Pecuária

Receitas para uma alta produção

Associação de criadores, que realiza o Serviço de Controle Leiteiro (SCL), há mais de 50 anos divulga o ranking com as 50 maiores lactações – até 305 dias -,das quatro principais raças criadas no país. O SCL mede o teor de proteína e gordura do leite, além de detectar a mastite subclínica e, sobretudo, quantificado a produção atesta a qualidade do animal e do leite. Segundo o gerente do SCL Cláudio Sabatini, a importância desse serviço está na orientação ao pecuarista na aplicação de novas tecnologias, que resultam no incremento da produtividade dos rebanhos associados. Para ele, esse instrumento deve ser utilizado por todos aqueles criadores que procuram melhorar a genética de seu criatório e a qualidade de seu leite. E ressalta: os produtores devem ficar atentos ao mercado pois, mais cedo ou mais tarde, o pagamento pela qualidade do leite será realizada no Brasil. E quem não estiver preparado vai desaparecer.

Alguns plantéis destacam-se pelo alto número de matrizes classificadas no ranking de cada raça. É o caso da Nova América, que teve 13 animais relacionados da raça Holandesa. Na relação da raça Jersey, a Fazenda Nogueira Montanhês estava representada por 29 exemplares. A Fazenda Brasília Fez 25 animais da raça Gir como proprietária e mais três com sua marca e, a Agropecuária Itapemirim, com o Pardo-Suíço, classificou 15 animais no ranking da ABC. Todos esses plantéis acreditam na qualidade genética e nutricional como arma de produtividade, por, alcançam resultados positivos na pecuária leiteira. Prova que não existe raça melhor, mas um trabalho competente, o que faz a diferença.

Rebanho rústico e produtivo

A Fazenda Brasília Agropecuária, propriedade de Rubens Rezende Peres, possui área de 3mil hectares, sendo reservados para a criação 400 fêmeas da raça Gir PO, 500 hectares, na cidade de São Pedro dos Ferros, MG. Com uma infraestrutura enxuta, altamente funcional e com manejo simples, ela está atualmente, com 100 vacas em lactação, com una produção média individual de 6000 Kg de leite, com ordenha realiza manualmente, com bezerro ao pé, de duas vezes ao dia. Essa característica interessante ligada à rusticidade do Gir, que permite um sistema bem mais barato, aumentando a viabilidade do negócio. Segundo Fernando Gama Peres, veterinário da fazenda, a rusticidade e a facilidade de manejo da raça são nossos grandes aliados no trabalho realizado, que prima pela seleção e pela alta produção leiteira. Prova disso foi a posição que ficou no ranking da ABC do Controle Leiteiro, classificando 25 animais como proprietário e mais três com sua marca.

Criados a campo, em pasto de napier, colonião e braquiária, sendo confinados no inverno, os animais da Brasília passam por um processo rigoroso quanto a produção, sendo descartados quando não atingem a meta de 5.500Kg por lactação Para atingir tal meta, o manejo é diferenciado desde quando bezerras, que estão passando por um programa de desmama precoce, aos 60 dias, e recebendo ração apropriada. Enquanto novilhas, a alimentação é ofertada com acompanhamento de peso. Cada animal deve ganhar, no mínimo, 500g diários para atingir, aos 21 meses, cerca de 330Kg. Quando é detectada alguma carência, é oferecida uma suplementação de cana e uréia à vontade, além de 1/2 kg de fubá.

A partir daí, os animais vão para um lote de cio para receber a primeira inseminação, recebendo a mesma dieta. A dieta básica para as vacas em produção é silagem de milho, feno e caroço de algodão oferecida no pasto, nos piquetes, recebendo uma suplementação na ordem de 1Kg de ração para 3 litros de leite produzidos.

A média de produção na primeira cria é de 4.200 Kg, aos 35 meses e, o intervalo de cio após o parto não ultrapassa 60 dias. A Fazenda Brasília começou sua criação com Gir na década de 50 e, desde então, realiza o Serviço de Controle Leiteiro da ABC. Para Peres, é impossível avaliar um animal tecnicamente sem os dados concretos medidos nesse serviços. Também foi o primeiro criatório da raça Gir a realizar o Teste de Progênie, classificando deis touros como positivos.

A transferência de embriões também é realizada, a fim de aprimorar o seu rebanho dessa raça que tem, segundo o veterinário, o grande mérito de viabilizar a produção de leite no Brasil tropical, a partir de cruzamento com sangue Gir.

Auto suficiência em volumosos

De acordo com gerente de agropecuária Melchíades Donizeti Terciotti, a Cia. Agrícola Nova América tem na alimentação e no conforto dos animais, as armas fundamentais para a alta produção de leite. Reservando uma área de 200 hectares para a produção de silagem de milho, cultura rotacionada com a cana, e 30 ha para a produção de coast-cross e tifton para o feno, a oferta de volumosos é suficiente para alimentar todo o rebanho Holandês, com 1.323 animais. A ração, formulada na propriedade, é composta por farelo de soja, refinazil, polpa laranja peletizada, caroço de algodão, milho moído, cavada, minerais e vitaminas. A dieta é oferecida na forma de mix, ou mistura total, que resulta em uma alimentação homogênea, pois todos os componentes como feno, silagem e a ração são misturados. Dessa forma, o animal não escolhe o que comer e a produção alcança índices invejáveis. Atualmente, com 660 matrizes em produção, a Nova América, de propriedade do Grupo Rezende Barbosa, mantém uma média de 31 litros de leite diários por cabeça, com qualidade que rendeu a empresa o primeiro lugar no ranking do Controle Leiteiro da ABC, com 13 matrizes.

O conforto dos animais é garantido por um espaço físico que reserva área de 30 ha em piquetes para i criatório e ha reservados para as instalações de free stall, que recebem os animais divididos por idades e o restante entre a sala de ordenha que é mecanizada e com currais de entrada e saída com ventiladores e aspersores, escritórios, piquetes gramado e um paridouro – Com cochos cobertos e camas de areia inorgânica, que acolhe os animais às vésperas de parir. Há também uma área para os partos, com baias individuais em um ambiente seco, higiênico com sombra e, uma outra amplas, com ventilação e aspersão para onde as vacas vão depois de paridas.

Aliando, então, a alimentação de qualidade com o conforto físico, o gerente inaugura seu trabalho com as bezerras, que ficam no paridouro junto com as mães junto com as mães por 24, horas tomando cerca de 6 litros de colostro. Logo após, vão para o bezerreiro com baias individuais, onde recebem cerca de 4 litros de leite por dia e feno a partir do primeiro mês de idade. Aos 60 dias, atingem 85 Kg e são desmamadas, passando a receber ração peletizada à vontade. Ao alcançar 100Kg, os animais são agrupados em lotes de 7 a 10 animais, ficando em piquetes coletivos e recebendo feno até os 10 meses, e a dieta balanceada em forma de mix. As dietas possuem os mesmos ingredientes. Nós apenas as balanceamos de acordo com a idade e a fase de cada lote, explica o gerente. Depois do décimo mês, é suspensa a oferta de feno, e os animais recebem o mix até 60 dias antes do Parto, quando são separados em lotes pré-parto e recebem a ração formulada para essa fase. As novilhas recebem a primeira inseminação com cerca de 14 meses, quando pesam 340Kg. Os animais prenhes, com cerca de 15 dias antes de parir, recebem uma dieta especial aniônica, com mais fibra para um final de gestação mais equilibrada, explica o gerente. A dieta das vacas em produção é oferecida duas vezes ao dia, totalizando cerca de 22Kg de matéria seca, que ficam á disposição no cocho do free stall. Estamos conseguindo uma média de produção na primeira cria de 27,5 litros com picos de 33 litros, informa Melchíades, explica que as inseminações seguintes são realizadas no primeiro cio após 60 dias do parto.

Investimento alto em genética

Reconhecida por possuir a concentração genética da raça Jersey em um só criatório, a fazenda Nogueira Montanhês busca a produtividade na atividade leiteira investindo ainda mais no incremento e na preservação dessa qualidade. Aliado a genética, o manejo, a nutrição e a sanidade dos animais, a fazenda mantém, atualmente, um rebanho com mais de 500 vacas em seu plantel, sendo 203 vacas em lactação, com uma media diária de 4 mil litros de leite. A grande preocupação da criadora Sueli Alves Nogueira, além de manter a genética dos animais utilizando inseminação artificial, transferência de embriões – com sexagem -, e controle ponderal, é com a nutrição. A qualidade da alimentação é fundamental para o desenvolvimento do rebanho, esclarece a criadora, por isso, a Nogueira Montanhês mantém uma outra unidade de 325 hectares para o plantio. Em 20 hectares são plantados alfafa, em 37 hectares coast cross para feno e, no restante, milho para silagem e em grão. Essa fazenda supre o abastecimento de volumosos para o ano todo, tornando a fazenda auto suficiente em alimentação. Nós temos uma fábrica de ração, que produz a quantidade suficiente para o consumo dos animais e temos, também, um misturador, onde fazemos a dieta total, explica a criadora. A ração, que tem como base o milho, farelo de trigo e de soja, soja estrusada além de glutenose, vitaminas e sais minerais, sofre diversas variações para serem oferecidas aos animais em diferentes fases, de acordo com um manejo que, segundo a criadora, é simples para não causar stress. A simplicidade desse manejo compreende na separação da área da fazenda de 160 hectares em cinco estábulos e 49 piquetes formados de coast cross e tifton. Separadas por idade, os animais fazem um rodízio entre esses dois locais, configurado-se em um sistema rotativo entre oito piquetes, onde dormem. Sua alimentação começa a ser complementada no cocho com a dieta total faltando 30 dias para o parto, com uma maior concentração de sais aniônicos. Nesse período, vão para o estábulo que contém um piquete, baia de parição, apoio de ordenha, farmácia e área de isolamento.

Os bezerros machos são descartados as fêmeas são apartadas imediatamente após o parto, seguindo o exemplo de criatórios americanos. Tomam o colostro na mamadeira por 48h no bezerreiro e depois, recebem 4 litros de leite, ração à vontade, feno de alfafa e alfafa em rama. Após o desmame – feito aos 4 meses -, os animais seguem para o novilheiro, passando os dias nos piquetes, sendo recolhidas á noite, quando recebem alimentação suplementar de acordo com a idade, permanecendo lá até 30 dias antes da parição.

As Vacas em lactação – todas jovem com até três crias produção acima da média -, permanecem em estabula fazendo rodízio em piquetes, recebendo também a ração total. A dieta altera-se de acordo com a lactação, diferenciando as dosagens dos componentes da ração para animais com uma produção acima ou abaixo de 25 Kg. As vacas são ordenhadas três vezes ao dia, em sala de ordenha automatizada, e todas são controladas pelo serviço de Controle Leiteiro da ABC que, por oferecer relatórios completos, é utilizado como um importante apoio no gerenciamento da fazenda, completa Sueli. No ranking do SCL da ABC de 1996, a Fazenda Nogueira Montanhês relacionou 29 animais como Tops.

Simplicidade e eficiência no manejo

A Agropecuária Itapemirim S/A, de propriedade de Camilo Cola, mantém na Fazenda Pindobas, cerca 380 animais da raça Pardo-Suíço – linhagem leiteira -, com qualidade que rendeu no ranking da ABC, posição destacada, com o maior número de animais da raça relacionados dentre os participantes: 15. Segundo Simão Andrião, diretor de agropecuário da Itapemirim, o Pardo-Suíço, raça apresenta dupla aptidão, tem uma facilidade de manejo e uma rusticidade que garante os bons resultados na produção. O manejo desenvolvido na fazenda é simples, com uma área dividida em piquetes – de coast cross e tifton -, e free stalls para as vacas em lactação. Em outra propriedade, 400 hectares são utilizados para o plantio de milho e gramíneas para feno que atende o consumo anual do plantel e tem o seu excedente, comercializado. A alimentação é encerada como a principal aliada para a obtenção de altas médias, por isso Simão fornece cerca de 28 Kg de dieta total quatro vezes ao dia as vacas em lactação, únicas que ficam confinadas. Essa dieta, produzida com ração à base de farelo de milho, farelo de soja, farinha de trigo, farinha de carne, melaço em pós, sal tampão e sal ração além de polpa cítrica e volumosos, é formulada de acordo com a produção de cada animal. A dieta total vem garantido um aumento na produtividade da ordem de 25%, afirma o diretor. As vacas secas e jovens ficam em piquetes rotacionados, recebendo ração produzida na própria fazenda.

As bezerras, tomam em média 6 litros de leite por dia na mamadeira até os 30 dias, quando passam a receber 4 litros diário até o desmame. São desmamadas quando atingem 100 Kg, com aproximadamente 80 dias. Quando atingem esse peso, são desmamadas e passam a receber ração apropriada, feno à vontade e sais minerais até 15 meses, quando estão com 300 Kg e serão inseminadas. Confirmada a prenhez, esses animais vão para um free stall, recebendo silagem de milho e feno. Próxima a parição, os sais minerais e o concentrado são suspensos, evitando, segundo o diretor, casos de edemas. Na prenhez, eu não ofereço esses dois componentes para as vacas, para evitar o inchaço no sistema mamário, explica Simão. A ordenha mecanizada é realizada três vezes ao dia, com uma média geral de 24 litros diários.

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