Negócios

Mercado de sêmen se anima!

As empresas que comercializam sêmen apostam no crescimento das vendas na temporada de monta 2000, que se inicia a partir deste mês. Entre outros sucesso na luta pela erradicação da febre aftosa.

A estação de monta, que tem início em julho e estende-se entre novembro e janeiro, conforme a região do Brasil, encerra promessas animadoras. Esta é a opinião dos dirigentes das empresas que comercializam sêmen para gado de corte e de leite e da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia). Embora distante de número ideais, a utilização da técnica de inseminação artificial no país vive momentos de estabilidade, em razão da consciência do produtor por tecnologia e qualidade.

“Nós apostamos em 2000, pois 1999 foi marcado pela desvalorização do Real e pela forte seca que atropelou a estação de monta”, explica Dorival da Cruz, gerente-geral da Semex. A disposição para este ano baseia-se em um forte argumento: a liberação de animais livres de aftosa por vacina, em São Paulo, parte de Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal e Mato Grosso.

A empresa, que comercializa sêmen para gado de corte e de leite, aposta no crescimento do mercado de corte. Em 1996, a Semex totalizou 150.477 doses de Sêmen vendidas, das quais 149.152 para leite e 1.325 para corte. No ano passado, esses números saltaram para 260.444 doses, com 223.714 doses para leite e 36.730 doses para corte.

Sabe-se que livres do problema de aftosa nos rebanhos, os produtores devem investir em tecnologia e melhoria genética, condições básicas para a exportação de carne aos mercados norte-americano e europeu. Na opinião de Cruz, o leite, porém, enfrenta outra situação, já que a política de preços constitui o grande complicador. Mais: a importação indiscriminada e a entrada de leite em pó europeu no Brasil via Argentina complicam o quadro. Ainda assim, ele garante que “não se pode perder a esperança.”

Para Heverardo Rezende Carvalho, diretor da Alta VR BV, o cenário do leite pode ser considerado animador. Ele lembra que, “o preço do produto saltou de R$ 0,34/0,35, para R$ 0,50, em meados de julho”, Já para sêmen de corte, a expectativa é de que mercado mantenha-se firme. As projeções da empresa para o primeiro semestre deste ano, em torno de 15%, transformaram-se em aumento de 21% na vendas, porcentagem que engloba sêmen para leite e corte.

Animado, Carvalho aposta em maior amento no segundo semestre. Para ajudar a alcançar esse resultado, a empresa lançou em julho, o programa Serviço ao Criador (SIA), que oferece três alternativas . Na primeira – Sia Bezerro, o produtor paga apenas pelas matrizes efetivamente prenhas. Cabe á Alta VR BV levar a mão-de-obra para inseminação, o sêmen e o botijão.

Na segunda, O Sia Técnico, a empresa fornece mão-de-obra – inseminadores e veterinários, para executar o trabalho de inseminação artificial durante a estação de monta . E, na terceira, Sia Reciclagem, treina e recicla inseminadores, além de orientar sobre nutrição, manejo, pastagens e reprodução. “A expectativa é de que aproximadamente 150 mil vacas recebam o programa neste ano. Para isso, foram treinados 60 veterinários”, afirma ele.

Desde 1996, quando iniciou suas atividades, a Alta VR ganha novas fatias de mercado. No ano seguinte, o crescimento foi de 250%. Em 1998, de 68%. E no ano passado, de 29%. Para ele, a explicação é simples. “ O produtor sabe da necessidade de acompanhar a tecnificação, se quiser permanecer no mercado. E a inseminação artificial integra esse universo de tecnologia, garante.

Essa opinião é partilhada por Donário Lopes de Almeida, diretor-geral da Pecplan ABS. Embora aponte redução no preço do sêmen e menores margens de lucros para as empresas do setor, acredita que a estação de monta signifique aumento de 10% para a empresa em relação aos números do ano passado, dados que a Pecplan ABS prefere não divulgar. “O pecuarista está mais disposto investir e a pensar no médio prazo”,afirma. O mesmo vale para o leite, cujas vendas de sêmen devem ter crescimento também de 10% no ano, graças á recuperação dos preços do produto.

Embora ciente dos prejuízos de uma forte seca e temeroso do inverno, Jan Salomons, gerente de marketing da Lagoa da Serra/Holland Genetics, espera crescimento das vendas da empresas entre 15% e 20% neste ano, mesma média registrada em 1998 e 1999.

Ele também partilha a opinião de que o mercado de sêmen para carne tende a crescer. “O crescimento ocorrerá nas fazendas em que a técnica é utilizada, porque poucos inseminam a totalidade do plantel”, explica. Assegura que “o aumento da procura por resultados no mercado interno e, especialmente, no exterior, com exigência por carne de qualidade levará á inseminação. Já para o setor leite, de o que chama de crescimento constante, que pode aumentar em razão dos preços praticados.

Neste ano, a Lagoa da Serra/Holland Genetics iniciou o projeto denominado Centro de Avaliação e Comercialização de Touros (CAT), para animais de cortes das raças Nelore, Nelore Mocho, Brangus, Aberdeen, Red Angus, Limousin, Simental, Charolês, Santa Gertrudis e e Caracu. Os tourinhos, entre seis e nove meses de idade, têm crescimento e carcaça avaliados durante 140 dias, na Fazenda Nova, da Chalet Agropecuária, em Uberlândia, Minas Gerais. A seleção termina em outubro deste ano. O melhores serão vendidos como reprodutores. Atualmente, estão sendo avaliados 700 touros.

Participam do projeto a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ), responsável pela estratégia alimentar e manejo nutricional; a Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (USP/Pirassununga), em avaliações de carcaça in-vitro com ultrasso; e o Núcleo de Zootecnia (Ribeirão Preto), que compilará os dados dos animais.

Salomons acredita que a conscientização do produtor brasileiro cresce em relação ao uso da tecnologia, essencial quanto mais apertada as margens de lucro. Em 1996, a empresa comercializou 974 mil doses de sêmen, das quais 60% para corte e 40% para leite. No ano passado, esse total saltou para 1.450.000 doses de sêmen, das quais também 60% para corte e 40% para leite. “Convém lembrar que a inseminação artificial é tecnologia de baixo custo para o melhoramento que representa”, garante ele.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *