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CARNE BOVINA: PRODUTO PERDE ESPAÇO E PECUARISTAS QUEREM VIRAR O JOGO!
rev 90 - agosto 2005

DA REDAÇÃO

Os valores comprimidos da arroba nas principais praças do país, problema que segundo especialistas é motivado pela forte pressão dos especuladores e agentes de exportação, está desestimulando muito pecuarista a continuar investindo na atividade. Os números do mercado mostram que o consumo de carne bovina entre os brasileiros vêm se mantendo inalterado, desde 1997, no patamar de 36,6 quilos/ hab./ano, valor este que, há pouco mais de uma década, era de 42 quilos /hab./ ano.

O inverso, no entanto, vem sendo observado com as carnes de aves e suínos. De 1999 para cá, enquanto o volume de produção da carne vermelha cresceu 16%, o segmento de produção de frangos e suínos cresceu 38% e 54%, respectivamente. O aumento no consumo dentro da população, no caso da carne de frango saltou de 21,8 Kg/ hab./ano para 32,7 Kg / hab./ano. A carne suína, no mesmo período, cresceu de 8,8 Kg /hab./ano para 12,4 Kg/hab./ano, em 2004.

Essa desaceleração no consumo de carne bovina no mercado interno é apontada pelos próprios representantes da cadeia da carne como resultado de anos de inércia do pecuarista para a realização de ações de fomento ao consumo da carne vermelha junto ao consumidor final. Antenor Nogueira, presidente do Instituto Pró Carne, fala da necessidade urgente de uma mobilização da cadeia produtiva da carne bovina para tentar reverter esse quadro. Segundo ele, durante muito tempo o pecuarista ficou alheio às necessidades do consumidor de carne. E que é chegada a hora de mobilizar a cadeia para mudar essa situação", ratifica.

O presidente do Pró Carne diz ainda que os países grandes produtores, caso da Nova Zelândia, Austrália e até nos EUA, quem faz o marketing da carne é próprio pecuarista. "Os frigoríficos não têm uma visão muito ampla sobre consumo no mercado interno. Para isso é que foi criado o Pró carne, entidade responsável pela promoção da carne bovina no mercado brasileiro", conclui.

Campanha de marketing visa aumentar consumo

Depois de amargar uma década de baixas consecutivas no consumo interno de carne bovina, a cadeia pecuária resolveu se mobilizar para retomar o consumidor interno. Por meio de ações de marketing direto, realizadas em pontos estratégicos de grande circulação de pessoas, estão sendo realizadas campanhas publicitárias com foco na apresentação das qualidades que a proteína vermelha oferece a saúde humana. Paulo Leonel, Diretor de marketing do instituto Pró Carne diz que o objetivo da campanha, que tem o slogan "Coma Carne" "É saborosa, É saudável, É natural", é alavancar o consumo e melhorar o posicionamento da carne bovina frente as demais opções que se apresentam ao consumidor, principalmente, aves e suínos.

Segundo Leonel, até hoje, nenhuma iniciativa forte de marketing de venda foi colocada em prática no Brasil. "A única forma de retomarmos a cadeia da carne na sua base é fazer aquilo que os outros segmentos da produção já fazem há muito tempo, que é estimular o consumo na ponta da comercialização", afirma.

Outro objetivo dos organizadores da campanha é apresentar os vários cortes da carne e seus modos de preparo, visando acabar com o conceito de carne de primeira ou de segunda. "Carne é modo de preparo", ressalta o diretor de marketing do Pró Carne. No curto e médio prazos, os representantes da cadeia pecuária esperam um aumento de 3% no consumo. Para isso é necessário que além dos representantes da base da cadeia que são os pecuarista outros elos caso das empresas de transformação e fornecedoras de insumos possam aderir a idéia.

Leonel diz que a idéia é usar três grandes praças de consumo (São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais) e desenvolver ações em cinco frentes diferentes; mídia impressa, mídia eletrônica, rádio e tv. Além disso, estão em andamentos campanhas publicitárias nas estações e vagões do metrô de São Paulo, Outdoor, Front Ligth, Bus Door e Frotas de Táxi. No último jogo da final da taça 'Libertadores da América', entre São Paulo e Atlético Paranaense, realizado no estádio do Morumbi, foram feitas exibições no placar eletrônico do estádio do slogan da campanha e a respostas do torcedores foi positiva, explica o diretor de marketing do Pró Carne.

Para apresentar o conteúdo da campanha o instituto Pró Carne reuniu, em São Paulo, vários presidentes de associações de raças de corte que tomaram conhecimento da metas da campanha e firmaram um compromisso de mobilizar os pecuaristas para que participem desse movimento em prol do aumento no consumo da carne bovina no país. José Carlos Barreto, presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Pardo Suíço, diz que entidades de classe têm a obrigação de funcionar como catalisador junto aos seus associados, mostrando o compromisso que cada um tem de mostrar as qualidades do seu produto para o mercado. É meio um trabalho de formiguinha, mas que todos têm de participar para formar um grande projeto.

Rubenz Forbes Alves de Lima presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Bonsmara fala que essa falta de união da cadeia produtiva da carne no sentido de promover seu produto no mercado interno é, seguramente, o principal agente responsável por essa crise aguda que o setor está vivendo. Ovídio Carlos de Brito, proprietário da marca Nelore OB, diz que o Brasil é o único país entre os grandes produtores de carne no mundo, que não mantém um trabalho de promoção da carne efetivo. "Agora é preciso se achar os mecanismos para que cada um contribua conforme as suas possibilidades. Nesse sentido as entidades representativas do setor vão ter papel importante estimulando todos os agentes do setor a participar da campanha".


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