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A união faz a força!

A incorporação ou compra de uma empresa por outra, ocorre como mecanismo de expansão da companhia tanto âmbito nacional como internacional, na história da industrialização. Nos últimos 25 anos, as grandes firmas passaram por reestruturações como forma de enfrentar ou buscar respostas a contextos como a globalização econômico financeira, mudanças tecnológicas, modificações na forma de atuação dos Estados e nos padrões de consumo. Com essa afirmação, a engenheira de alimentos e pesquisadora científica do IEA – Instituto de Economia Agrícola, de São Paulo, Geni Satiko Sato, diz que na “arquitetura organizacional” das grandes empresas essa reestruturação ocorre de forma diferenciada através de fusões, aquisições e associações, com objetivo de um novo posicionamento competitivo. Com a necessidade de um processo ágil, essas reformulações acontecem, não apenas através da venda e aquisição, mas também via join-ventures, franchising, alianças e redes.

No contexto atual, acrescenta, as fusões/aquisições são mecanismos viabilizadores de arquiteturas estratégicas mais complexas. As grande empresas produzam uma expansão orientada na capacidade gerenciais – organizacionais – tecnológicas, ou seja, com base em suas corecompetences ( competências centrais). Como exemplo de uma fusão estratégica cita os casos do Chase com o Chemical Bank, nos Estados Unidos, e da Ciba – Geigy com a Sandoz, (ambas suíças), na Europa.

“A partir de 90, cresceram os investimentos”

Apesar de ser uma operação comum no mundo industrializado, esse processo somente contempla os países em desenvolvimento a partir de 1990, com um aumento do fluxo de investimentos diretos. Essa tendência, segundo Geni Satos, pressupõe a existência de fatores econômicos favoráveis, como taxa de crescimento, tamanho do mercado doméstico, altas taxas de lucros, infra – estrutura e câmbio valorizado. É preciso, ainda, uma política econômica que permita o crescimento do setor privado, reformas macroeconômicas, liberalização dos mercado e privatização. O Brasil está no ranking dos dez países em desenvolvimento (ou emergentes) que mais despertam o interesse do capital estrangeiro pelo investimento direto. Geni Sato lembra que, apesar do fracasso no combate à inflação, o Plano Collor deu início aos processos de reestruturação macroeconômica, abertura de mercado e privatização. Em 1993, acrescenta, ocorreu um aumento de 26% no número de fusões e aquisições, em comparação ao ano anterior. “E ainda há espaço para um boom, pois o total de incorporações ainda é pequeno pelo tamanho de economia do País”. Segundo ela, os setores que lideram em números de fusões e aquisições, no período 94/97, foram o de alimentos, bebidas, fumo, bancos e finanças. Para ela, o setor de alimentos é de interesse estratégico para as multinacionais.Como reforço de argumento, cita a atuação da Parmalat e do grupo Bunge Y Born.

Para Geni Sato, o que dificulta, um pouco, o ritmo dessas aquisições, no Brasil, são a escassez de recursos de longo prazo e a preponderância, na indústria nacional, de um perfil administrativo tipo familiar. Apesar disso, a recente venda de Ceval, do grupo Hering, que opera no esmagamento de soja e carne industrializada, para a Santista Alimentos, grupo Bunge Y Born, mostra que o setor ainda é alvo de empresas globais que usam estratégias agressivas na compra de grandes companhias nacionais.

“CONCENTRAR O CAPITAL, UMA TENDÊNCIA”

Ainda conforme Geni Sato, a reestruturação do sistema agroalimentar tem sido correlacionada com a necessidade de flexibilização da produção frente a uma demanda cada vez mais sofisticada. Porém, no Brasil, essa reformulação tem sido caracterizada como parcial, decorrente da heterogeneidade dos diversos segmentos, seja devido à base tecnológica ou aos condicionantes de mercado. As transnacionais têm entrado nos espaços de competição que apresentam maior possibilidade de diversificação e expansão da demanda. Um estudo feito pelo Cebrap – Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, indica uma forte tendência de concentração do capital no setor de alimentos. A entidade identificou os seguintes segmentos: trigo – treze grupos industriais têm 47 dos 201 moinhos cadastrados; pães industriais – 75% da produção têm quatro marcas – Plus Vita, Pullmann, Seven Boys, Wickibold, sendo que as duas primeiras foram adquiridas pela Santista Alimentos; Biscoitos – quatro grandes grupos respondem por 44% das vendas – Nestlé, BSN, M. Dias Branco e Nabisco / Fleishmann Royal; chocolates – a Philips Morris, que comprou a Lacta, em 96, mais Nestlé e Garoto concentram 90% do mercado; aves – quatro empresas detêm 28,1% do mercado – Sadia 12,7%, Perdigão 5,7%, Ceval 5,2% e Frangosul 4,5%; carnes industrializadas – apenas quatro empresas, Sadia, Perdigão, Seara e Chapecó, dominam 70,7% para embutidos tipo salsicha, 71,3% para presuntos, 52,2% para linguiças e 51,9% para mortadelas. Geni Sato afirma, ainda , que a perspectiva de consolidação do Mercado Comum do Cone Sul (Mercosul) é um atrativo para que empresas multinacionais utilizem o Brasil como base estratégica na America Latina. Nesse sentido, cita algumas associações entre empresas como a Antártica como a Anhauser – Busch, da Brahma com a Barilla (massa), da internacional Paper com a Toga (embalagens) e da Continental (fogões) com a Bosch. Para ela, no Brasil o número de fusões e aquisições vem apresentando tendência de crescimento devido a fatores econômicos e políticos favoráveis, com destaque para o setor de alimentos, cujo mercado consumidor tem potencial de crescimento significativo e no qual as barreiras a entrada são facilmente eliminadas pelas multinacionais, pois possuem capital e domínio tecnológico. As empresas nacionais que conhecem bem o mercado interno e têm seus canais de distribuição desenvolvidos, são alvos de aquisições estrangeiras. No entanto, Geni Sato afirma que a nova configuração do setor de alimentos ainda não é clara, pois apresenta enormes diferenças nos diversos segmentos. A concentração, assinala, é mais perceptível nas atividades voltadas para o mercado segmento, com possibilidades de desenvolvimento de linhas de produto e valorização de marcas, finaliza.

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