Segundo Carlos Heitor Beleza, presidente do Sindicato Nacional das Empresas Nacional das Empresas de Aviação Agrícola, Sindag, existem estudos do departamento de Mecanização e Aviação Agrícola do Ministério da Agricultura, sobre a relação custo benefício de pulverização feita por trator ou por avião, que ratificam algumas vantagens a favor do avião.
Apesar desse lado favorável, Carlos ressalta que apenas 25% das áreas ocupadas pelas cinco principais culturas plantadas no Brasil (soja, arroz, milho, algodão e cana de açúcar), recebem tratamento aéreo. Conforme diz, dos 32,9 milhões de hectares cultivados em 1998/99 somente 21,8 milhões possuem área viável para aplicação aérea de defensivos agrícolas ou sementes. Mas, somente 4 milhões foram trabalhados através deste sistema. Temos, um potencial enorme, mesmo que o restante desta área, 17,8 milhões de hectares, tenha um percentual significativo de propriedades aonde não seria economicamente viável a utilização agrícola, assinala o presidente do Sindag.
Para Carlos o que tem desacelerado a expansão do uso desta forma de pulverização é a dificuldade econômica pela qual os produtores estão passando. O endividamento e os baixos preços dos produtos na hora da venda, inibem a que eles façam investimentos na contratação do serviço. Mesmo acreditando que vamos crescer em termos de mercado para a próxima safra, talvez tenhamos que rever nossos custos e negociar bastante, pois a desvalorização cambia trouxe aumento de insumos e isto vai apertar o volume de recursos disponíveis pelo agricultor, acredita.
O baixo uso da pulverização aérea também está segurando investimento das empresas deste setor em novas tecnologias, como é o caso do DGPS. Este equipamento é semelhante aos que está sendo colocado nas colheitadeiras mais modernas para aperfeiçoar o sistema de colheita. No caso dos aviões, ele possibilita uma aplicação mais precisa a partir de informações ao piloto, da posição em que ele se encontra dentro da propriedade e o momento de pulverizar e de parar o serviço. Um computador de bordo faz a leitura dos dados captados via satélite e ao final do dia, fornece um mapa de toda a área trabalhada, mostrando inclusive, se houve alguma falha. Para Carlos, mesmo que demore um pouco, daqui para frente será difícil o mercado para aqueles que não possuírem este equipamento.
Há mais de 10 anos eu utilizo a pulverização aérea principalmente no momento em que a lavoura está mais crescida, pois, neste caso, o tratador iria provocar um esmagamento muito grande, relata João Van Ass, produtor rural de Rio Verde, em Goiás. Segundo ele, a grande vantagem deste sistema é que ela pode pulverizar na melhor hora, no melhor momento de temperatura e umidade e com grande rapidez. Para a sua lavoura de 2 mil hectares nos quais planta soja, milho, trigo e girassol, o custo deste serviço é fica entre 0,5 e 0,7 sacas de soja por hectare.
O arroz é uma cultura que por suas características (solo molhado) necessita mais da utilização do avião agrícola. Para o orizicultor Ricardo Teixeira Gonçalves, de Jaguarão, RS, o uso deste sistema é imprescindível. Nossa lavoura está muito próximo da lagoa Mirim, região com muito vento. Isto atrapalha muito a pulverização com trator porque ela fica imperfeita, ressalta. Segundo ele, com avião, o trabalho fica mais homogêneo, aumentando a eficiência produtiva por hectare/hora. E o custo também fica mais em conta, no passado, pagamos cerca de R$ 11 por hectare, afirma.