Do
campo para a indústria
A
erva mate é despejada em uma máquina conhecida
como sapecadeira. É no sapeco que as folhas e os ramos
entrarão em uma fornalha e parte da umidade será
retirada. Tal processo evita o enegrecimento das folhas
que comprometem o seu valor comercial, revela Borcath.
De acordo com ele, depois da secagem, as folhas são
submetidas ao cancheador. É a fase da trituração
da erva mate, afirma.
Após ser cancheada, a erva encara a máquina
de moagem. As folhas são pulverizadas e moídas,
reforça. A peneira é o próximo passo
a ser dado. É aí que separamos o palito
das folhas, conclui. Segundo Borcath, a erva moída
entra em um processo de silagem e, só então,
há o ensaque.
A matéria prima embalada é levada a uma outra
fábrica onde acontecerá a fase do engenho. Ao
receber a erva cancheada, a estocamos nos depósitos
da empresa. Lá ficarão em repouso durante algum
tempo, continua o supervisor de produção
da Leão Jr., empresa líder no mercado nacional
de chás, Edson Luis Langner. De acordo com ele, todos
os sacos são pesados e, a partir daí, entram
definitivamente no sistema de engenho. Primeiro há
a separação das folhas e dos talos. Depois vão
para os moinhos e, só aí, serão beneficiados,
conta. Os talos vão para o sistema de torração
e as folhas, já moídas, serão divididas
em finas e grossas. As folhas finas, assim como os talos,
serão utilizadas na torração e no chimarrão.
Tudo isso é exportado para o Uruguai e Chile.
Uma parte é destinada ao mercado brasileiro,
revela.
Enquanto as folhas finas são usadas na linha de extração
da erva que resultarão em chás líquidos,
as grossas serão transformadas em mate a granel (chá
torrado). De acordo com Langner, no engenho se produz aproximadamente
5 produtos diferentes, ao passo que na torração
pode-se contar com mais 3. Na linha de chimarrão
há cerca de 10 marcas e, na extração,
mais 2 tipos de produtos são produzidos, completa.
O
início de tudo
A
erva mate, originária da região subtropical
da América do Sul, pode ser encontrada no sul do Brasil,
norte da Argentina, Paraguai e Uruguai. As técnicas
de plantio, apesar de não serem complexas, requerem
atenção. Para que o cultivo desta planta seja
realizado com sucesso é preciso saber que os melhores
dias para o plantio são os chuvosos ou encobertos.
O mês de Agosto é o mais propício já
que é nesta época que a planta encontra-se em
repouso vegetativo. Além do clima é preciso
ficar atento a elementos como: produção de mudas
e solo.
A princípio escolhe-se a semente. È bom
utilizar sempre as matrizes, escolher os pés que tenham
mais folhas, alerta Joarez Borcath. De acordo com ele,
o fruto é colhido bem maduro e então é
feita a esmagação nele, diz. A semente
é colocada na areia por aproximadamente 6 meses e depois
jogada na terra. Deve ser semeada como se fosse um pé
de alface, compara. Em torno de 70 dias começa
a germinação. E em 150 dias já
se tem mudas de 5 cm as quais são levadas para o repique
conhecido também como jacazinho, conta. As mudas
ficam nos repiques até completarem 1 ano de idade e
atingirem um padrão de 15 a 20 cm. Aí
já estão prontas para serem cultivadas no campo,
pontua.
Contudo, antes de irem para o campo, a proteção
das mudas nos viveiros é essencial. A sementeira
é protegida 560. Quando as mudas vão para o
jacazinho devem ser cobertas com sombrites, conta o
técnico da fazenda. Os sombrites vedam 70% das mudas
que são regadas a cada 3 ou 4 dias até atingirem
o primeiro ano de vida. Aí a gente dá uma judiazinha
na erva para climatar. Deste modo, ela não vai tão
sensível para o campo, diz.
O solo é outro fator de extrema importância para
o bom desenvolvimento da erva. Deve ser preparado como se
fosse qualquer outra cultura: feijão, milho ou soja.
De acordo com Borcath, as mudas devem ser plantadas com um
espaçamento de 3X2 caso a manutenção
a ser realizada for mecânica. Se for manual, 2X2 é
o espaçamento adequado.
Os sistemas de plantio podem ser divididos basicamente em
3 tipos: adensamento, em linhas retas ou em níveis
de curva. O adensamento consiste em plantar as mudas
debaixo da mata nativa. Deve-se intercalar as mudas com as
já existentes na mata, conta Borcath. De acordo
com ele, o método em níveis de curva é
ruim e não deve ser utilizado. Em nosso caso,
usamos o sistema céu aberto em linhas retas,
conta. Para ele, além de favorecer a manutenção,
este sistema não apresenta riscos de erosão.
O cultivo da erva mate é uma tradição
antiga. Os índios das nações Guarani
e Quínchua tinham o hábito de beber infusões
com as folhas do mate. Contudo, a erva não está
só presente na vida dos índios. Muitas pessoas
fazem dela um instrumento de sobrevivência. Eu
me criei trabalhando na colheita da erva. Trabalho desde os
7 anos. Comecei com os meus pais. Sou do tempo em que a colheita
era feita em taquara, lembra a quebradora de erva, Ironi
Maria Matoso. Quebrava a erva e fazia bolas de 100 a
150 kg que eram arrastadas por cavalos, conta. Há
9 anos, Ironi trabalha em Fernandes Pinheiro, no Paraná.
Agora quebro erva no ponche, comenta. Já
Inivercinda Ribeiro Fernandes é mais novata na área.
Trabalha somente há 4 anos. Quebro erva e é
disso que sobrevivo. É o sustento da minha vida,
diz.
Mercado
se mostra promissor
Segundo
pesquisas da ACNielsen, empresa líder global em informações
sobre o consumidor e o mercado, o consumo de chás líquidos
no Brasil está crescendo. O mercado nacional
registrou um aumento de 22,75% nas vendas destes produtos
em relação a 2005, consta. O volume de
chás líquidos prontos para beber em todo o país
cresceu de 7,69 mil litros nos meses de fevereiro e março
de 2005 para 9,44 mil litros, no mesmo período, em
2006. A pesquisa aponta que o brasileiro consumiu mais de
5 mil quilos de chás secos no último ano. A
erva mate liderou as vendas, com quase 70% deste volume total.
De acordo com o gerente da área industrial da Leão
Jr., Fernando Rebelatto, apesar de apresentar um crescimento
significativo, o consumo do brasileiro ainda é baixo
se comparado a países como a Inglaterra. Há
uma diferença muito grande em relação
ao consumo efetivo de chás. Nós, da Leão
Jr., temos lutado para aumentar o consumo da erva mate no
Brasil, confessa. Para isso estamos criando novos
sabores como o de inverno e verão para alavancar o
consumo per capita, conclui.
Rebelatto ainda conta que o perfil dos consumidores se divide
em 2 segmentos: Na linha seca, temos as donas de casa.
Normalmente elas optam pelo mate a granel. Já na linha
líquida, o público é mais jovem,
detalha. Segundo ele, o mate pode ser comercializado em saches,
a granel ou em produtos prontos para o consumo.
Produto
tem grande aceitação
Por
ser uma planta capaz de combater doenças, como anemia,
diabetes e depressão, e possuir um grande valor nutricional,
a erva mate era considerada desde a época dos indígenas
como um néctar dos deuses.
O mate contém quase todos os nutrientes que o organismo
humano precisa e é capaz de estimular a atividade física
e mental. Estudos mostram que estão presentes na erva
vitaminas como as do complexo B, C, D e E, e sais minerais,
como cálcio, manganês e potássio. Além
disso, ela é rica em polifenóis que é
um anti-oxidante, acrescenta a nutricionista da RG Nutri,
Heloísa Guarita.
De acordo com ela, a erva mate combate células cancerígenas
e retarda o envelhecimento. A principal característica
é que ela tem o poder de eliminar a oxidação
das células de colesterol ruim, declara. Segundo
Guarita, o mate evita o acúmulo de placas de ateroma
que causam o entupimento das artérias.
O chá mate, além de auxiliar na digestão
e na hidratação, é um estimulante. Há
nele uma quantidade de cafeína que funciona como um
estimulante oferecendo mais ânimo e disposição,
conta a nutricionista. Entretanto, o consumo deste produto
deve ser dosado caso o usuário sofra de insônia
ou irritabilidade. As pessoas agitadas, nervosas ou
que têm insônia devem evitar o consumo do chá
mate a noite ou durante o jantar, alerta. Outra opção
é colocar mais água do que mate ou misturá-lo
em outros tipos de chá para que na infusão haja
uma quantidade menor de cafeína, sugere. O
mate misturado ao chá vermelho ou a canela é
uma boa alternativa, complementa.
Por hidratar, o chá mate também auxilia na cura
de mal estar como a ressaca. O álcool desidrata
e como o mate possui uma quantidade baixa de açúcar
ajuda na hidratação do nosso corpo, diz.
De acordo com Guarita, há algumas pesquisas que visam
estudar e comprovar cientificamente o poder do mate. O
combate do câncer e o efeito antioxidante da erva são
as mais estudadas no momento, conta. Segundo ela, tais
estudos estão concentrados no Brasil e na América
do Sul.
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