Água,
Energia, Minerais, vitaminas e fibras, devem estar muito bem
dosados para garantir o balanço nutricional que o bovino
precisa para desempenhar suas funções. Caso
esses nutrientes estejam em níveis não adequados
poderão ocorrer deficiências nutricionais, causa
freqüente de perdas no potencial produtivo, além
de expor o animal às chamadas doenças carênciais.
POR
MÁRCIO MINGARDO
Fernando
Antonio Nunes Carvalho, médico veterinário e
autor do livro "Nutrição de Bovinos a Pasto",
lembra que, já na antiguidade, o homem convivia com
os problema oriundos da sub-nutrição. Segundo
ele, a falta de mineralização é mencionada
nos escritos de todas às civilizações,
sejam elas da China milenar; no império babilônico;
na Grécia e no Egito antigos e nos livros sagrados
dos cristãos; dos mulçumanos e dos judeus. Embora
os povos antigos não tivessem a menor idéia
das causas destes distúrbios os minerais sempre estiveram
presentes na medicina humana e veterinária da antiguidade
e da era medieval.
Quando um animal está sub-nutrido várias atividades
do seu organismo são prejudicadas e o organismo passa
a funcionar como um indivíduo que tem uma renda mensal
baixa. Esta pessoa começa a direcionar os pagamentos
das contas que são as mais urgentes e que ameaçam
à sua sobrevivência e de sua família,
e vai cortando o supérfluo e se concentram no básico.
Segundo Carvalho essa analogia ilustra bem o que acontece
com o bovino quando existe a falta dos nutrientes básicos
para o funcionamento do seu organismo. "Os animais que
estão com deficiências nutricionais, cortam,
também as atividades que são consideradas secundárias,
como reproduzir, produzir leite e engordar e tentam se manter
vivos só com as atividades básicas que são:
metabolismo basal de suas células que formam os órgãos,
principalmente os vitais. Esse fenômeno é conhecido
como mantença", diz. "A mantença consome
75% dos nutrientes ingeridos diariamente", conclui.
Má
alimentação é causa de infertilidade
O
principal índice de eficiência reprodutiva em
vacas de corte e de leite é o intervalo entre partos.
O tempo ideal de espera entre uma prenhes e outra, para que
se obtenha o máximo da eficiência reprodutiva,
é de 12 meses. Considerando que o tempo médio
de gestação das vacas fica ao redor de 290 dias
, sobram somente 75 dias para que o útero se limpe
dos restos da gestação anterior e se torne apto
a receber os gametas que formarão um novo embrião.
Para isso, o útero tem de ter suas células plenamente
preparadas para nutrir este embrião e envolver a placenta
que será a responsável pela nutrição
do novo feto, explica Fernando Carvalho.
Segundo ele, este tempo para a limpeza do útero é
chamado puerpério e quando tudo ocorreu bem no parto
e a saúde da vaca está perfeita , o puerpério
geralmente dura pelo menos 40 a 45 dias ,cerca de dois ciclos
estrais (cios) . Estes ciclos geralmente são "silenciosos"
e pouco férteis , sendo que os cios subseqüentes
são férteis , mas mesmos nos melhores sistemas
de manejo reprodutivos cerca de 58% das vacas ( de segunda
a quarta cria) e menos de 16% das novilhas que pariram pela
primeira vez ou vacas primíparas ou vacas de primeira
cria, ficam prenhas com dois serviços ( cada cio significa
um serviço seja pela inseminação artificial
, seja pela monta natural).
A grande maioria das vacas primíparas e quase metade
das demais entram em anestro (ausência de cio) , sendo
que muitas delas só voltam a manifestar novamente o
cio após o desmame dos bezerros. Por isso que as médias
brasileiras dos intervalos entre partos girem em torno de
19 a 22 meses , que são péssimas. Carvalho diz,
que são diversas as possíveis causas deste anestro
pós-parto, mas sem sombra de dúvidas, a principal
causa é a "doença carencial de origem nutricional,
obrigando o animal a cortar o "luxo" e se concentrar
somente no essencial que é a sua sobrevivência,
causando as situações de barriga vazia no final
da estação de monta.
Muito criadores buscam subterfúgios na tentativa de
diminuir esse período de anestro pós parto.
A utilização de hormônios indutores da
ovulação; manejo com desmama precoce entre (60
e 120 dias) "Shang da mamada ( mamada interrompida por
48 a 96 horas); e restrição da mamada (uma ou
duas vezes ao dia). Todas essas prática, no entanto,
têm suas vantagens e desvantagens, devendo o criador
escolher se deve ou não implanta-las.
Mecanismos
de ação da nutrição sobre a reprodução
É
ponto comum dentro da pecuária que rebanho bem nutrido
fica mais resistentes às doenças oportunistas
e aumenta os índices a fertilidade. O sistema imunológico
que é responsável pelas defesas do indivíduo
contra esses microorganismos é muito sensível
a deficiência de nutrientes como zinco, selênio,
cobre, manganês, Fósforo, vitamina E, vitamina
A e, qualquer alteração nessas defesas, afeta
às células reprodutivas que se "estressam"
e deixam de desenvolver o máximo de seu potencial genético.
"Para produzir gametas (espermatozóides e óvulos)
em quantidade e qualidade de forma cíclica mais cedo
possível e por um longo período de sua vida
é fundamental que o produtor realize um manejo nutricional
antes mesmo da desmama.
Esses efeitos no aparelho reprodutor do animais sub-nutrido,
possuem órgãos reprodutores (internos e externos)
menos desenvolvidos e funcionais, devido a deficiência
de nutrientes, como proteína, energia, fósforo,
zinco e selênio. Vários metabólitos nutricionais
e hormônios do metabolismo podem afetar a reprodução
por agir nestes locais. Os hormônios controlam todas
as funções do organismo e a produção
e ações dos mesmos depende fortemente de metaloenzimas
ou seja enzimas que tem em "seu corpo" minerais.
Segundo Fernando Carvalho, os bovinos criados em condições
de pastagens tropicais e sub-tropicais, têm seu consumo
de nutrientes é freqüentemente muito variado e
apresenta geralmente níveis deficientes de vários
elementos como: Nitrogênio(N);Fósforo (P); Sódio(Na)
; Cobalto (C0); Cobre(Cu); Zinco(Zn);Selênio (Se) Enxofre(S),
sendo que o grau de deficiência pode ser maior ou menor
dependendo da área onde o gado está sendo criado
sob pastejo. O Brasil Central tende a ter deficiência
de todos os minerais mencionados. A suplementação
adequada dos nutrientes deficiente para atender as exigências
nutricionais de cada categoria animal , freqüentemente
promove uma significativa e benéfica resposta no consumo
de alimentos e melhora da produtividade animal.
Período
de seca requer atenção
Um
manejo que permita atingirem-se escores de condição
corporal acima de 5 no momento do parto, possibilita um intervalo
relativamente curto até a primeira ovulação.
Vacas que estejam magras na parição terão
dificuldade em retomar uma condição adequada,
uma vez que há um direcionamento da energia da dieta
para a produção de leite, e não para
acúmulo de gordura.
De todos os nutrientes o que sofre menor variação
negativa durante a época de seca é a energia
que diminui de 15 a 20% o seu valor nutricional, comparando
com as alterações do níveis de proteína
, que cai 50% e dos níveis de minerais essenciais que
caem de 50 até 80% . Por isso que o produtor deve ter
áreas significativas de pasto mesmo que "passado
e seco" , pois com a utilização de misturas
múltiplas que contém além dos minerais
essenciais, fontes de nitrogênio;aminoácidos
e de energia para os microorganismos ruminais , se multiplicarem
e assim poderem fermentar esta forragem de baixa qualidade.
O sucesso da implantação de programas de alimentação
para bovinos a pasto está baseado no fato de reconhecer
a existência de dois tipos de exigências nutricionais
que precisam ser preenchidas: a dos microrganismos ruminais
e do animal propriamente dito a partir do metabolismo dos
principais nutrientes contidos nas pastagens e ingeridos pelo
ruminante, principalmente os carboidratos, proteína
e minerais.
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