Vale Lembrar, que, no ano passado, a Accelerated Genetics vendeu 25 mil doses de sêmen de leite e 100 botijões para Tocantins, uma aquisição feita pelo governo do Estado para estimular um programa voltado para a área leiteira. “Uma venda isolada que, se desconsideramos, nosso crescimento será ainda maior”, pontua Vivacqua.
Por sua vez, o diretor da Genética Avançada, Luiz Moraes Barros Filho, também comenta que a comercialização de sêmen melhor qualidade aparece como principal fator de crescimento do setor de inseminação neste ano. Até agora, a empresa registrou um aumento entre 15% e 20% em sua vendas, em relação ao primeiro semestre de 1999. “A busca por um material genético de valor mais elevado fez nossa média no preço da dose crescer em torno de 5% a 10%. Um nítido reflexo do aumento do litro do leite pago para o produtor.”
Barros Filho calcula que, a partir de setembro, aquecimento do setor será maior. Segundo ele, até agora o produtor não se beneficiou diretamente dos aumentos no litro do leite, tendo em vista que seu fluxo de caixa estava baixo e teve que fazer a reposição dos recursos que saíram a mais. “O pecuarista ainda está ajeitando suas contas. Mas, a partir do mês que vem, começará a investir essa diferença que está recebendo. “Na visão do gerente de Vendas da Sembra, João Amaral, as empresas poderiam ter registrado um aumento individual maior nas vendas e no faturamento do primeiro semestre de 2000. De acordo com ele, a entrada de novas companhias no Brasil dividiu o mercado e dificultou a competição. Apesar disso, assume que o aumento no preço do leite provocou o aquecimento do setor de inseminação artificial. “De qualquer forma, ainda esperamos uma política voltada para a produção leiteira, pois só assim o setor crescerá adequadamente.”