Este processo sustenta – se apoiado em duas coordenadas: a mais importante diz respeito ao aproveitamento total da propriedade a partir da diversificação de culturas, e a mudança de visão do proprietário rural, a medida em que os ganhos advindos do agrobusiness se impõem cada vez mais. Quem nos traça este novo panorama é Aloísio Feres Barinotti, diretor da Commercial Properties, uma das empresas que mais tem se destacado neste segmento. Para ele, ” os proprietários rurais sentiram o problema de não gerir a terra corretamente, de modo racional, e não tiveram outra alternativa a não ser investir em tecnologia e novas soluções para o aproveitamento da terra. Portanto, quem não se encaixar nesta nova realidade, ou vai ficar ou vai ficar estanque no tempo, perdendo muito dinheiro”.
Segundo uma análise geral do mercado e considerando os negócios de maior vulto realizados pela Commercial Properties, Barinotti avalia que foi justamente a noção de agribusiness que deu um novo impulso ao mercado nestes dois últimos anos. Impulso, aliás, alavancado por alguns investimentos vindos de fora. Embora não cite os titulares de alguns destes negócios, Baronotti aponta vários projetos em desenvolvimento. No sul da Bahia e em São Paulo, por exemplo, um grupo de Portugal está investindo pesado em atividades pastoris e no cultivo da laranja, respectivamente. ” É preciso salientar que estes investimentos tem como meta o agrobusiness e baseiam – se não apenas na diversificação de culturas mas também na diversificação de negócios”, afirma Barinotti. Prova disto são os 50 milhões de dólares desembolsados por um grupo inglês para desenvolver um projeto que combine, numa mesma propriedade, atividades agropastoris e hotelaria. Consequentemente, incrementa – se também o turismo.
A propósito, um projeto semelhante também está sendo implementado por um grupo brasileiro, embora o valor do investimento seja um pouco menor. ” Estes projetos se auto sustentam, porque um negócio alavanca o outro e não existe a necessidade de novos investimentos”, explica o diretor da commercial Properties. A vinda de grupos estrangeiros para o Brasil explica – se principalmente pelo baixo valor das propriedades rurais (e a possibilidade de aquisição de grandes áreas) e também a qualidade da terra. Por outro lado, é grande o estoque de propriedade geridas por bancos, encampadas por processo de falência, e que muitas vezes são negociados diretamente com este grupos. Das últimas cinco grandes propriedades negociadas pela Commercial Properties, a generalidade está sendo utilizada para agricultura e fruticultura. Embora entenda que o mercado sempre esteve mais fortemente vinculado às atividades pastoris, Barinotti indica uma tendência momentânea para uma maior demanda por terras voltadas para a agricultura. ” Tanto assim que atualmente muitas áreas de pastagem estão se transformando em áreas de plantio”, diz Barinotti. Num prognóstico para o setor nos próximos anos, Barinotii acredita que o aquecimento de mercado de compra e venda de terras ocorra tanto mais pela consolidação do agrobusiness, nas condições de aproveitamento generalizado da terra, que por iniciativas do governo. ” Vai haver uma expansão natural dos negócios porque é inegável a mudança destes conceitos tradicionais que regem as atividades agropastoris. A terra encarada como agrobusiness é uma exigência e não um modismo”, conclui.