No
entanto, trata-se de uma cultura de larga adaptação,
no que se refere às condições edáficas,
podendo ser cultivada em diversos tipos de solo de características
físicas adversas e menos férteis, desde que
sejam efetuadas as devidas correções, de forma
que passem a apresentar características suficientes
para atender às necessidades básicas ao seu
pleno desenvolvimento.
DA
REDAÇÃO
Por
outro lado, solos rasos, excessivamente arenosos e pedregosos,
demasiadamente argilosos e siltosos e de baixa permeabilidade,
devem ser evitados por suas características de difícil
correção. Áreas sujeitas a encharcamento
também são desfavoráveis ao cultivo do
algodoeiro por não suportarem baixa oxigenação
no ambiente radicular.
Os solos de cerrado, em geral, por serem profundos, apresentam
características de valor elevado em capacidade de infiltração
de água, em acidez hidrolítica, em toxidez de
alumínio, na capacidade de fixação de
fósforo e baixos níveis de potássio,
cálcio e magnésio trocáveis, entre outras,
a capacidade produtiva é baixa em condições
naturais. Contudo, o potencial para uso com o algodoeiro é
alto, uma vez corrigidas as deficiências nutricionais.
O manejo do solo se constitui de práticas simples e
indispensáveis ao bom desenvolvimento das culturas
e compreende um conjunto de técnicas que, utilizadas
racionalmente, proporcionam alta produtividade mas, se mal
utilizadas, podem levar à destruição
dos solos a curto prazo, podendo chegar à desertificação
de áreas extensas. O preparo convencional provoca inversão
da camada arável do solo, mediante o uso de arado;
a esta operação seguem outras, secundárias,
com grade ou cultivador, para triturar os torrões;
560 da superfície são removidos por implementos.
Este tipo de preparo só deve ser utilizado quando da
correção de algumas características na
subsuperfície do solo, onde necessite de incorporação
de corretivos ou rompimento de camadas compactadas.
Há, porém, manejos conservacionistas, considerando-se
uma das melhores formas, até o momento, estabelecidas
na conservação de água e do solo. Um
deles é o de preparo mínimo, intermediário,
que consiste no uso de implementos sobre os resíduos
da cultura anterior, com o revolvimento mínimo necessário
para o cultivo seguinte. Geralmente é utilizado um
escarificador a 15 cm suficiente para romper crostras e pé
de grade niveladora.
Outro caminho bastante defendido e difundido atualmente é
mesmo o plantio direto do algodão. Aqui, as sementes
são semeadas através de semeadora especial sobre
a palhada de culturais do cultivo anterior ou de culturas
de cobertura palha produzidas no local para este fim, ou ainda
o plantio semi direto, semelhante ao plantio direto, diferindo
deste sistema apenas por haver poucos resíduos na superfície
do solo.
As técnicas de manejo do solo a serem aplicadas em
determinada área dependem de vários fatores.
Cada área rural tem suas peculiaridades e requer decisão
própria. Para cada caso, definir-se-ão as técnicas,
de acordo com: a textura do solo, o grau de infestação
de invasoras, os resíduos vegetais que se encontram
na superfície, a umidade do solo, a existência
de camadas compactadas, pedregosidade e os riscos de erosão
e máquinas; para isto, o estudo do perfil do solo torna-se
primordial; contudo, vale a pena lembrar que sempre, que possível,
deve-se decidir pelos manejos conservacionistas e mesmo quando
da impossibilidade, elegem-se os preparos que provoquem o
menor revolvimento do solo.
Estudar
o perfil do solo
Através
de uma trincheira, pode-se estudar o perfil do solo em que
se observa a existência de diferentes camadas que se
diferenciam, seja na cor, na dureza, no desenvolvimento de
raízes ou na textura. A camada agrícola ou arável
é a parte superior, rica em matéria orgânica
e em microrganismos, onde a maior parte das raízes
se desenvolve. As características dessa camada fazem
parte dos principais fatores que servem de base para a decisão
do tipo de preparo de solo a ser usado.
No Cerrado brasileiro o uso de máquinas e implementos
cada vez mais pesados vem acelerando o processo de empobrecimento
da matéria orgânica e a formação
de encrostamento superficial e de camadas adensadas na subsuperfície
do solo, comumente chamada "camada compactada".;
que reduz a taxa de infiltração, aumenta a erosão
a lixiviação de cátions, incidindo no
incremento de perdas de nutrientes do solo, que é a
causa mais grave da degradação do meio físico.
A
matéria orgânica é o componente de maior
importância no desenvolvimento da estrutura e na manutenção
de sua estabilidade, incidindo diretamente sobre a maior ou
menor susceptibilidade do solo a formação de
crostas superficiais. O impacto das gotas de chuva diretamente
sobre a superfície desnuda desses solos, arranca as
partículas finas arrastadas pela água em sua
descida, até a referida camada, onde exercem efeito
prejudicial sobre a infiltração de água.
Neste processo é determinante a desnudez do solo e
a camada compactada se torna desfavorável ao desenvolvimento
dos cultivos pois, além de pouco permeável à
água e ao ar, dificulta a penetração
das raízes, o que repercute negativamente sobre a produtividade
do solo, principalmente quando se trata de uma cultura como
o algodão, que exige ambiente edáfico com equilíbrio
entre a quantidade de macro e microporos, ou seja, favorável
tanto à retenção de umidade quanto à
aeração.
A existência de camada compactada é facilmente
identificada através do exame do sistema radicular
das plantas em pleno desenvolvimento vegetativo, observando-se
a morfologia das raízes. Sintomas como desvio lateral
da raiz principal, tortuosidade anormal, deformações
da forma cilíndrica, acúmulo de raízes
secundárias próximo a superfície, são
características que indicam a existência de compactação
ou toxidez, havendo necessidade de correção.
A descompactação deve ser efetuada com um implemento,
geralmente de hastes rígidas capazes de romper a dita
camada de forma que a ponta da haste opere a, pelo menos,
5 cm abaixo do limite inferior da compactação.
Para romper adensamentos superficiais, geralmente, escarificadores,
promovem bom trabalho, enquanto camadas mais profundas e expessas
necessitam de subsoladores de alta resistência. Áreas
de solos de textura média ou arenosa com mais de quatro
anos de pousio dificilmente necessitam de descompactação
pois, as raízes das plantas ali existentes já
se encarregaram de realizá-la biologicamente.
Manejo
conservacionista
Os
objetivos de uma agricultura sustentável são
o desenvolvimento de sistemas agrícolas que sejam produtivos,
conservem os recursos naturais, protejam o ambiente e melhorem
as condições de saúde e segurança
a longo prazo. Neste sentido, as práticas culturais
e de manejo, como a rotação de culturas, o plantio
direto, e o manejo do solo conservacionista, são muito
aceitáveis pois, além de controlarem a erosão
do solo e as perdas de nutrientes, mantêm e/ou melhoram
a produtividade do solo.
Nos melhores solos do cerrado, que em geral são profundos,
bem estruturados possuem textura média, com uma boa
drenagem ao longo do perfil, e de suaves pendentes, pode-se
manter um alto nível de produtividade mediante a aplicação
de escassas mas bem estruturadas práticas de conservação
de solos; então, um verdadeiro sistema de agricultura
sustentável é aquele em que os efeitos benéficos
das diferentes práticas de conservação
são iguais ou ultrapassam os efeitos adversos dos processos
depredativos. O componente vital deste equilíbrio dinâmico
é a matéria orgânica, a qual tem que ser
mantida através de adições regulares
de materiais orgânicos.
Uma das característidas do solo que mais sofre influência
do manejo é a estrutura que pode ser considerada o
componente básico de sua fertilidade física,
ao condicionar o desenvolvimento da porosidade intra e interagregados,
como a principal via de circulação da água
e do ar no solo. A estrutura que envolve uma série
de interrelações muito sutis, estabelecidas
entre os componentes minerais e orgânicos do solo e
que resulta de uma série de processos físicos,
químicos e biológicos, pode facilmente se deteriorar
pela ação das forças de compressão
derivadas do uso incorreto de máquinas e implementos
agrícolas. Os restos vegetais deixados na superfície
do solo nos sistemas de manejo conservacionistas. repercutem
muito no aumento e na conservação da estabilidade
de agregados na superfície e na redução
da compactação das camadas subsuperficiais.
Todos estes fatores incidem também sobre a capacidade
de infiltração de água no solo que é
resultante do balanço entre a quantidade de água
que chega e a que sai. Neste balanço influi a taxa
de infiltração, o escorrimento superficial,
a ascensão capilar, a drenagem e a evaporação.
Do volume de água que cai na superfície, parte
se infiltra no solo e atinge o lençol freático,
garantindo a perenização dos cursos d'água,
enquanto a parte infiltrada é retida pelo solo - constituindo-se
em água disponível para as plantas, o que é
de grande importância, pois o processo de nutrição
de plantas depende da água disponível para a
formação da solução do solo -,
as plantas podem absorver os nutrientes necessários
ao seu pleno desenvolvimento.
Parte da água retida no solo é perdida por evaporação
e/ou evapotranspiração e, em função
da capacidade de infiltração e retenção
de água do solo e da intensidade das chuvas, parte
pode exceder e ser perdida por escoamento superficial; dependendo
do volume e da velocidade deste escoamento, pode ocorrer o
arraste de partículas de solo e dos insumos nele aplicados,
sedimentando-se em baixadas, lagos e rios, o que afeta gradativamente
a capacidade produtiva do solo, reduzindo entre outros fatores,
a sua fertilidade, a capacidade de infiltração
e a retenção de água. Além disso
eleva a acidez e provoca irregularidade superficial, o que
vem a dificultar seu uso agrícola, exigindo mais energia
e insumos para a manutenção de sua produtividade.
Em todos esses fatores citados, a matéria orgânica
tem paticipação direta ou indireta, estando
presente na atividade agrícola desde a sua origem e
até a sua utilização, de maneira histórica,
diretamente à fertilidade e à produtividade
dos solos cultivados. Em muitos solos, a matéria orgânica
humificada do horizonte superficial é o principal fator
responsável pela "capacidade de troca de cátions"
(CTC) verdadeira dispensa dos nutrientes, que podem ser liberados
progressivamente à disposição dos cultivos;
logo, pode-se deduzir que é um componente do solo que
tem papel fundamental nas perdas de nutrientes por lixiviação.
A parte desta relação direta, há outras,
indiretas: o húmus, como visto anteriormente, é
um dos principais condicionantes do desenvolvimento da estrutura
do solo e de sua estabilidade; a degradação
da estrutura incide sobre a distribuição do
tamanho dos poros e da erodibilidade e perdas de solo da zona,
que costuma ser a mais rica em húmus e nutrientes;
por outro lado, os resíduos dos cultivos deixados na
superfície pelos sistemas de preparo conservacionistas
protegem a ação direta do impacto das gotas
de chuva (responsáveis pelo selamento de poros e pela
formação de crostas superficiais), incidem sobre
o regime de temperatura e umidade do solo e, também,
reduzem o escoamento superficial.
Assim, pode-se dizer que a proteção da superfície
do solo nos sistemas de manejo evita perdas de umidade por
evaporação, o que, unido ao desenvolvimento
de uma quantidade maior de macroporos aptos para a transmissão
de água e de microporos para sua retenção,
proporcionam incremento significativo na capacidade de armazenamento
de água e nutrientes e melhor disponibilidade destes
para os cultivos.
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