POR
MÁRCIO MINGARDO
A
ausência de revolvimento solo nas áreas cultivos
salvo nas proximidades do sulco de plantio é tido pelos
especialistas como um fator importantíssimo para a
preservação da estrutura do solo. Pedro Luiz
de Freitas, engenheiro agrônomo Ph.D. em ciências
do solo do Centro Nacional de Pesquisa do Solo, CNPS, Embrapa
define-se compactação do solo como uma alteração
estrutural do solo que freqüentemente leva ao impedimento
mecânico do crescimento de raízes e redução
da capacidade de infiltração e movimentação
de água no solo. Segundo ele, esses fatores estão
ligados diretamente ao manejo químico, físico
e biológico do solo. "O encrostamento das camadas
superficiais do solo é causado por agentes climáticos
(água das chuvas, sol e ventos) que se formam pela
ausência de cobertura vegetal".
Outro tipo de compactação bastante comum nas
regiões de plantio de culturas anuais é a sub-superficial
que também é conhecida como "pé-de-grade"
e ocorre pela remoção do solo por forças
externas. As principais causas são: máquina
e implementos agrícolas que, na sua maioria, possuem,
peso excessivo. Mas, tem a compactação causada
pelo pisoteio de animais nas áreas de pastagem, muito
comum a atividade pecuária. Esse tipo de compactação
traz como principal conseqüência a redução
do volume de poros na base do solo.
Freitas diz que uma pergunta muito comum dos agricultores
para ele, nos encontros de plantio direto que participa é
se a compactação do solo é ou não
um problema para a implantação do SPD? Para
isso o pesquisador já tem uma resposta na ponta da
língua. "Uma vez que sabemos bem como manejar
os solos tropicais. Por conhecer suas características
e o seu comportamento em situação de cultivo.
Adotando os princípios permitidos no SPD e sabendo
distinguir os processos de adensamento e compactação
dificilmente o agricultor terá algum tipo de problema".
Para concluir o pesquisador cita uma frase de uma dos precursores
da técnica de plantio direto no Brasil, "Herbert
Bartz". " Não existe mais argumentos hoje
para arar ou preparar o solo, ao contrário, o problema
maior é uma certa incapacidade mental para assimilar
o sistema. Muito mais complicado é descompactar o cérebro".
Situação
atual é preocupante
A
reconstrução nutricional do solo e tida pelos
especialistas como o principal desafio que se apresenta para
atual geração de agricultores. Dados da FAO,
órgão das Nações Unidas para agricultura
e alimentação mostra que, de toda a terra agricultável
do planeta, cerca de 50% apresentam algum nível de
degradação. No Brasil, somente com áreas
de pastagem são mais de 100 mil hectares, apresentando
algum problema de degradação. Cláudio
Bianor Sverzut, superintendente do centro de tecnologia de
solo da Unicamp, SP, observa que, dentro desse contexto desfavorável,
a compactação é um, entre os muitos problemas
que afetam os solos brasileiros. Segundo ele, a baixa capacidade
dos solos brasileiros de reterem água e nutrientes
por problemas de macro e micro porosidade é bastante
sério. "Normalmente o agricultor só percebe
o problema da compactação nas camadas superficiais
do terreno. No entanto, muitas das vezes o problema maior
está nos microporos que impedem a circulação
desses agentes no interior das camadas compactadas".
A incorporação de áreas com alto teor
de areia para a produção agrícola nas
últimas duas décadas, principalmente no cultivo
da soja, agravou bastante o problema. Terras com características
de baixa fertilidade natural e baixo teor de matéria
orgânica, além estrutura física deficiente
tem constituído o principal gargalo para a agricultura
no centro oeste do Brasil, alerta Sandro Crespan, engenheiro
agrônomo melhorista de solo no estado do Mato Grosso.
O consultor fala que o maior desafio que se apresenta para
o Plantio Direto cerrado é a baixa fertilidade do solo.
"O que vai salvar PD no Mato Grosso é o milho
usado em consórcio com gramíneas e milheto".
João Carlos de Souza e Maia, pesquisador da Universidade
Federal de Mato Grosso (UFMT), concorda com a firmação
do colega e diz que o manejo da fertilidade do solo e da nutrição
das plantas passa por uma cobertura permanente do solo com
espécies vegetais.
De acordo com o professor da UFMT, a preservação
das condições ideais de solo utilizados em culturas
anuais depende da observância de três aspectos.
A recomendações técnicas mostram que
antes de se realizar qualquer procedimento é importante
reconhecer as condições do solo. Para isso,
é indicado que se faça uma medição
dos níveis de argila, da condição estrutural,
umidade, matéria orgânica atividade biológica
e o histórico de compactação do talhão.
"Medidas de qualidade e saúde do solo são
ferramentas de diagnósticos dos sistemas de uso e manejo.
É importante considerar os atributos físicos,
químicos, mineralógicos e biológicos
para avaliar até que ponto o estrutura permite o crescimento
de raízes das plantas, o fluxo de água nos macro
e micro poros, além da capacidade do solo de servir
de tampão ambiental na degradação de
compostos ambientalmente prejudiciais", conclui.
Uma preocupação constante dos agricultores é
quanto ao uso crescente de adubos químicos nas áreas
de semeadura e uma persistência na falta de melhora
dos índices de produtividade das culturas. Esse problema
tem sido freqüentemente atribuído à capacidade
de infiltração de água e a morfologia
do solo. O uso das plantas de cobertura em sistema de consórcio
ou rotação de culturas aparece como uma tecnologia
interessante para descompactação do solo.
Prática
para reconstruir o solo
Uma
vez instalado o problema a reconstrução das
áreas degradadas ainda constitui um desafio para os
engenheiros agrônomos e produtores rurais. No entanto,
o diagnóstico nasce de uma analise das condições
físicas do solo. "É necessário se
fazer uma avaliação da resistência do
solo para auferir o grau de capitação. Uma confusão
muito comum no campo ocorre com a diferenciação
do que é solo seco e solo compactado", destaca
o professor da UFMT.
Para tentar resolver esse problema, os pesquisadores da Universidade
Federal do Mato Grosso, desenvolveram alguns aparelhos para
auxiliar agrônomos de campo e agricultores a fazer essas
medições. O Penetrômetro e o Penetrógrafo
de impacto são instrumentos desenvolvidos no campus
da faculdade para auferir os níveis de agregação
do solo. De acordo com o superintendente do centro de tecnologia
de solo da Unicamp, as medições devem ser feitas
dentro do talhão com distância de 20 metros entre
as perfurações, em camadas de até 60
centímetros de profundidade. O equipamento que pode
ser mecânico ou elétrico tem funcionamento simples.
As medições os valores considerados dentro do
ideal para a prática agrícola 25 quilos por
centímetro quadrado. Já a umidade deve girar
entre 25% e 30%. "Valores acima disso podem ser prejudiciais
para a penetração das raízes", conclui.
O pesquisador observa que o Escarificador e o Subsolador são
instrumentos já utilizados no campo e que fazem essas
medições de umidade e camadas compactadas do
solo.
Além disso, algumas práticas biológicas
utilizando culturas favoráveis para aliviação
do processo de degradação estrutural têm
sido usadas com sucesso. Esse recurso proporciona a formação
de agregados naturais estáveis para a superfície
do solo. A manutenção das funções
biológicas, incluindo a liberação e nutrientes
e armazenamento de carbono atestam a importância da
matéria orgânica sobre o solo.
ATENÇÃO!
COLOCAR FOTOS PENETRÔNOMO E PENETRÓGRAFO JUNTAS,
UNIDAS POR UM QUADRADO DE COR MARROM E A SEGUINTE LEGENDA
COMUM:
Penetrômetro
e Penetrógrafo ajudam a aferir os níveis de
agregação do solo.
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