Evidências
fósseis provam que os milhos atuais produzem cerca
de cinqüenta vezes mais do que os milhos primitivos.
Na verdade, em muitos casos, um único grão de
certas variedades atuais do milho contém maior quantidade
de alimento do que todos os grãos de uma espiga primitiva.
Porém, o aumento desta produtividade não foi
conseguido por acaso, mas por etapas, partindo dos métodos
empíricos usados pelos índios, até chegar
aos dias atuais, em que se empregam técnicas de genéticas
bastante avançadas. Não há dúvida,
que os índios conseguiram melhoramento considerável,
usando a seleção massal - que é o mais
simples dos métodos. E embora este método fosse
de progresso muito lento, praticado constantemente, por centenas
ou talvez milhares de gerações, ele produziu
melhoramentos significativos até hoje. Assim, com técnicas
modernas de melhoramento genético, o homem acabou obtendo
os milhos híbridos, que teve início nos EUA
por volta de 1905.
O desenvolvimento do milho híbrido contribuiu para
um espetacular aumento de produtividade, sendo mesmo o exemplo
mais significativo da aplicação da genética
no aumento da produção de alimentos. A utilização
do milho híbrido é um dos maiores indicadores
de altas produções e produtividades. As plantações
de grandes produtores mundiais - como Estados Unidos, China
e Argentina - são baseadas em sementes híbridas.
E com o Brasil, terceiro maior produtor mundial, não
poderia ser diferente.
"Atualmente, a base genética disponível
para os diversos programas de melhoramento do Brasil é
muito melhor e mais ampla. Houve uma massiva introdução,
avaliação e melhoramento de populações
de milho e desenvolvimento de linhagens, bem como desenvolvimento
de metodologias e geração de conhecimento científico
que resultaram no desenvolvimento de milhos híbridos
e variedades de milho com maior potencial de produção,
porte baixo, diversidade de ciclo (do "hiperprecoce ao
tardio"), valor agregado de uso, e melhor adaptação
a maior densidade de plantio e às diversas regiões
e épocas de plantio", lembra o pesquisador da
Embrapa Milho e Sorgo, Paulo Evaristo Guimarães.
"Comparando com as variedades, o milho híbrido
ocupa área muito maior, apresenta maior potencial de
produtividade e é plantado em regiões, ambientes
e sistemas de produção mais favoráveis
(melhores níveis de fertilidade do solo e precipitação
pluviométrica, maior utilização de insumos,
épocas, áreas planas e plantio direto). Esta
conjunção de fatores permite a afirmação
que a safra comercial de milho no Brasil é muito dependente
da utilização de sementes híbridas em
lavouras altamente tecnificadas e situadas em ambientes favoráveis
para a cultura do milho", ressalta Guimarães.
Dados
da Evolução do Milho Híbrido
Hoje,
o Brasil lidera investimento em desenvolvimento de cultivares
de milho híbrido tropical. E é um mercado altamente
competitivo. Segundo dados do Ministério da Agricultura
Pecuária e Abastecimento (MAPA), 19 empresas estão
atuando na área de melhoramento desta cultura no País.
E ainda de acordo com os dados, há sementes disponíveis
de 228 cultivares de milho, sendo 199 de híbridos e
29 de variedades. Na safra 04/05 foram produzidas cerca de
187 mil toneladas de sementes híbridas e 19 de variedades,
volume, se totalmente comercializado, suficiente para o plantio
de aproximadamente 8,4 milhões de ha e 0,97 milhões
de ha, respectivamente.
"Na verdade, o melhoramento genético procura produzir
plantas mais produtivas e mais resistentes às pragas
e doenças. O melhoramento é uma prática
que nunca chega ao limite, porque sempre há uma variabilidade
genética para ser melhorada. Com o milho, por exemplo,
há anualmente um aumento de 0,5% de produtividade sem
que tenha chegado ao seu limite ainda.
Portanto, existe muito espaço no aumento da sequência
desta produtividade e cada vez mais tem que ser melhorada.
Sempre há também o aparecimento de novas pragas
e doenças e freqüentemente existe uma necessidade
de adaptação específica ao clima, milhos
tolerantes à seca, por exemplo, de modo que o trabalho
no melhoramento nunca tenha fim. Costumo dizer que o melhorista
de plantas, vence todas as batalhas, mas nunca ganha a guerra",
comenta Ernesto Parteniani, engenheiro agrônomo e doutor
em agronomia pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz
(Esalq), um das mais importantes personalidades do agronegócio
que desenvolveu ao longo de sua carreira metodologias para
identificação das melhores fontes de germoplasma
de milho.
Sem dúvida, na opinião dos pesquisadores, o
melhoramento do milho é um dos mais ativos campos da
genética aplicada. Assim, procura-se obter milhos mais
ricos em aminoácidos essenciais e com maior teor de
proteína, para aumentar seu valor nutritivo. "Atualmente,
estão em andamento estudos para produzir milhos resistentes
à seca, milhos anões de alta produtividade,
milhos com maior teor de óleo, carotenos e xantofilas,
milhos resistentes às pragas dos grãos armazenados,
plantas de maior digestibilidade para uso como silagem para
o gado. Milhos com tipos especiais de amido, como amilopectina
ou amilose, também estão sendo obtidos",
diz o doutor e engenheiro Ernesto Parteniani.
A cada ano, as novidades dentro do campo de pesquisa do milho
podem ganhar o mercado, onde o agricultor poderá ter
o grão com aptidões específicas e híbridas
com características nutricionais mais definidas, como
maior teor de óleo ou proteína. O que haverá
futuramente são espaços para todos os gostos,
bolsos e climas.
COMO
NASCE O HÍBRIDO
Para
se obter o milho híbrido se parte do princípio
das linhagens puras, as quais são cruzadas entre si,
dando como resultado a semente híbrida, que é
utilizada nos plantios comerciais. O milho híbrido,
como ocorre com todos os híbridos em geral, só
tem alto vigor e produtividade na primeira geração,
de modo que é necessário obter a semente híbrida
de novo todos os anos.
Alguns pesquisadores comparam o milho híbrido com o
cruzamento entre o jumento e a égua. Deste cruzamento
resulta um híbrido muito resistente, o burro ou a mula,
que combina as boas qualidades dos genitores e que não
se reproduz. O milho híbrido não é estéril,
mas não deve ser reproduzir, porque dá um produto
inferior.
"O milho híbrido corresponde à primeira
geração do cruzamento entre linhagens puras
apresenta grande produtividade e vigor. O desenvolvimento
de novas híbridos e variedades com Qualidade Protéica
Melhorada (QPM) e a realização de novas pesquisas
nas áreas de nutrição humana e animal
são condições necessárias para
que agricultores e consumidores venham a se beneficiar do
maior valor nutricional desses materiais", diz pesquisador
da Embrapa Milho e Sorgo, Paulo Evaristo Guimarães.
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