Pecuária

Pangaré, com muito orgulho!

Nem só de animais de raça pura vive o mercado de cavalos no Brasil. Do outro lado existe também um mercado muitas vezes desprezado, mas bastante ativo, garantido o sustento de muitas pequenos proprietários.

Localidade turísticas, como Águas de São Pedro, a 190 quilômetros de São Paulo, por exemplo, é um desses lugares onde há espaço para que animais sem pedigree façam parte dos atrativos da cidade. Passeios de sela e charrete ajudam a garantir o charme do município, conhecido por suas águas medicinais. Com 20 mil quartos em 17 hotéis e 900 casa de veraneio, o lugarejo recebe cerca de oito mil turistas nos finais de semana, sem contar os que visitam em férias, carnaval ou feriados prolongados. Alguns deles, gostam tanto da regiões que praticamente não saem de lá. Caso da psicóloga Márcia Aló Fernandes Gomes, que mora em Santos (SP), mais a cada quinze dias marcas presença na cidade. Sempre que venho, trago meu filho para andar a cavalo ou de charrete.

Para ela, esses passeios ajudam a reforçar a imagem bucólica do local, além de agradar aos visitantes. Frequentadora assídua do Ponto do cavalo, onde há uma concentração de animais, comandado por oito proprietários de cavalos, que cobram R$ 5,00 para uma volta de meia em sela ou R$ 10,00 para o trajeto em charrete, sempre nas trilhas do bosque. “Sempre escolhemos a mesma acompanhante, pois pegamos confiança no trabalho dela”, acrescenta a sogra de Márcia, Dalva Gomes, que acabou comprando uma casa na cidade.

Uma das donas do Ponto do Cavalo, Iolanda Soares de Azevedo, não tem ideia de quantos turistas recebe mês, mas garante que é preciso agradar para que voltem. Atuando com animais que passem segurança ás pessoas. Dessa forma, o animal tem de ser manso, não pode dar coice e deve ter “paciência” para aguentar a badalação que ocorre principalmente aos domingos. “Quando adquirimos um cavalo, fazemos um teste de duas semanas, para ver se ele serve para esse tipo de trabalho. Se for bom, a gente fica com ela até morrer. Caso não, a gente troca.

Curioso na atividade de pangarés é que vale tudo na comercialização. Os chamados rolistas se encarregam de vender e revender os animais, de trocar os novos pelos velhos, aceitando o escambo no vaivém de mercadorias. Nem só dinheiro entra na negociação, mas, também, qualquer criação que interessar chegou a comprar um pônei com a troca de um cavalo (R$ 250,00), uma porca (R$ 200,00) e mais R$ 300,00 divididos em tres vezes. Vale pechinchar. Ás vezes, não fazemos negócios por R$ 5,00, porque o rolista é turrão. No negócio, porém, não entra o reconhecimento que Iolanda tem pelos animais que trabalham no Ponto do Cavalo. De acordo com ela, se o cavalo for bom e trabalhar ficar velho, será cuidado até morrer. Atualmente, trata de um com idade acima de 25 anos, que vai ao veterinário e recebe o mesmo tratamento que os animais mais jovens. A gente pega gosto pelo cavalo. Afinal, ele nos ajudou muito, divertiu as pessoas e deixou que criássemos nossos filhos. Não dá para largar em qualquer lugar.

Iolanda calcula que a vida útil de um cavalo de aluguel seja 15 a 18 anos. No Ponto do Cavalo, eles são tratados com cana-de-açúcar, napier, farelo de trigo, quirela de milho, ração de aveia e pasto – Porque cavalo tem de come verde. Os animais encontrados por lá custam em, média, R$ 250,00, sendo que os de charrete valem mais, cerca de R$ 400,00. Tudo pangaré, porque não dá para ter animal de raça.

A menos de cinco quilômetros dali está o Rancho Kajuba, no município de São Pedro, onde a situação é um pouco diferente. É o primeiro Rancho da cidade, fundado em 1976. Seu proprietário, Luiz Carlos de Oliveira, mais conhecido como Kajuba na região, aluga tanto animais quanto baias para donos de cavalos. Ao todo, cuida de 105 cavalos dos quais 38 são próprios e voltados para divertir os turistas que buscam aventura entre cachoeiras, riachos e gado. Trabalho com animais rústicos, que variam de R$ 130,00 a R$ 300,00. Na maioria das vezes, refúgios de haras, que não prestam para permanecer junto aos exemplares mais elitizados.

São cavalos que podem apresentar algum defeito na orelha, ser cego de um olho, ter sido picado por cobra, mas que serve para divertir o turista. Kajuba, também compra animais de tropa, que já trabalho no campo e que não tem medo dos obstáculos encontrados nas cavalgadas promovidas em seu Rancho. Com uma clientela oriunda de grandes cidades, o local recebe pessoas de diversos lugares do Brasil e do Exterior, como São Paulo, Rio de Janeiro, Alemanha, França, Estados Unidos, Bolívia, Canadá, Hawaí e Argentina. Boa parte saem do Grande Hotel Senac, que fecha pacotes de passeios para seus hóspedes. Da mesma forma que Iolanda Kajuba não descarta os animais velhos ou que se aposentam por algum motivo de saúde. Não mando para o abate, pois foi graças a eles que consegui trabalhar, diz ele, informando que, atualmente, oito animais estão no pasto sem serviço, seja por velhice, problemas de coluna ou casco.

No Rancho Kajuba, o passeio completo sai por R$ 20,00, para percorrer uma trilha de cerca de duas horas e meia. O passeio é feito em grupo, com média de 25 a 30 pessoas. Há animais para todo tipo de gosto: manso, veloz, macio e duro. Uma para cada perfil de turista. temos também o cavalo “professor” indicado para pessoas que nunca andaram a cavalo e querem curtir o passeio. É um cavalo calmo, que segue o grupo em todos os lugares sem dar problemas para o cavaleiro.

Na opinião de Kajuba, o mercado está bom e a tendência é melhor. Calcula que os cavalos de aluguéis sejam responsáveis por grande parte da força turística sejam responsáveis por grande parte da força turística de São Pedro, que tem mais de 10 ranchos e hotéis que lidam com esse negócio.

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