Dessa
maneira, a deficiência hídrica nas áreas
de pastagem constitui num sério limitante para o crescimento
das espécies forrageiras, sobretudo, em regiões
onde os períodos de estiagem são mais longos
e as temperaturas mais elevadas. O resultado dessa redução
no potencial forrageiro é apontado como a principal
causa de perdas na produtividade e da elevação
nos custos fixos da arroba para o produtor rural.
POR
MÁRCIO MINGARDO
Por
isso a irrigação artificial é um recurso
cada vez mais utilizado nas fazendas de pecuária, principalmente,
as que praticam a exploração intensiva da produção
e que dependem de um abastecimento de forragem constante.
Para tentar equacionar esse problema, o Centro de Pesquisa
de Pecuária Sudeste (CPPSE), órgãos ligado
a Embrapa, desenvolve um programa de controle sobre a quantidade
de água presente nas áreas de cultivo como uma
etapa importante no manejo hídrico das pastagens.
Joaquim Bartolomeu Rassini, pesquisador da unidade que fica
localizada no município de São Carlos, SP, diz
que é fundamental que o produtor saiba quanto e quando
irrigar sua pastagem para evitar prejuízos com o desperdício
de água. Segundo ele, em função da dificuldade
de se implantar um programa de monitoramento da irrigação,
em virtude da quantidade de cálculos e fórmulas
que precisam ser utilizados, é muito comum o produtor
praticar uma técnica que traz sérios prejuízos
técnicos, econômicos e ao meio ambiente, que
é a irrigação pré-determinada.
"Ou seja, cada 3, 4, 5 dias, sem chuva, o produtor usa
uma determinada quantidade de água. Agindo assim ele
não estará levando em consideração
nem os fatores climáticos tão pouco os fatores
ligados ao solo", destaca.
A principal conseqüência da falta de planejamento
e da carência de o produtor fazer um projeto de irrigação,
é que o Brasil possui uma das irrigações
mais caras do mundo. "É muito comum se ouvir que
para se irrigar é preciso no mínimo dobra a
produção, senão não paga o custo",
enfatiza o pesquisador, que vai além. "Irrigar
é uma pratica agrícola igual a qualquer outra,
como corrigir solo, aplicar adubos e fertilizantes e depende
de critérios técnicos para funcionar de forma
adequada".
Um outro erro bastante comum é quando se usa a irrigação
e a produção se mantém igual ou próxima
a produção em condição de sequeiro.
"Quando é feita a irrigação pré-determinada
o produtor pratica faz os dois erros capitais da irrigação
que é a superirrigação e a subirrigação,
não permitindo com que a planta poça expressar
todo o seu potencial produtivo". Quando o produtor tem
um projeto de irrigação bem planejado que considera
todos os aspectos que envolvem sua implantação
os resultados são positivos. A irrigação
é uma tecnologia final que vem depois que todo o restante
já foi feito. Por isso, é fundamental que a
escolha da semente, a correção e adubação
do solo, sejam considerados.
Um segundo passo é saber que tipo de solo o produtor
tem na propriedade. Cerca de 80% dos solos agricultáveis
do país, são de formação argilosa
(textura média) e tem uma capacidade de reter água
entre 13% e 15%. Por isso, a analise física do terreno
é fundamental para se estabelecer o manejo de irrigação
- Quando e Quanto Irrigar - e definir o sistema de irrigação
mais apropriado para a fazenda. Em sistemas de solos mais
argilosos a quantidade de absorção de água
pode chegar a 30 mm, dependendo do sistema de irrigação.
Isso pode significar até duas aplicações
de água seguidas, enquanto que em solo arenosos de
baixa capacidade de retenção, a quantidade média
de água é de 10 mm. Uma irrigação
é bem feita quando depois de feito o processo a área
não fica alagada. O manejo da irrigação
desenvolvido na Embrapa utiliza seis espécies diferentes
de pastagens no sistema exploratório é o que
nós verificamos que quando a diferença entre
a evapotranspiração - evaporação
do solo mais a transpiração da planta - durante
um período atingir de 20 mm a 30 mm, está na
hora de irrigar. Existem caso que está irrigação
é feita com as medições na casa dos 4mm,
5 mm, sendo que a média do estado de São Paulo
é 7 mm.
Outro estudo realizado, nos campos experimentais da unidade,
com diferentes tipos de forrageiras tropicais, constataram
que, a utilização apenas da adubação
nitrogenada, não é suficiente para elevar a
produção das pastagens. Outra constatação
feita pelos pesquisadores é que nas áreas onde
só foi usada a irrigação a produção
chegou a dobrar. Agora, nas áreas onde a água
foi usada em conjunto com o nitrogênio, a produção
de matéria seca cresceu de cinco até oito vezes.
Conhecer
o equipamento é importante
Conhecer
o funcionamento do equipamento de irrigação
é condição fundamental para se obter
melhores resultados com a tecnologia. Fernando Campos Mendonça,
pesquisador do CNPPSE Embrapa, aponta a falta de conhecimento
sobre o funcionamento dos sistemas de irrigação
como o principal gargalo para o uso da tecnologia. O modelo
de equipamento de irrigação por aspersão
convencional, aspersão em malha e pivô central
são os mais utilizados na formação de
pastagem. O equipamento é formado por um conjunto de
moto-bomba que pode ser elétrico ou movido a diesel
e uma tubulação que também pode ser em
linha principal de aspersores e/ou linhas laterais.
Mendonça diz, que o sistema de irrigação
por aspersão em malha é semelhante à
aspersão convencional, mas apresentam três diferenças
básicas: a presença de linhas de derivação
entre a linha principal e as linhas laterais; as linhas laterais
são chamadas de "malhas", pois são
constituídas por um conjunto de conexões e tubos
com as duas extremidades ligadas à linha principal
ou à linha de derivação, com apenas um
aspersor por malha.
Já o pivô central também tem linha principal
e linha lateral, porém, esta última fica suspensa
do chão, em torres que se movem pela área irrigada,
em movimento circular. O ponto central da área irrigada,
de onde parte a linha lateral, é chamado de "ponto
do pivô". Os sistemas de irrigação
por aspersão são equipamentos mecanizados e,
como tal, necessitam manutenção periódica,
enfatiza o pesquisador. Isto pode ser feito por técnicos
e empresas, especializados no assunto. Mendonça diz
ainda que tal como ocorre na saúde humana, a manutenção
preventiva geralmente tem menor custo que a curativa. Portanto,
após a constatação do defeito, alguns
problemas podem, inclusive, requerer a paralisação
completa do sistema de irrigação, que geralmente
ocorre em períodos de uso intenso e maior necessidade
de água pelas plantas. ´´Basicamente, deve-se
verificar o funcionamento do sistema elétrico (fiação,
painel, motores, dispositivos de movimentação
e de proteção) e mecânico (engrenagens,
selos de bombas, lubrificação, rodas, estruturas
metálicas, tubulações e aspersores)``.
Um dos maiores problemas verificados na irrigação
por aspersão é a inexistência ou inadequação
de projetos. Há muitos sistemas de irrigação
montados sem projeto, muitas vezes copiando projetos de propriedades
vizinhas. Em alguns casos, os sistemas de irrigação
são montados a partir de equipamentos pré-existentes
na propriedade, sem o devido cuidado de fazer o cálculo
hidráulico para verificar se atendem as necessidades
do novo empreendimento. Em outros, o proprietário rural
simplesmente compra o equipamento que lhe oferecem sem questionar
se é o melhor para suas necessidades.
O pesquisador do CNPPSE, diz, Por exemplo, que se um proprietário
que adquire um sistema de irrigação com um conjunto
moto-bomba de 15 cv (11 Kw), quando se poderia fazer um projeto
bem dimensionado e com potência instalada de 10 cv (
7,4 Kw). Nessa situação há um consumo
desnecessário de 5 cv (3,6 Kw) a cada hora de funcionamento,
ou 3,6 Kw/h. O preço do Kw/h gira em torno de R$ 0,22
e, portanto, o consumo excessivo gera um gasto adicional de
R$ 0,81 por hora. ´´Considerando um sistema de
irrigação que trabalha 6 horas/dia e 60 dias/ano,
tem-se um gasto extra e desnecessário de R$ 291,46/ano.
Como um sistema de irrigação é projetado
para durar cerca de dez anos, o gasto desnecessário
ao fim desse período será de R$ 2914,60, que
daria perfeitamente para custear 1 a 2 hectares a mais, com
aumento de receita para o produtor``. ´´E há
situações muito piores do que a apresentada``,
conclui.
FERTIRRIGAÇÃO
DE PASTAGENS:
A
fertirrigação é a técnica de aplicação
de fertilizantes misturados à água de irrigação.
Sendo assim, as principais vantagens da fertirrigação
são: Redução do custo de aplicação,
pois não há necessidade de trator para a adubação;
Incorporação do fertilizante ao solo, junto
com a água aplicada; Aumento da eficiência de
adubação e do uso de nutrientes móveis,
se a aplicação for feita de modo adequado; Redução
do custo de mão-de-obra empregada na atividade de adubação.
No entanto, o modelo deve seguir alguns critérios técnico
como a distribuição do fertilizante acompanhando
a distribuição da água. Segundo Fernando
Campos Mendonça, da Embrapa Pecuária Sudeste,
se o sistema de irrigação não apresentar
boa uniformidade de distribuição de água,
também não apresentará boa distribuição
de fertilizantes. O desconhecimento da técnica pode
levar o produtor a utilizar fertilizantes muito caros, que
podem reduzir sua rentabilidade, ou fertilizantes que contêm
elementos químicos prejudiciais ao sistema de irrigação
(Ex.: ferro); O desconhecimento da qualidade da água
de irrigação pode levar a problemas de entupimento
de tubulações, devido a reações
químicas entre água e fertilizantes, com formação
de partículas sólidas insolúveis (precipitados).
Os principais fertilizantes utilizados na fertirrigação
são os que contêm nitrogênio (N) e potássio
(K). Entre os nitrogenados, os mais utilizados são
a uréia, o sulfato de amônio e o nitrato de amônio.
Entre os potássicos, o mais utilizado é o cloreto
de potássio branco (sem ferro). Para a utilização
adequada da técnica, o produtor deve sempre consultar
um engenheiro agrônomo ou engenheiro agrícola,
que poderá orientá-lo sobre os detalhes e os
cuidados necessários à boa utilização
da fertirrigação.
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