Pecuária

A bebida “energética” do gado

Quatro anos depois de ter desembarcado no País a suplementação líquida vem tornando realidade nos cochos das fazendas brasileiras.

Em busca da maior eficiência para bovinos, empresas lançam novidades cada vez apuradas ás exigências do setor. Em 1995, chegou ao Brasil, por meio da implantação da fábrica de Anipro do Brasil S/A, em campo Grande (MS), mais um produto voltado ao fornecimento de nutrientes para o desenvolvimento dos animais: a suplementação líquida. Uma tecnologia que aumenta de 20% a 30% a digestibilidade do capim e diminui o tempo de digestão do gado, garantindo alta conversão do volumoso em carne, avisa o engenheiro agrônomo e superior Técnico da empresa, Aldo Martins Figueiredo.

Não foi á toa que, de lá para cá, algo em torno de oito mil produtores rurais adotaram a suplementação líquida da Anipro, levando sua utilização a 14 Estados brasileiros – Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Maranhão, Pernambuco, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. Hoje, os Estados Unidos aparecem como o país que mais aproveita o meio líquido para levar proteína, energia e minerais a seus rebanhos bovinos, registrando uma produção anual de 1,7 milhões de toneladas, das quais 455 são destinadas ao confinamento e 55% á suplementação de animais em pastejo. No Brasil, mantemos um crescimento constante, na tentativa de alcançarmos um faturamento de US$ 20 milhões em 2005, revela o médico veterinário, gerente Comercial da Anipro do Brasil, João Horácio Pinheiro, de olho no potencial do rebanho nacional de mais de 150 milhões de cabeças – Por apresentarmos um produto de fácil manejo e com a possibilidade de ficar a céu aberto, sem enfrentar problemas com as chuvas, sabemos que ainda temos uma grande fatia de mercado para conquistar.

Nesse contexto, a empresa está iniciando um trabalho de divulgação da suplementação líquida junto ao produtor rural, iniciado em Mato Grosso do Sul com intuito de abranger toda a região Centro Oeste. Trata-se de um contato direto das equipes de vendas e técnica com o progresso dos animais enquadrados em seus programas nutricionais da empresa. Meio a esse trabalho, não há como negar a resistência de alguns pecuaristas em aplicar a suplementação líquida em seu rebanho.

No entanto, Figueiredo ressalta que o momento se torna uma oportunidade para que os profissionais pontuem os aspectos relevantes á administração do produto na fazenda. São eles. controle de consumo feito direto na propriedade por meio da introdução de dois sabores de suplementação, um doce e um azedo; a possibilidade do produto ser fornecido e cochos a céu aberto sem necessidade de cobertura; e o fato do material conter em modificada, resultando numa degradação mais lenta no rúmen, chegando atingir um período de até 12 horas após a ingestão. Acreditamos que esse é o caminho. Atuar em conjunto com o pessoal de marketing, para conseguirmos uma reposta positiva no mercado brasileiro.

Parte dos potenciais da suplementação líquida, os custos aparecem como um importante fator de convencimento ao pecuarista. Segundo Pinheiro, em pouco tempo, o fazendeiro perceberá uma redução de 30% nos investimentos em suplementação quando comparadas as aplicações sólida e líquida. Manejo simples, pouca exigência de mão-de-obra e fácil ajustes por categoria de produção, época do ano, tipo de pastagem e qualidade das águas da propriedade são os principais fatores que refletem diretamente na diminuição dos gastos. Pinheiro ressalta, ainda, que a suplementação líquida pode ser fornecida a céu aberto tanto para bezerros ao pé da vaca quanto para recria e engorda. Isso reduz, em até 70%, aplicações estruturais, como construção de cochos cobertos e cercado para creep-feeding. Por não haver perdas com as chuvas, o gado recebe suplementação energética no período das águas com perdas quase zero, bem diferente das suplementações sólidas e das rações que ficam impróprias ao consumo após serem molhadas.

A utilização de suplementação em bovinos deve ser utilizada pelo produtor rural visualizando as diferentes categoriais animais onde terá melhor relação custo benefício. Por exemplo, na época das pastagens secas, a suplementação líquida é recomendada para animais jovens de recria e, em qualquer época do ano, para animais na fase da pós-desmama. Na transição da época de estiagem para das águas, indica-se ás vacas de cria, objetivamente melhor escore corporal, melhores índices na parte de reprodução e melhor cria bezerro durante o período de lactação. Também pode ser utilizada nas categorias de machos em regime de engorda, desde que se tenha boa qualidade de pastagem para se obter grande incremento de ganho de peso dos animais, antecipando assim o abate finaliza Figueiredo.

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