A
preocupação com as questões ambientais,
aliada ao crescimento do mercado de artigos de luxo no Brasil,
faz surgir uma demanda específica por produtos de alto
padrão, mas produzidos dentro de conceitos ecologicamente
corretos.
A moda está descobrindo aos poucos o couro de peixes.
Muitas empresas já perceberam as vantagens. As peças
produzidas com essa pele possuem beleza e resistência,
o que é muito importante para a moda. Além disso,
há uma valorização de quase 250% em relação
ao couro de boi - uma peça de couro de boi custa R$
100,00; uma de couro de peixe pode ser vendida a US$ 140 dólares.
Por essa razão, seus derivados tornam-se ideais para
a comercialização no mercado de luxo nacional
e internacional. As peças produzidas com a pele de
tilápia são, hoje, objetos do desejo daqueles
que fazem questão de sofisticação e qualidade
e que prestigiam as práticas ecologicamente corretas.
Da
consciência ecológica aos produtos sofisticados
As
primeiras experiências para desenvolver a técnica
de curtimento de peles de peixes no Brasil ocorreram por volta
de 1996, mas somente em 2003 o mercado começou a se
interessar por essa matéria prima. A Mar & Terra,
uma das pioneiras no ramo, possui uma fazenda com 162 hectares,
em Itaporã, (MS), onde desenvolve pesquisas e tecnologia
que lhe permitem dominar todas as etapas da produção
e comercialização dos pescados.
Os peixes são depurados em tanques com água
decantada e reutilizada para serem abatidos pelo método
"humanitário" - a técnica elimina
o sofrimento dos animais que são depositados em tanques
com água gelada e insensibilizados, antes do abate.
Na seqüência são separadas e aproveitadas
todas as suas partes, o filé segue para exportação,
as vísceras transformam-se em ração e
a pele segue para ser higienizada pelos detentos do presídio
de Dourados, que recebem por esse trabalho R$ 500,00 mensais.
Já no curtume, as pequenas peles são soldadas
uma a uma e transformam-se numa manta de (1m x 0,60) altamente
resistente e com o acabamento necessário para transformar-se
em sofisticadas bolsas na fábrica. A pele pode agregar
de 30% a 40% à receita obtida com o peixe. As ações
da Mar & Terra estão calcadas no tripé:
sustentabilidade econômica, social e ambiental, explica
Jorge Souza, diretor da empresa. Por isso a companhia preocupou-se
também em desenvolver parcerias com pequenos produtores
locais, estimulando a geração de empregos e
renda e o desenvolvimento da região. Uma bolsa toda
em couro de tilápia custa, em média, US$ 500
dólares, no mercado externo.
A SNB, tradicional marca de bolsas e acessórios da
designer paulistana Silvana Nasrallah Bedran, lançou
uma linha de bolsas feitas exclusivamente com couro de tilápia,
peixe nobre, criado em cativeiro. A novidade é resultado
da parceria entre a SNB; a empresa de pescados Mar & Terra
e a Business Relationship Office (BRO), responsável
pela logística e comercialização das
peles. Tatiana Nasrallah Bedran, diretora da SNB, está
otimista com o novo produto e pretende incrementar em 30%
os negócios até o fim deste ano. Com cerca de
80 clientes ativos espalhados por todo o Brasil, a SNB já
está exportando o produto para países da Europa,
Caribe e para os Estados Unidos.
|