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Carro de “dupla – aptidão”!

Já não é novidade que as porteiras entre campo e cidade há muito tempo estão abertas. A fronteiras que antes separavam essas duas áreas foram se desfazendo e, hoje, estabelece – se uma troca entre a produção rural e urbana. No setor de automóveis, por exemplo, vem correndo uma significativa mutualidade na composição interna e externa dos veículos. Com design urbano, o que era próprio da cidade vai para o campo. Com potência rural, o que fazia parte das necessidades do campo invadiu as cidades. Características como formas arredondadas, tração 4×4, conforto na cabine e amplo espaço para transporte de cargas, formam a mistura ideal para um público de necessidades tão diversas. São vans, jeeps, pick-ups e camionetas que, de acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) somam uma frota de 2.255.308 carros. ” Este é, sem dúvida nenhuma, um dos mercados mais promissores hoje”, afirma o gerente de marketing da Fiat Automóveis, Edson Mazzucatto, acrescentando que, a partir de agora, a Fiat vai entrar com muito mais apetite nesse mercado.

“O universo formado pelos produtores rurais é importantíssimo para o mercado de veículos, sobretudo os veículos que servem tanto para o trabalho na propriedade como no uso urbano”, garante Mazzucatto. Entre as novidades da Fiat para brigar no segmento estão a Strada, uma pick-up derivada do Palio e a Ducato com nova motorização 2.8 Turdo Diesel, que serve tanto para o transporte de cargas como o de passageiros. Mazzucatto lembra que a maioria dos produtores rurais são potenciais consumidores desse veículos em vários n´veis: para uso pessoal, da família, dos empregados da fazenda e também em outras áreas de atividade, já que boa parte desses criadores e agricultores são também empresários urbanos. Durante um bom tempo, a Strada deverá conviver com a Fiorino, pick up derivada do Uno, mas, de acordo com o diretor de comerciais leves da Fiat, José Vital Nogueira, isso não deve gerar disputa interna pelo mesmo mercado: ” A Fiorino tem um público muito fiel, que não dá tanta importância para o estilo do veículo mas sim para a relação custo – benefício, onde a Fiorino aparece como excelente opção por causa do seu preço mais baixo”. Nogueira lembra, porém, que a Strada terá, na verdade, que brigar com outras concorrentes, como a Courier, a Saveiro e a Pickup Corsa, todas derivadas de automóveis populares de grande sucesso no mercado nacional.

As irmãs maiores

Com uma venda anual de aproximadamente cino mil utilitários, a General Motors do Brasil (Chevrolet) é, graças ao desempenho da S10, líder no segmento de pick ups compactas com uma participação de 45%. No de utilitários esportivos, a Blazer bate nas margens dos 60%. Segundo o gerente de Marca S10 e Blazer, Samuel Russel júnior, a presença dos produtos GM no campo sempre foi bastante forte. Quem não se4 lembra da D20, que saiu de linha no final de 1996, dando lugar à Silverado, lançada em Março do ano seguinte. Com enfoque apenas rural, a D20, agora Silverado, ganhou status de carro com estilo, conforto, luxo e robustez. De acordo com Júnior, uniu – se a necessidade do trabalho com o sonho do desejo. Para ele, a imagem de produto frágil, principalmente pelos traços de um novo design, não ocorreu nos veículos da GM. ” Criamos uma posição no urbano e fortalecemos nossa presença no campo. Tudo isso, sem esquecermos de que foi o rural que nos mostrou esse caminho.”

Com a inauguração da Chrysler do Brasil, em Julho de 1998, o setor de pick-ups midsize sofreu grandes mudanças.

A Dogde Dakota, em seus três primeiros meses de venda ( julho a outubro) acumulou um volume de comercialização de 1.500 unidades, registrando uma participação média de 10% nesse segmento. Até o final do ano, a companhia pretende fechar um balanço de 3.000 carros para o mercado interno. Com modificações previstas para dezembro deste ano, o produto ganhará, dentre outras novidades, a opção de motor diesel.

“Assim, estamos abrindo um leque maior de possibilidades ao consumidor. Esse fato, somado ao aumento gradativo da produção em 1999, permite – nos projetar uma participação de 20% para o próximo ano”, comenta o gerente de Planejamento de Produto – Dodge, Antonio Carlos Megale.

Quem tem, cuida

A fábrica da Chrysler, localizada em Campo Largo (PR), é fruto de um investimento de US$ 315 milhões e foi construída em tempo recorde, 11 meses. O volume inicial de produção está em 12 mil unidades/ano, mas sua capacidade total poderá atingir 40 mil veículos/ano. A indústria brasileira é a primeira da Dodge Dakota fora dos Estados Unidos. Para a concorrência, trata – se de uma situação de alerta, na qual cada companhia tem de melhorar ao máximo a performance de seus automóveis, além de zelar por uma imagem impecável.

Meio a essa luta, uma das empresas que aposta no universo dos utilitários é a Toyota do Brasil S/A. Há mais de 40 anos com o Bandeirante em linha, seus mais recentes lançamentos, como a Hilux, incluem melhorias que podem ser aproveitadas nas áreas urbanas e rurais. De acordo com o diretor Executivo de Marketing, Luiz Masaharu Nakagami, o modelo é o urbano que pode ir à fazenda. ” Suas características de automóvel de luxo impulsiona as vendas na cidade, mas sua robustez incrementa a comercialização para quem tem família grande ou precisa carregar produtos a lugares de terrenos difíceis”. Para o coordenador de Planejamento e Marketing da Nissan do Brasil Ltda., distribuidora da Frontier e da Pathfinder, Helio Akitoshi Ninomiya, trata – se de um conceito de uso misto, que mescla as exigências do consumidores que requerem veículos que sirvam para o lazer e para o trabalho.

“Assim, buscamos o desempenho em atividades off-road e em estradas asfaltadas. Conseguimos!”

Na Asia Motors, a sensação fica por conta da Galloper, que chegou ao mercado nacional em setembro. Na duas primeiras semanas que o produto passou para circuito comercial, foram vendido 200 unidades entre as versões 2.5 Turbo Diesel, 3.0 V6 Luxo e 3.0 V6 Super Luxo. Não é a toa que a empresa pretende, em pouco tempo, conquistar 10% do mercado de utilitários esportivos no Brasil. Sob sua incidência na área rural, vale lembrar que o carro leva um cavalo como símbolo. ” É o puro sangue da Asia”, orgulho – se o assessor de imprensa, Alexandre Moreno, anunciando ainda que, para 1999, existem projetos para importação da Galoper pick up.

A participação em dois anos consecutivos da Expointer e da Feira de Indaiatuba tem contribuído para a divulgação da marca junto ao setor. Depois do sucesso dos modelos furgões da Towner, principalmente com os carrinhos de cachorro – quente, as versões pick-up, desde que estão disponíveis aos consumidores brasileiros, vêm aumentando suas vendas. No primeiro ano, em 1993, com as operações iniciadas em junho, atingiu – se a comercialização de 37 veículos; em 1997, foram 824; e, até setembro deste ano, 704. Na BMW do Brasil Ltda., os carros da Land Rover mantêm sua rusticidade espalhada por mais de 120 países. Sua longevidade tornou – se uma de suas características mais marcantes. Há informações de que dos aproximadamente três milhões de Land Rover produzidos desde 1948, 70% ainda estão em uso pelo mundo. Até o final deste ano, espera – se vender 1.100 utilitários esportivos da Land Rover – até setembro haviam sido comercializados 730 unidades. Para 1999, o objetivo é elevar esse números para 2.000. Na linha de frente para atender o público rural está a Defender, o modelo mais tradicional da companhia, que possui um design tido como ” antiquado”, em função de suas linhas quadradas, à semelhança do veículo original, lançado há cinco décadas. ” Isso torna – se um incentivo, pois caracteriza a tradição desse veículo e desmistifica aquela idéia de carro ” bonitinho”. A Defender tem carisma e transmite robustez”, pontua o assessor de imprensa, Ricardo Panessa. Com carroceria de alumínio, a Defender é apropriada para locais com alto índice de salinidade, pois resiste à corrosão. Como é possível notar, são tantos os modelos e empresas que atuam nesse segmento que a Revista Rural preparou um amplo show-room, com uma vitrine do que há de mais moderno e sofisticado em utilitários.

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