POR
FÁTIMA COSTA
O
ministro da Agricultura Pecuária e Abastecimento, Roberto
Rodrigues, o Governador do Estado de São Paulo, Geraldo
Alckmin e o secretário de Agricultura do Estado de
São Paulo, Antônio Duarte Nogueira, abriram no
dia 23 de junho, a quarta edição do Congresso
Brasileiro de Agribusiness, no Hotel Gran Meliá, em
São Paulo.
Com o tema Alimentos, Energia e Sustentabilidade, o evento
que aconteceu em dois dias reuniu cerca de 600 participantes
e 25 conferencistas do porte de Antônio Ermírio
de Moraes (presidente do Grupo Votorantim), João Carlos
de Figueiredo Ferraz (presidente da Crystalsev), João
de Almeida Sampaio Filho (presidente da Sociedade Rural Brasileira),
Clodoaldo Hugueney Filho (subsecretário-geral de Assuntos
Econômicos e Tecnológicos do Ministério
das Relações Exteriores e principal negociador
do Brasil junto à OMC), Eliezer Batista da Silva (ex-ministro
das Minas e Energia e consultor da Vale do Rio Doce), entre
outros.
Dirigido a empresários, fazendeiros, investidores,
profissionais dos diversos segmentos do agronegócio,
consultores e acadêmicos, o congresso que é realizado
com apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento, nesta edição, contou com quatro
painéis e três palestras com temas voltados para
discutir o futuro do agronegócio brasileiro e suas
perspectivas.
"Na primeira edição, o congresso destacou
as potencialidades e a capacidade do Brasil alavancar de forma
significativa a produção agropecuária
no cenário 2010. A segunda concentrou-se na concepção
de estratégias pós-porteira, para dar suporte
a esse crescimento. O terceiro construiu uma ponte entre eles,
ao enfocar a criação de vantagens competitivas
e colocar em debate as alternativas para o crescimento sustentável
do agronegócio", relembra o presidente da Abag,
Carlos Lovatelli.
No entanto, nesta quarta edição da Abag, o tema
mais discutido foi o desempenho cada vez melhor do agronegócio
brasileiro e o seu papel crucial no desenvolvimento econômico
do Brasil. O discurso de destaque, por sua vez ficou por conta
do ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, que enfatizou
a perspectiva de o País se tornar o maior produtor
mundial de alimentos, um elemento que, segundo ele, causa
ainda admiração e resistência no mercado
externo.
Em discurso, Roberto Rodrigues afirmou que existe no mundo
inteiro um certo temor do Brasil agrícola. "Somos
competitivos e competentes. E isto causa uma reação
em outros mercados", garantiu. De acordo com o ministro,
é preciso que haja um desenvolvimento sustentável,
com estímulo à produtividade e sanidade. "Entre
as nossas prioridades estão o desenvolvimento de tecnologia,
utilização de agroenergia, qualidade e agregação
de valor aos produtos e melhorias na política agrícola",
afirmou.
O ministro Roberto Rodrigues também ressaltou que vivemos
o começo de uma nova era, onde a biomassa voltará
a ser a grande fonte de energia do mundo. "A produção
de biocombustível proporciona ganhos ambientais e econômicos
enormes. Qualquer país pode produzir biocombustível,
o que resultaria numa redução da distância
entre ricos e pobres", justificou.
O ministro lembrou também que a transformação
do etanol em uma nova commoditie será um ótimo
negócio para os países tropicais que dispõem
de luz, terra, tecnologia e água o ano todo. "No
momento o Brasil está investindo em pesquisas para
aperfeiçoar cada vez mais a utilização
dos motores flex-fuel, que em maio de 2005 já representaram
51% das vendas de automóveis nacionais".
Outro ponto abordado pelo ministro foi a difícil relação
entre o Estado e o setor privado e a atual situação
econômica do País. "Não é
possível mais tratar o Estado como um adversário
ou como um algoz. Eu não fiz, ainda, nem 20% do que
acho que deve ser feito, mas porque há inúmeros
fatores que levam a isso", afirmou. E complementou: "As
coisas são muito mais difíceis do que o sonho
que todos temos".
Outros
discursos
O
governador Geraldo Alckmin fez seu discurso enumerando os
esforços que seu governo vem fazendo para incentivar
o setor que, segundo ele, é o maior responsável
pelo crescimento do PIB do estado em 2004. Entre as ações,
Alckmin citou o estímulo do crédito ao produtor,
à pesquisa e a redução do ICMS do etanol.
Já o presidente da Associação Brasileira
de Agribusiness, Carlo Lovatelli, destacou a importância
do setor para a economia do País. Falou, ainda, sobre
a crise atual no agronegócio brasileiro: "Parte
importante das cadeias produtivas vive novamente uma crise
de renda de grandes proporções, motivada, entre
outras coisas, pelo câmbio, pela elevada taxa de juros
e pelas próprias regras de mercado e agravada pela
ocorrência de fatores climáticos que levaram
a uma quebra de cerca de 20 milhões de toneladas de
grãos da safra 2004/2005, o que se traduz em uma perda
efetiva de cerca de R$ 10 bilhões na renda do produtor
rural".
Lovatelli deu destaque também à questão
de logística e infra-estrutura que afeta o setor. "A
deterioração tem sido crescente e a olhos vistos.
Trata-se, sem dúvida, do principal calcanhar de Aquiles
do agribusiness brasileiro". Ele acrescentou ainda que
é imprescindível que vinguem as PPPs (Parcerias
Público-Privadas), instrumento que considera relevante
para atrair investimento privado.
O desmatamento da Amazônia foi outro ponto abordado
pelo presidente da associação. "O que falta,
tendo em vista a necessidade de ampliação da
agricultura pioneira na região, é um programa
detalhado de ordenamento territorial que concilie a produção
agrícola com a preservação ambiental".
Números
O
agronegócio fortalecido e melhor preparado tecnologicamente
gera hoje mais de 37% dos empregos no território nacional.
Com participação em 34% do PIB, o setor responde
por mais de 42% das exportações, levando o País
a uma posição de destaque no ranking das nações
mais competitivas do mundo na produção de commodities
agroindustriais, com enorme potencial de expansão horizontal
e vertical de oferta. Apesar da queda recorde de 18,2 milhões
de toneladas na safra 2004/05 (só no setor de soja
mais de 10 milhões de toneladas - quase 15% da produção
brasileira) e do câmbio desfavorável ao comércio
exterior, as exportações de produtos agrícolas
continuam fortes. Uma mostra do fôlego do setor está
no fato de o país deter o quarto lugar nas exportações
agrícolas mundiais, com uma taxa média de crescimento
acima de 6% ao ano.
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