De
acordo com o técnico agrícola e proprietário
da Embriatec, Julio Fernando da Motta Silva, que mantém
um trabalho com fêmeas de ovinos e caprinos na região
de Porto Feliz, SP, a principal vantagem da sincronização
é que o produtor elimina a etapa da verificação
diária de cio, um trabalho demorado e que nem sempre
é sinônimo de resultados. Segundo Motta, na cria
de ovinos e caprinos essa técnica vem se mostrando
de grande valia. E isso devido ao ciclo reprodutivo mais curto
desses animais. "Com a IATF é possível
obter até 1,8 partos/ano e, a taxa de prenhes quase
nunca saia da casa dos 65%. Hoje, esse número já
é superior a 90%", destaca.
Outra vantagem da inseminação em tempo fixo
é a uniformidade das gerações. Segundo
Motta, essa homogeneidade favorece bastante o manejo dos animais,
o que diminui os custos com mão-de-obra. No caso da
produção de leite, a padronização
dos nascimentos permite ao produtor manter fêmeas em
lactação durante todo o ano, inclusive nos períodos
mais favoráveis à comercialização.
Já na produção de carne, é possível
o produtor obter lotes com carcaça mais padronizada,
o que agrega valor dentro do mercado. Uma dica importante,
segundo o técnico, e que vale para todo pecuarista
que pretende padronizar sua estação reprodutiva,
é seguir corretamente um dos protocolos técnicos.
"A sincronização deve ser planejada, verificando,
inclusive, o estado dos animais, uma vez que o escore corporal
dos animais é fundamental. "A tecnologia sozinha
não faz milagre. Se o produtor não oferecer
condições de criação mínimas
aos animais o resultado fica comprometido".
Além disso, o produtor deve fazer algumas adequações
na estrutura e no pessoal da fazenda para evitar problemas.
Na parte de manejo, duas coisas são importantes. Primeiro:
Quando colocar uma fêmea primípara na sincronização?
Hoje, o que se faz é exigir que o animal tenha no mínimo
um ano de vida e 35 quilos de peso vivo. O período
de anestro (intervalo entre partos) que precisa ser respeitado
é de 90 dias no caso de ovelhas e cabras.
Técnica
de simples aplicação
A
aplicação da técnica de sincronização
de cio em fêmeas de ovinos e caprinos é relativamente
simples. Atualmente, o método da esponja é o
mais usado nas fazendas. Motta diz que a procura se deve aos
melhores resultados que o método apresenta na comparação
com outros protocolos. Entretanto, há quem recorra
a subterfúgios para diminuir os custos de implantação.
A esponja caseira é uma prática perigosa, segundo
o técnico agrícola, pois pode causar sérias
infecções no útero da fêmea, por
fungos, bactérias e até vírus. A falta
de assepsia do instrumental cirúrgico e do local também
são fontes correntes de contaminação.
O proprietário da Embriatec observa que o baixo custo
do material certificado e o retorno que a atividade pode trazer
não justificam esse tipo de prática.
No caso dos caprinos, o protocolo ensina que o produtor ou
técnico responsável por realizar o manejo deve
introduzir uma esponja especial, com hormônio reprodutivo,
na vagina da fêmea. É importante que o responsável
não esqueça de aplicar uma dose de antibiótico
"prólise" antes da introdução
da esponja, para evitar algum tipo de infecção
oportunista. Depois de sete dias é indicado que se
aplique uma dose também intra- muscular de hormônio
reprodutivo. No nono dia faz-se a retirada da esponja e, nas
próximas 24 horas, observa-se o cio das fêmeas.
O técnico chama atenção para o prazo
de 48 horas após a retirada da esponja, que precisa
ser respeitado pelo produtor para que seja feita a inseminação.
"É muito importante que o criador respeite o prazo
máximo de 54 horas para inseminar todas as fêmeas,
pois, a partir daí, a eficácia do método
começa a diminuir".
No caso dos ovinos, eles possuem um protocolo específico
que tem a seguinte seqüência: O produtor escolhe
o dia zero para introduzir a esponja na fêmea. Ao invés
de aplicar o hormônio no sétimo dia, o produtor
espera até o nono dia após a introdução
e faz a retirada da esponja. É importante que o produtor
observe, uma dose de 2,0 ml para raças de ovinos deslanados
e 2,5 ml para os lanados. No décimo dia, além
da observação do cio e do efeito macho, faz-se
uma aplicação de 10% de bicarbonato de sódio
na vagina da fêmea e 48 horas depois, a inseminação.
Os cuidados com a assepsia de toda a instrumentação
e do local onde será feita a aplicação
são os mesmo do protocolo anterior.
Alguns métodos alternativos podem ser utilizados, porém,
os estudos mostram que eles apresentam menores resultados
práticos quando usados individualmente. O efeito macho
pode ser usado como método complementar para potencializar
o protocolo da esponjinha. Segundo o proprietário da
Embriatec, a aplicação do hormônio acelera
o processo de maturação dos óvulos, porém,
não é garantia de que as fêmeas vão
apresentar cio. Daí o produtor pode utilizar desse
método, deixando os reprodutores apartados das fêmeas,
durante um período de 60 dias, previamente planejados
e colocá-los no curral nas datas próximas à
inseminação. O hormônio masculino exalado
pelo macho causa o que o técnico chama de efeito dominó
nas fêmeas, que entram no cio uma atrás da outra.
"É impressionante o resultado causado, dentro
do curral, por essa indução natural das fêmeas".
Além dos métodos da esponja e do efeito macho,
o produtor ainda pode se valer do método que utiliza
luz elétrica. As fêmeas são deixadas dentro
de um galpão com luz artificial, de modo a reproduzir
uma situação de luminosidade que faça
a fêmea imaginar que está na fase propícia
à reprodução. De acordo com o proprietário
da Embriatec, esse método é pouco usado por
não apresentar uma relação de custo benefício,
vantajosa para o produtor.
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