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LUXO ECOLOGICAMENTE CORRETO
rev 89 - julho 2005

A preocupação com as questões ambientais, aliada ao crescimento do mercado de artigos de luxo no Brasil, faz surgir uma demanda específica por produtos de alto padrão, mas produzidos dentro de conceitos ecologicamente corretos.

A moda está descobrindo aos poucos o couro de peixes. Muitas empresas já perceberam as vantagens. As peças produzidas com essa pele possuem beleza e resistência, o que é muito importante para a moda. Além disso, há uma valorização de quase 250% em relação ao couro de boi - uma peça de couro de boi custa R$ 100,00; uma de couro de peixe pode ser vendida a US$ 140 dólares.

Por essa razão, seus derivados tornam-se ideais para a comercialização no mercado de luxo nacional e internacional. As peças produzidas com a pele de tilápia são, hoje, objetos do desejo daqueles que fazem questão de sofisticação e qualidade e que prestigiam as práticas ecologicamente corretas.

Da consciência ecológica aos produtos sofisticados

As primeiras experiências para desenvolver a técnica de curtimento de peles de peixes no Brasil ocorreram por volta de 1996, mas somente em 2003 o mercado começou a se interessar por essa matéria prima. A Mar & Terra, uma das pioneiras no ramo, possui uma fazenda com 162 hectares, em Itaporã, (MS), onde desenvolve pesquisas e tecnologia que lhe permitem dominar todas as etapas da produção e comercialização dos pescados.

Os peixes são depurados em tanques com água decantada e reutilizada para serem abatidos pelo método "humanitário" - a técnica elimina o sofrimento dos animais que são depositados em tanques com água gelada e insensibilizados, antes do abate. Na seqüência são separadas e aproveitadas todas as suas partes, o filé segue para exportação, as vísceras transformam-se em ração e a pele segue para ser higienizada pelos detentos do presídio de Dourados, que recebem por esse trabalho R$ 500,00 mensais.

Já no curtume, as pequenas peles são soldadas uma a uma e transformam-se numa manta de (1m x 0,60) altamente resistente e com o acabamento necessário para transformar-se em sofisticadas bolsas na fábrica. A pele pode agregar de 30% a 40% à receita obtida com o peixe. As ações da Mar & Terra estão calcadas no tripé: sustentabilidade econômica, social e ambiental, explica Jorge Souza, diretor da empresa. Por isso a companhia preocupou-se também em desenvolver parcerias com pequenos produtores locais, estimulando a geração de empregos e renda e o desenvolvimento da região. Uma bolsa toda em couro de tilápia custa, em média, US$ 500 dólares, no mercado externo.

A SNB, tradicional marca de bolsas e acessórios da designer paulistana Silvana Nasrallah Bedran, lançou uma linha de bolsas feitas exclusivamente com couro de tilápia, peixe nobre, criado em cativeiro. A novidade é resultado da parceria entre a SNB; a empresa de pescados Mar & Terra e a Business Relationship Office (BRO), responsável pela logística e comercialização das peles. Tatiana Nasrallah Bedran, diretora da SNB, está otimista com o novo produto e pretende incrementar em 30% os negócios até o fim deste ano. Com cerca de 80 clientes ativos espalhados por todo o Brasil, a SNB já está exportando o produto para países da Europa, Caribe e para os Estados Unidos.


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