Seja com produção de grãos ou formação de pastagens, o produtor que desejar reduzir os prejuízos que a seca provocou em suas lavouras ainda pode recorrer á safrinha.
Não há dúvidas de que os atrasos nas colheitas da safra de verão aumentarão os riscos da safrinha. No entanto, o produtor que verificar grande perda nas lavouras de verão deve iniciar a safrinha com maior urgência, sem fazer a colheita do que se plantou no ano passado, na tentativa de diminuir o impacto dos prejuízos. A orientação é do pesquisador da Área de Sistema de Produção Agropecuária da Embrapa/Gado de Corte, Armindo Kichel.
Se o produtor também é pecuarista, pode aproveitar o período e entrar com formação de pastagens, porque a produção de capim não se recuperou da estiagem do ano passado. Saiu da seca tradicional no inverno e, a´te agora, não se regularizou. Devido a forte estiagem do ano passado não é possível recuperar os pastos, o que exige uma preocupação mais atenta para os alimentos para o inverno 2000. Deve-se ajustar a carga/animal/ha, fazer silagem de sorgo/milho, feno de capim, procurar adquirir resíduos de grãos e se prevenir para fazer bom manejo da pastagem. O pasto será fundamental para o outono/inverno deste ano. A recomendação é plantar Brachiária Decumbes ou Brizantha para quem deseja voltar com o plantio direto no segundo semestre, ou Mombaça e Tanzânia para quem deseja ficar dois ou três anos com pecuária no local e, só depois, voltar com a agricultura, comenta Kichel.
O plantio das pastagens deve acontecer ainda em fevereiro para, no final de abril/início de maio, haver pasto de alta produtividade e proteína de até 15% na folha. Serão pastagens indicadas para desmama, recria, semi-confinamento ou engorda de vacas ou engorda de vacas para descarte. Em setembro, tira-se o gado, faz-se a dessecação da área e parte para o plantio direto da soja ou milho. Com isso, o produtor consegue fazer a dobradinha agricultura/pecuária, precavendo-se de um prejuízo ainda maior caso desista de aproveitar as terras no inverno deste ano. No entanto, para as regiões onde a previsão são de chuvas esporádicas apenas para abril/maior é melhor não arriscar o plantio da safrinha, nem de pastagens. Para aproveitar esse período, as chuvas devem ser normalizadas em fevereiro ou março, sendo abril e maio com chuvas esporádicas, alerta o pesquisador.
Quem ficar com os grãos, teoricamente vai ganhar no preço do milho, em função dos baixos estoques da Conab, da baixa colheita prevista para a safra de verão e os problemas da própria safrinha. O momento é agora para o produtor tomar decisão, para reduzir os prejuízos com a seca. O plantio do milho safrinha deve ocorrer até, no máximo, 15 de março e até 15 de abril para o sorgo, uma vez que se trata de uma cultura mas resistente á seca e conta com uma produção mais estável. Em regiões onde há geada, a partir do 15 de março pode-se plantar aveia, onde não há geada, milheto. Em ambos os casos, o produtor pode usar as lavouras para pastejo, produção de grãos ou apenas para cobertura do solo.
Produtor de 1.270 hectares da lavoura, o Grupo Hélio Coelho e Filhos, detentor da Fazenda Remanso, em Rio Brilhante (MS), vai registrar significativa queda na produção da safra de verão. A média. A média de soja, que no ano passado rendeu de 47 a 53 sacos/ha, dessa vez não passará dos 40 sacos/ha. Com a cultura do milho, já perdeu 80 ha dos 200 ha que plantou. Dos 120 ha que sobraram, 20 ha estão bastante ruins, onde se produzirá de 40 a 50 sacos/há. Os outros 100 ha, a previsão é que se colherá de 70 a 80 sacos/ha. Em períodos de chuvas normais, a colheita do milho de verão fica em torno de 100 a 110 sacos/ha. Será uma perda grande, ressalta o diretor do Grupo, Keneth Coelho, que também é presidente do Sindicato Rural de Campo Grande.
Mesmo assim, otimista com a previsão do término da La Ninã em junho, diz que as condições climáticas vão melhorar conforme se acredita que a baixa produtividade do verão fará com que a safrinha venha para recuperar o prejuízo. Dessa forma, o plantio de safrinha na Remanso alcançará 400 ha de milho, 400 ha de sorgo e cerca de 400 ha com aveia preta. O objetivo é fazer a integração agricultura/pecuária, seja com produção de silagem ou com a utilização das culturas para pastejo do gado.
Parte do sorgo e milho é colhida úmida, para se produzir 2.200 sacos de silagem de cada cultura. Um maior digestibilidade para o animal e permite melhor ganho de peso. O restante vai para venda e reação. A aveia preta, serve para cobertura de solo para o plantio direto, mas que também pode ser aproveitada como pastagem para o gado.
Enquanto o gado está na aveia, o sorgo é trabalhado como uma lavoura. Quando é trabalhado como uma lavoura. Quando a aveia está acabando, a colheita do sorgo já foi feita e a área serve para colocar o gado, onde os animais ficam entre final de agosto e início de outubro. O sorgo é uma cultura de dupla aptidão. Colho, faço ração e ainda tem o pasto, com boa lotação/ha e ganho de peso, pontua Coelho.
A Fazenda Remanso tem cerca de 15.000 cabeças de gado a pasto e com suplementação. Faz novilhas cruzado com Pardo-Suíço Corte e Montana Tropical. Os novilhos comem pasto e 1 kg de suplementação/dia, chegando aos 14 meses com 360 kg a 370 kg. Aos 18 e 20 meses mata 50% dos cruzados, quanto estão com 16 e 17 @ e o restante termina em confinamento até completarem 23 meses, quando estão com 470 kg a 500 kg.