Os
novos paradigmas de produção exigidos pelo mercado
exportador que mantém parâmetros estreitos na
relação de custo de produção e
remuneração, mais os altos preços da
terra, em grande parte das regiões do país,
são fatores que tornam a eficiência da produção
um ponto fundamental para se conseguir resultados positivos
dentro do negócio.
POR
MÁRCIO MINGARDO
Entretanto,
segundo especialistas, garantir níveis de produção
nas condições de pasto e clima tropicais não
é uma tarefa fácil. As principais espécies
forrageiras utilizadas no Brasil possuem uma quantidade enorme
de inimigos naturais e problemas ligados ao seu próprio
ecossistema que, se não houver uma intervenção
humana, fica praticamente impossível manter a produção
em patamares minimamente viáveis.
Patrícia Menezes Santos pesquisadora da área
de forragicultura da Embrapa Pecuária Sudeste, de São
Carlos, SP, explica que para medir os índices de produção
de carne e leite, nas condições dos ecossistemas
dos trópicos, dois componentes são fundamentais:
primeiro é a capacidade do bovino de transformar pasto
em carne. Para ela, do ponto de vista zootécnico, a
conversão alimentar do rebanho tem relação
direta com a qualidade nutricional e a digestibilidade da
matéria seca oferecida.
Outro aspecto considerado ponto chave para se produzir bem
nessas condições é a capacidade de suporte
dessas forrageiras, também chamado de estande forrageiro.
Trocando em miúdos, a produção diária
de uma fazenda vai depender do potencial de produção
de massa seca (MS) da espécie cultivada e sua eficiência
de colheita e/ou rebrota. "Uma característica
já bastante conhecida dos bovinos é que eles
realizam um pastejo seletivo da área, escolhendo as
folhas de aspecto mais jovial em detrimento das demais. A
ocorrência desse sobrepastejo nas folhas que estão
em fase de rebrota é um primeiro passo para a degradação
da área", observa a pesquisadora do CPPSE Embrapa.
Para se evitar esse e outros problemas que afetam o desempenho
das pastagens, a escolha não só da espécie
vegetal, mais da variedade da forrageira é considerado
ponto estratégico na implantação das
áreas de pasto. "A adoção de qualquer
técnica para produção de carne em manejo
intensivo de pastagens tem de ser feita, somente, após
analise e projeto que indique o melhor sistema a ser utilizado
nas condições de cada propriedade", enfatiza.
"Nos países de clima tropical e subtropical, há
grande potencial de produção de carne e de leite
em pastagens", conclui a pesquisadora.
A
quantidade de espécies é grande
A
variabilidade de espécies dos gêneros Panicum,
Brachiária e Cynodon, que, se bem manejadas, podem
participar da dieta dos ruminantes, na redução
dos custos de produção na pecuária é
bastante grande.
Atualmente as espécies mais plantadas no país
são do gênero brachiária. Originárias
da África estas espécies tiveram papel importante
na formação da pecuária brasileira. Sua
adaptabilidade aos solos ácidos e de baixa fertilidade
dos cerrados e demais regiões do Sudeste brasileiro
contribuíram para garantir a permanência da atividade
por décadas. As variedades mais plantadas são
a Brachiária decumbens, espécie que tem entre
seus atributos positivos a facilidade de estabelecimento;
a tolerância a solos ácidos e de baixa fertilidade;
elevada resposta à adubação; elevada
produção de sementes, adequada para utilização
na forma de pasto vedado. O principal problema que se apresenta
para essa cultura no uso na pecuária são os
problemas fitossanitários, causados por pragas, insetos
e nematóides. A cigarrinha das pastagens é o
principal inimigo. Além disso, é uma espécie
de difícil erradicação no caso de reforma
das pastagens ou mesmo consórcio com outras culturas.
A Brachiária brizanta, também conhecida como
"Capim Marandu" é uma das forrageiras mais
plantadas no país e destaca-se pelo seu maior porte
na comparação com as demais espécies
de brachiária. É uma planta de habito cespitoso,
ou seja, formadora de touceiras e seus atributos principais
são a resistência a cigarrinha das pastagens;
a elevada produção de matéria seca; alta
qualidade da forragem; boa produção de semente
e cobertura do solo, ponto desejado pela competição
que ela exerce com a invasoras; A espécie é
adequada para uso em vedação de pasto para o
inverno além de ser resistente ao ataque de formigas
cortadeiras de folhas.
As espécies do gênero Panicum Maximum são
apontadas como muito importantes para produção
de carne nas regiões de clima tropical e subtropical.
A cultivar Colonião é a mais difundida e, povoa
as pastagens há séculos. O aparecimento de novas
cultivares mais produtivas, fez o colonião praticamente
desaparecer, lembra Luciano de Almeida Corrêa ta,bem
pesquisador do CPPSE embrapa. Segundo ele, o interesse pelos
capins do gênero Panicum Maximum como: Tobiatã,
Vencedor, Centenário, Centauro, Aruana, Tanzânia,
Mombaça e Massai têm crescido nos últimos
anos.
Manejo
das pastagens requer cuidados específicos
Igual
ao modelo utilizado pela agricultura o processo de formação
e recuperação de áreas de pastagens demandam
uma série de procedimentos técnicos importantes.
O preparo do solo através de um controle químico
feito através de herbicidas ou da remoção
do solo, que mantenha as populações de plantas
nativas do local. Fazer uma analise das condições
do ecossistema local para identificar quais agentes bióticos
naturais essas plantas vai enfrentar. Em situação
de geadas o produtor deve buscar uma espécie resistente.
O mesmo deve ser feito para condições de alagados
ou de ataques de pragas.
Outro ponto que deve ser considerado é o sistema de
exploração que irá ser adotado. Se a
área vai ser usada para diferimento para o inverno
os panicuns não são indicados. Isso porque florescem
no mês de maio e quando chegar o inverno seu desenvolvimento
estará além do desejado. Se a escolha for por
um sistema de adubação o potencial de crescimento
dos panicuns é maior que o das brachiárias.
Agora, existe um impedimento que é o manejo dessas
plantas. Caso não haja pessoal qualificado na fazenda,
o manejo é mais complicado e de difícil medição.
Para isso é necessário se fazer um ajuste fino
para que a cultivar possa ser aproveitada da melhor forma.
Esse controle deve ser feito por uma pessoa que conheça
bem o processo de uso das forrageiras. Alguns questionamento
são importantes para servir de parâmetro de avaliação.
Qual é a quantidade de animais que vão ocupar
a área? Por quanto tempo esses animais vão ocupar
o piquete X ou Y ? Caso este animais fique muito tempo pastejando
num mesmo lugar o produtor incorrerá em dois erros.
O primeiro é o estresse da planta e o outro é
a resposta do bovino que tem relação direta
com o item anterior. Só que podem acontecer situações
onde por causa de um veranico de 20 ou 30 dias, muito comum
de acontecer, e o produtor chega na hora de usar o piquete
e este ainda não está pronto para receber o
gado. Aí é que entra o ajuste fino falado anteriormente
que precisa ser feito todos os dias e com muita atenção
para que o gado possa suplementado até que o pasto
restabeleça sua condição novamente.
A estrutura da planta e o seu valor nutricional estão
relacionados com a quantidade de folha que o bovinos vai ingerir
diariamente. Além da idade da planta que vai determinar
a qualidade nutricional e de digestibilidade das sua fibra
cada espécie possui um tipo de resposta. Essa diferenciação
é que vai determinar por quanto tempo as reses devem
ficar dentro do piquete, explica Patrícia Menezes do
CNPPSE.
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