POR
MÁRCIO MINGARDO
José
Renato Bouças Farias pesquisador de ecofisiologia,
do Centro Nacional de Pesquisa de Soja, Embrapa Soja, de Londrina,
PR, diz que a água constitui cerca de 90% do peso das
plantas e atua em, praticamente, todos os processos fisiológicos
e bioquímicos no agroecossistema. Segundo ele, por
ela circulam gases, minerais e outros solutos que entram no
interior da célula, garantindo as funções
fisiológicas vitais para a sobrevivência das
plantas.
A ausência de chuvas, isoladamente, não significa,
necessariamente, a ocorrência de déficit hídrico
nas culturas. Isso porque as plantas buscam um ajuste entre
absorção de água e a transpiração.
"O ajuste limite representa o início do déficit
hídrico", explica. Toda dinâmica da água
no sistema solo-planta-atmosfera ocorre em função
de uma demanda evaporativa que determina a magnitude da perda
de água por transpiração e conseqüentemente,
a necessidade de absorção pelas raízes.
Sendo assim, a adoção de algumas práticas
de manejo da cultura e de outros fatores envolvidos na produção,
agem minimizando os efeitos do déficit hídrico.
Os técnicos normalmente recomendam que a semeadura
seja feita em época recomendada e de menor risco climático.
"Semear com adequada umidade em todo o perfil do solo
e adotar práticas que favoreçam o armazenamento
de água são atitudes recomendáveis".
De acordo com o técnico do CNPSO, quando trazemos esse
problema para a realidade do Plantio Direto, que promove práticas
de manejo sustentável como, a cobertura permanente
da palhada no solo e a não remoção do
mesmo, como garantia das condições idéias
de crescimentos às plantas, os benefícios podem
ser fantásticos. " O PD promove a elevação
da retenção de água na planta, devido
à diminuição proporcional de macroporos
e ao aumento dos poros de diâmetro médio. Isso
melhora sua condição estrutural e porosidade.
Esses fatores, aliados às menores perdas por transpiração
e aumento na taxa de infiltração de água
no solo promove toda a biodiversidade necessária para
o desenvolvimento das culturas" explica.
O técnico lembra que na seca do ano passado, o país
deixou de colher somente nos estados do Paraná e Rio
Grande do Sul cerca de 7 milhões de toneladas de soja,
o que segundo ele, representa um prejuízo aproximado
de 1,3 bilhões de dólares. Ou seja, somente
a seca nos estados do PR e RS foi responsável por cerca
de 70% das perdas totais estimadas de grãos de soja
verificadas em todo o Brasil. " E pelas informações
divulgadas até fevereiro deste ano, os pesquisadores
estimam um cenário ainda mais drástico para
a safra 2004/05, apresentando perdas ainda maiores, inclusive
em outros estados, como Goiás, Mato Grosso do Sul,
Santa Catarina e São Paulo", conclui.
Henrique Leite Chaves, assessor da Agência Nacional
de Águas, ANA, fala que a preservação
da biodiversidade e dos recursos da natureza para as futuras
gerações é causa constante de preocupação
para a pesquisa. "Mas, a sociedade precisa fazer a sua
parte", alerta. Chaves alerta para o fato que, diferente
do que se convencionou pensar, nas cidades existe um desperdício
de água muito maior do que no campo.
A busca por novos sistemas de produção agrícola
que proporcionem menos perdas é uma preocupação
constante dos pesquisadores. A corrida contra o desmatamento
nas áreas de matas ciliares e de mananciais é
uma bandeira que vem sendo levantada pela ANA, em parceira
com o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento
MAPA na tentativa de atenuar os danos ao meio ambiente que
não são poucos. O plantio Direto age a favor
disso, pois reduz as enxurradas mantendo uma cobertura constante
do solo, conseqüentemente, diminuindo problemas causados
pelas erosões. Além disso, a técnica
promove a diminuição no uso de agroquímicos
residuais fonte de contaminação de nascente
e rios nas bacias brasileiras.
Os sistemas de Irrigação no SPD funcionam como
um redutor do consumo de água pelas propriedades. A
economia em alguns casos chega a 30 % o que não é
pouco em regiões os veranicos acontecem com maior freqüência.
Victor Hugo Cainelli gerente do departamento de marketing
do grupo Fockink, de Panambi, RS, mostra que a relação
de custo implantação dos sistemas de irrigação
artificial por aspersão, via pivô centra, diferente
do que se pensa é perfeitamente viável. "Os
ganhos de produtividade nas lavouras trazem facilmente o retorno
financeiro do investimento", ressalta Cainelli.
De acordo com a representante do grupo Fockink, nos Sistema
de Plantio Direto que, naturalmente promovem um consumo reduzido
de água no solo, pela umidade deixada pela cobertura
de palhada, a implantação de sistema que controlam
o fluxo de água nas culturas é uma opção
extremante viável tanto para a manutenção
da produtividade por área como para preservação
desse recurso tão importante para a manutenção
da vida no planeta.
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