Raças experimentou um crescimento sem precedentes desde que chegou ao Brasil. Agora, porém, os criadores acreditam que chegou o momento de sedimentar a participação da raça no mercado, em função das qualidades que ela oferece no cruzamento.
Cinco anos após ser reconhecida e aceita oficialmente pela ABCZ, a raça Brahman vive um momento especial na criação brasileira. Com elevada carga de heterose pela sua própria formação e apresentando boas perspectivas para melhoria de carcaça do rebanho comercial do país, o Brahman vem despontando com uma espécie de terceira força em vários programas de cruzamento industrial. As possibilidades de aumento no choque de sangue sem comprometer com isso a produtividade e a rusticidade do produto transformam o Brahman numa das raças que mais crescem em vendas de sêmen no Brasil.
Com as vendas voltadas principalmente para os mercados do Brasil Central, Norte e Nordeste, a Pecplan ABS, por exemplo, vem registrando um aumento anual da comercialização de Brahman da ordem de 20% a 30%. Vale lembrar que o setor de inseminação artificial no país vem crescendo cerca de 10% ao ano. De outubro de 97 a setembro de 98, foram 21.000 doses negociadas, já de outubro de 98 a setembro de 99, foram 27,400 doses. No nosso entender, o mercado deseja bezerros precoces, pesados e de qualidade frigorífica. O Brahman vem preencher essas condições para produção de novilhos a pasto no Brasil, acrescenta Alexandre Ramos Lima, gerente comercial da Pecplan ABS.
De acordo com Lima, o Brahman é uma alternativa complementar para o cruzamentos industriais de produção a pasto. A pressão de seleção forçou a composição de um animal de excelente qualidade frigorífica para carcaça.
Aposta firme
Tão logo que a ABCZ reconheceu a raça Brahman no Brasil, a Pecplan ABS iniciou a comercialização de sua genética, com material importado dos Estados Unidos e Argentina. Desse último país, saiu uma parceria com a Florestal Lãs Acéquias, cujo proprietário estavam interessados em produzir animais no Brasil. Um contato que culminou na seleção dos touros invicto e Montana como alguns dos mais vendidos na categoria importados da raça.
No entanto, está no Brasil um dos mais interessantes contratos que a Pecplan ABS firmou no mercado do Brahman. Trata-se do Grupo Pilar, de propriedade de Sérgio Rutowitsch, que forneceu o primeiro touro Phoenix 1001, que já vendeu perto de 40 mil doses em três anos. Outro reprodutor que segue o mesmo caminho é Mr. Pilar TQ 04, nascido e criado no Brasil, que está em regime de coleta e, em um ano e meio, comercializou cerca de 10 mil doses.
Também entre as transações mais representativas de Brahman está o touro Mr. V8-538, importado dos Estados Unidos pela Fazenda Brumado, que, em um ano de trabalho, vendeu algo em torno de 10 mil doses. Também em destaque está reprodutor 389, 1º Campeão Nacional da Raça, do criatório Doublé J. Ranch, que possui uma joint-venture com a Fazenda Querença Inhaúma, MG.
Vizinho de Olho
O “boom” do Brahman no Brasil e as reais possibilidades de um crescimento ainda mais acelerado nos próximos anos fez com que muitos grupos de fora, sobretudo do países da América do Sul, começassem não apenas a criar clientela aqui mas também estruturar parte de seus negócios dentro do território brasileiro. São os casos, por exemplo, da Cabana Lãs Lilás Genética de Campeões Ltda, da Argentina, e da C-Telca – Central de Transferência de Embiones y Núcleo de Mejoramiento Genético Lãs Camélias, da Colômbia. Ambas têm o objetivo claro de conquistar seu espaço no mercado brasileiro, seja com sêmen, embriões ou animais. Pela tradição do Nelore, os criadores nacionais resistentes, as como procuram uma carcaça moderna e com características distintas, acabam cedendo ao Brahman, pois não há como negar a vantagens de rendimento, comenta o sócio-gerente da Cabana Lãs Lilás, Mario Luiz Pompeo. A empresa está no Brasil desde 1996, sempre trazendo doses de sêmen e embriões. Ao ano, aproximadamente duas mil doses chegam ao País.
Pela primeira vez, trouxe 20 touros, para testar a reação do mercado para a compra de animais. No que se refere aos embriões, Pompeo ressalta que o produtor brasileiro visita a fazenda do grupo na Argentina, escolhe a doadora e se faz o melhor acasalamento para aquela vaca. Sendo assim, só trazemos embriões de performance reconhecida. Não é aventura, fazemos um trabalho sério.
Na Argentina, os plantéis do Brahman da companhia localizam-se ao Norte, na região da Província de Chaco, muito parecida com o Pantanal Matogrossense alto, onde predomina altas temperaturas no verão, com geadas no inverno e solos úmidos. Lá, uma fêmeas participam do programa de avaliação Brahman. Dentre os animais de destaques encontram-se o Rio Paraguay, Grande Campeão da Exposição Internacional de Assunção em 1998, com 39 cm de circunferência escrotal; Apache, que possui 41 cm de circunferência escrotal; somando um bom tipo racial, musculatura, DEPs balanceados e moderado prepúcio; e Ypacaraí, com notável pigmentação e solidez estrutural, aspectos de muita importância na raça Brahman e em seus cruzamentos. No Brasil, a empresa desenvolve parcerias de multiplicação genética, fornecendo o material e controlando o rebanho, por meio de um convênio com A Embrapa/Gado de Corte, diz Pompeo, lembrando que o foco de trabalho da Companhia estão concentrados no Brasil Central – uma das melhores áreas de produção de carne do planeta.
Por sua vez, ao grupo colombiano CTELCA fez seus primeiros contatos com o Brasil em maio de 1998, quando participou de três exposições, em Uberaba, Goiânia e Londrina. Nesta época, tratou de realizar uma pesquisa para descobrir de que forma poderia introduzir seu trabalho e sua genética no País. Uma necessidade que exigiu a contratação de um profissional da área zootécnica para fazer o intercâmbio da empresa. A contratação de um profissional da área zootécnica para fazer o intercâmbio da empresa. A contratada foi Renata Kardec Camargos, hoje gerente da empresa no Brasil gerente da empresa no Brasil. Segundo ela, a CTELCA, na Colômbia, trabalha em parceria com os principais criadores de Brahman, onde as fêmeas vão para a central de coleta e transferência dos embriões, com um índice excelente de prenhez, dentro dos 33%, dado mundial na transferência de embriões. Para a entrada de sua genética no Brasil, a empresa começou, em junho do ano passado, a preparar os animais que seriam exportados para cá, cuja finalização do trabalho só ocorreu em maio de 1999, devido ás barreiras sanitárias impostas entre os dois países. Chegaram 42 animais puros, de pelagem branca e vermelha, que permaneceram em quarentena, onde foram submetidos a exames obrigatórios e supervisionados pelo Ministério da Agricultura. O objetivo é trazer, ao Brasil, a genética Brahman colombiana, hoje considerada uma das melhores do mundo, talvez até superior que a dos Estados Unidos, lugar de origem da raça. Para tanto, os animais estão sendo comercializados juntamente com os embriões congelados. Pontua Renata, informando que, para o ano 2000, a CTELCA está com nova programação para exportar mais animais Brahman para o Brasil, devendo participar das principais exposições agropecuárias com animais em julgamento.
Cruzamento é vitrine
Os resultados dos programas de cruzamento onde o sangue Brahman é utilizado são hoje o principal agente de divulgação da raça. A rusticidade aliada a produção vem facilitando a chegada do Brahman em todas as regiões, mesmo naquelas de clima mais adverso. O entusiasmo de que já colheu resultados fica bem evidente. E o que diz o proprietário da Fazenda Sant`Elena, do município de Santa Maria das Barreiras, PA, Israel Jorge Lenuzza Domingues, sob uma temperatura média de 35ºC, na região do rio Inajá, afluente do Araguaia, introduziu o Brahman como opção para cobertura no meio sangue Charolês/Nelore. O trabalho teve início em1993, quando, no Rio Grande do Sul, 13 touros originários da Argentina. Aqui. Aqui, o Nelore em cima da F1 Brahman/Charolês vem resultando em desmamas de 240 kg a 285, revela Domingues.
Fora isso, paralelamente a fazenda desenvolve apenas o Brahman. Dos 225 animais LA registrados na Associação Brasileira dos Criadores de Brahman (ABCB), 85 foram gerados na Sant’Elena. O Brahman se ás condições amazônicas. O touro é capaz de se criar e reproduzir a pasto sem problemas, além de se apresentar como uma grande solução para cobrir a F1, finaliza Domingues.