Agricultura

Percevejos estão mais resistentes

O percevejo marrom, uma das principais pragas que atacam as lavouras da soja na fase reprodutiva (formação e enchimento de vagens), está criando resistência ao uso de inseticidas. O problema foi detectado há alguns dias em lavouras de região de Cândido Mota, interior de São Paulo. Há suspeitas também na região de Centenário do Sul, Norte do

Paraná. “O problema está ocorrendo principalmente pela má aplicação de inseticidas. Em algumas propriedades, os produtores fazem uso contínuo de um mesmo produto e muitas vezes se precipitam na hora da aplicação, que só é recomendada quando o número de percevejos atinge níveis críticos”, ressalta Daniel Sosa-Gomes, pesquisador da Embrapa Soja, vinculada ao Ministério da Agricultura e dos Abastecimento.

Técnicos da Embrapa Soja estão recolhendo amostras de população de percevejos das áreas afetadas e fazendo testes de confirmação de resistência em laboratório. No ensaio, aplica-se altas dosagens do mesmo inseticida que estava sendo utilizado na propriedade em dois grupos e compara-se a mortalidade das populações suspeitas com as que estão em condições normais. “Os primeiros casos foram detectados em áreas isoladas e estão relacionados a freqüência de utilização do inseticida pelo produtor, portanto o problema ainda não generalizado”, ressalta Sosa-Gomes. As áreas onde é detectada a resistência, indica-se é a troca do inseticida que estava sendo aplicado. Se ainda assim o problema persistir, os agrônomos recomendam a troca do grupo do inseticida, por exemplo, dos fosforados para os piretróides.

Para saber o grau de infestação de sua lavoura, o produtor deve fazer o monitoramento da praga da com o pano de batida pela manhã, até ás 10 horas, quando os insetos estão parte superior das plantas e fica mais fácil identificá-los. A técnica consiste em fazer uma amostragem com um pano branco de 1 metro de comprimento preso por duas varetas. O pano é colocado entre as fileiras de soja que são sacudidas para que os percevejos caiam e sejam contados. Em lavouras para o consumo do grão, o limite máximo é de 4 percevejos por batida. Nas lavouras para produção de sementes, as precauções devem ser tomadas quando são encontrados dois percevejos por pano-de-batida. Como geralmente a infestação ocorre de borda para o centro da lavoura, o monitoramento deve privilegiar estas áreas.

Apesar de causar grandes prejuízos á lavoura, não se recomenda o controle preventivo da praga com produtos químicos, pois além da poluição ambiental e da possibilidade do percevejo desenvolver resistência, aumenta-se sensivelmente o custo de produção. Quando o controle é necessário, a Embrapa Soja recomenda a utilização do sal de cozinha, tecnologia que reduz pela metade a dose dos inseticidas químicos a ser aplicada. A técnica consiste em substituir 50% do volume de inseticida por uma solução de sal de cozinha refinado, na concentração de 0,5%, ou seja, 500 gramas de sal cada 100 litros de água colocadas no pulverizador. A salmoura é feita separadamente, depois misturado á água do pulverizador que, por último, vai receber o inseticida.

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