DA
REDAÇÃO
Os valores comprimidos da arroba nas principais praças
do país, problema que segundo especialistas é
motivado pela forte pressão dos especuladores e agentes
de exportação, está desestimulando muito
pecuarista a continuar investindo na atividade. Os números
do mercado mostram que o consumo de carne bovina entre os
brasileiros vêm se mantendo inalterado, desde 1997,
no patamar de 36,6 quilos/ hab./ano, valor este que, há
pouco mais de uma década, era de 42 quilos /hab./ ano.
O inverso, no entanto, vem sendo observado com as carnes de
aves e suínos. De 1999 para cá, enquanto o volume
de produção da carne vermelha cresceu 16%, o
segmento de produção de frangos e suínos
cresceu 38% e 54%, respectivamente. O aumento no consumo dentro
da população, no caso da carne de frango saltou
de 21,8 Kg/ hab./ano para 32,7 Kg / hab./ano. A carne suína,
no mesmo período, cresceu de 8,8 Kg /hab./ano para
12,4 Kg/hab./ano, em 2004.
Essa desaceleração no consumo de carne bovina
no mercado interno é apontada pelos próprios
representantes da cadeia da carne como resultado de anos de
inércia do pecuarista para a realização
de ações de fomento ao consumo da carne vermelha
junto ao consumidor final. Antenor Nogueira, presidente do
Instituto Pró Carne, fala da necessidade urgente de
uma mobilização da cadeia produtiva da carne
bovina para tentar reverter esse quadro. Segundo ele, durante
muito tempo o pecuarista ficou alheio às necessidades
do consumidor de carne. E que é chegada a hora de mobilizar
a cadeia para mudar essa situação", ratifica.
O presidente do Pró Carne diz ainda que os países
grandes produtores, caso da Nova Zelândia, Austrália
e até nos EUA, quem faz o marketing da carne é
próprio pecuarista. "Os frigoríficos não
têm uma visão muito ampla sobre consumo no mercado
interno. Para isso é que foi criado o Pró carne,
entidade responsável pela promoção da
carne bovina no mercado brasileiro", conclui.
Campanha
de marketing visa aumentar consumo
Depois
de amargar uma década de baixas consecutivas no consumo
interno de carne bovina, a cadeia pecuária resolveu
se mobilizar para retomar o consumidor interno. Por meio de
ações de marketing direto, realizadas em pontos
estratégicos de grande circulação de
pessoas, estão sendo realizadas campanhas publicitárias
com foco na apresentação das qualidades que
a proteína vermelha oferece a saúde humana.
Paulo Leonel, Diretor de marketing do instituto Pró
Carne diz que o objetivo da campanha, que tem o slogan "Coma
Carne" "É saborosa, É saudável,
É natural", é alavancar o consumo e melhorar
o posicionamento da carne bovina frente as demais opções
que se apresentam ao consumidor, principalmente, aves e suínos.
Segundo Leonel, até hoje, nenhuma iniciativa forte
de marketing de venda foi colocada em prática no Brasil.
"A única forma de retomarmos a cadeia da carne
na sua base é fazer aquilo que os outros segmentos
da produção já fazem há muito
tempo, que é estimular o consumo na ponta da comercialização",
afirma.
Outro objetivo dos organizadores da campanha é apresentar
os vários cortes da carne e seus modos de preparo,
visando acabar com o conceito de carne de primeira ou de segunda.
"Carne é modo de preparo", ressalta o diretor
de marketing do Pró Carne. No curto e médio
prazos, os representantes da cadeia pecuária esperam
um aumento de 3% no consumo. Para isso é necessário
que além dos representantes da base da cadeia que são
os pecuarista outros elos caso das empresas de transformação
e fornecedoras de insumos possam aderir a idéia.
Leonel diz que a idéia é usar três grandes
praças de consumo (São Paulo, Rio de Janeiro
e Minas Gerais) e desenvolver ações em cinco
frentes diferentes; mídia impressa, mídia eletrônica,
rádio e tv. Além disso, estão em andamentos
campanhas publicitárias nas estações
e vagões do metrô de São Paulo, Outdoor,
Front Ligth, Bus Door e Frotas de Táxi. No último
jogo da final da taça 'Libertadores da América',
entre São Paulo e Atlético Paranaense, realizado
no estádio do Morumbi, foram feitas exibições
no placar eletrônico do estádio do slogan da
campanha e a respostas do torcedores foi positiva, explica
o diretor de marketing do Pró Carne.
Para apresentar o conteúdo da campanha o instituto
Pró Carne reuniu, em São Paulo, vários
presidentes de associações de raças de
corte que tomaram conhecimento da metas da campanha e firmaram
um compromisso de mobilizar os pecuaristas para que participem
desse movimento em prol do aumento no consumo da carne bovina
no país. José Carlos Barreto, presidente da
Associação Brasileira dos Criadores de Pardo
Suíço, diz que entidades de classe têm
a obrigação de funcionar como catalisador junto
aos seus associados, mostrando o compromisso que cada um tem
de mostrar as qualidades do seu produto para o mercado. É
meio um trabalho de formiguinha, mas que todos têm de
participar para formar um grande projeto.
Rubenz Forbes Alves de Lima presidente da Associação
Brasileira dos Criadores de Bonsmara fala que essa falta de
união da cadeia produtiva da carne no sentido de promover
seu produto no mercado interno é, seguramente, o principal
agente responsável por essa crise aguda que o setor
está vivendo. Ovídio Carlos de Brito, proprietário
da marca Nelore OB, diz que o Brasil é o único
país entre os grandes produtores de carne no mundo,
que não mantém um trabalho de promoção
da carne efetivo. "Agora é preciso se achar os
mecanismos para que cada um contribua conforme as suas possibilidades.
Nesse sentido as entidades representativas do setor vão
ter papel importante estimulando todos os agentes do setor
a participar da campanha".
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