Com
o objetivo de comprovar a precocidade da raça, aconteceu
no dia 2 de abril o 21° Concurso e Leilão Novilha
do Futuro. O encontro tradicional dentro da raça, é
promovido pelos pecuaristas Carson Geld e Elen Geld, na Fazenda
Pau d'Alho, em Tietê- SP e, além de abrir a temporada
anual de eventos do Santa Gertrudis, tem também como
um de seus objetivos mostrar todos os avanços de seleção
da raça.
Muito
satisfeito com o sucesso do evento, Carson Geld afirmou na
ocasião que o "Novilha do Futuro" está
melhor ano a ano. Conhecido dos proprietários da King
Ranch, o pecuarista adquiriu seus primeiros animais, novilhas
3/4, por volta de 1960 e fala quais foram os motivos que o
levaram a optar pela raça. "Todas as raças
têm qualidades, mas o Santa Gertrudis tem mostrado que
vai bem em todos os sentidos. E esse evento confirma isso,
pois mostra que a raça é resistente, rústica
e fértil, entre outras muitas qualidades que ela possui".
No total, nove criatórios de diferentes localidades
apresentaram seus animais no julgamento feito por Clayton
Emerin Marques, que desenvolve seu trabalho junto ao Santa
Gertrudis, há 35 anos. Segundo ele, o que se procura
hoje dentro da raça é um animal caraterização
racial definida, que atenda o padrão estipulado pela
Associação. A pelagem deve ser uniforme e variar
de cereja ao pinhão. O animal deve apresentar volume
de couro, sem excessos, uma pigmentação da mucosa
ocular rosa e cascos pretos. Na avaliação de
carcaça, busca-se um animal com boa distribuição
traseira e dianteira. Ele deve ser comprido, apresentar profundidade
e uma ossatura forte, condizente com o corpo. "Todo criador
de gado puro busca um animal que seja padrão dentro
da raça. Esta premiação é o reconhecimento
do trabalho do criador, pois mostra que ele alcançou
o objetivo. São às vezes pequenos detalhes de
um animal para outro, mas geralmente eles repetem os resultados
em outros eventos, pois são animais bastante corretos
dentro da raça", observou.
As novilhas Engraçadinha Alambary -TE, Espingarda Alambary
-TE e Esmagadora Alambary -TE, conquistaram 1º, 2º
e 3º lugar respectivamente, na classificação
geral. A quarta e a quinta colocada do Concurso foram as prenhezes
Mostarda da Jatobá e Magia da Jatobá, da Agropecuária
Doneux. Criador de Santa Gertrudis desde 1999, David Gil Fernandez,
da Fazenda Alambary, cria também em sua propriedade
o gado Simental. "As duas raças são dóceis,
por isso podem ser criadas juntas e recebem o mesmo manejo.
Na minha opinião, nenhum criador deveria criar ou investir
em uma só raça", concluiu.
Para evidenciar a eficiência dos animais apresentados
no concurso, todas as novilhas participantes foram a remate.
O leilão totalizou R$ 73.640 mil, com a venda de 21
lotes, uma média de R$ 3.347,27 por animal. A venda
somente das novilhas rendeu o total de R$ 64.960 mil , com
média de R$ 3.821,17 . No evento, foram comercializados
cinco machos, pelo valor de R$ 8.680, média de R$ 1.736
mil. O maior comprador do pregão foi o pecuarista Antônio
Roberto Alves Corrêa, que investiu R$ 27.160 na compra
de 07 animais. Criador em Iburí, São Paulo,
desde 1987, Corrêa salienta as qualidades inerentes
da raça."É uma raça moderna para
cruzamento ou pura. É um animal moderno, com boa precocidade
e cobertura de carcaça. No cruzamento industrial, contribui
de uma forma bem expressiva". A grande campeã
Engraçadinha da Alambary foi o lote mais valorizado,
vendido por R$ 10.080.
Caracterizado como um animal de alta produtividade, resistente
a ectoparasitas e com elevada capacidade de engorda e conversão
alimentar, o gado Santa Gertrudis é uma opção
para quem deseja imprimir maior rendimento ao projeto de cruzamento
industrial, observa Luís Antônio Bueno, criador
há 18 anos e proprietário da Fazenda Nossa Senhora
do Carmo, em Campos Novos Paulistas, SP. Além disso,
a raça mostra grande docilidade e habilidade maternal,
características desejáveis na moderna pecuária.
"É um animal de fácil manejo, rústico
e com precocidade sexual, tanto nas fêmeas quanto nos
machos. Quem usa essa genética em seu rebanho pela
primeira vez, gosta e não abandona mais, pois resulta
em produtos excelentes", completa.
Para o pecuarista Luiz Bannwart, que tem mais de 50 anos de
estrada e conhecimento na raça, o Santa Gertrudis está
cada vez melhor. Proprietário da Fazenda Figueira Branca,
no município de Itaí-SP, Bannwart iniciou sua
criação em 1968 com o objetivo de melhorar o
zebu que tinha na fazenda. Ele conta ainda que acredita muito
no potencial da raça e na contribuição
que ela pode trazer à pecuária nacional. "É
uma raça que pode funcionar em todo o país,
principalmente pelo fato de poder transpirar pela pele, uma
vantagem para o animal que vive no clima tropical e sub-tropical".
Acompanhando o trajeto da raça no Brasil desde 1954,
o pecuarista lembra que o mercado pecuário atravessa
um momento ruim, não só para o Santa Gertrudis,
mas também para todas as outras raças. No entanto,
o criador vê perspectiva de melhora para 2005. "No
caso do Santa Gertrudis, temos uma raça que tem toda
a condição de garantir o seu espaço dentro
do cenário pecuário nacional. Ela tem um trabalho
de seleção rigoroso e por isso está numa
situação satisfatória".
Na opinião de José Arnaldo Amstalden, técnico
da Associação, o nível dos trabalhos
técnicos dentro dos criatórios da raça
melhorou bastante, sobretudo nos últimos tempos. Há
30 anos trabalhando na seleção de animais funcionais,
ele ressalta que o Santa Gertrudis, além de ser um
animal que apresenta um bom ganho de peso, aliado a um melhoramento
genético eficiente, é a única raça
sintética com pedigree. "O Santa Gertrudis se
destaca na produção e no cruzamento industrial.
Se você quer sair do zebu, deve optar por uma raça
sintética que tenha boas condições de
adaptabilidade à diferentes climas e que mostre resultados,
nesse caso, a raça é uma ótima opção.
Ela apresenta uma evolução que atende ao mercado
cada vez mais exigente, que além de desejar um animal
de bom rendimento, quer preço e precocidade",
disse.
ABSG
no aprimoramento da raça
A
ABSG, Associação Brasileira de Santa Gertrudis,
fundada em 1961, tem hoje cerca de 100 associados em todo
o Brasil, com pólos de destaques nos estados de São
Paulo, Maranhão, Pará e Rio Grande do Sul. "A
raça está presente em regiões cujo os
climas são totalmente opostos, o que indica que ela
está adaptada a todo o país", declarou
o atual presidente da ABSG, Luiz Fernando Doneux Jr.. Segundo
ele, a entidade desempenha seu trabalho em três pontos
principais. Primeiramente, cabe a ela um papel fundamental
dentro da raça, que é realizar o registro genealógico
e saber se o animal apresenta o nível dentro do padrão
racial. O segundo ponto corresponde à orientação
de acasalamento, feita dos touros em relação
às fêmeas pela parte exterior e pelo Programa
de Melhoramento Genético, através de DEP's.
Já o terceiro ponto é referente a realização
de eventos, leilões e exposições. Atualmente,
a Associação está na procura de parcerias
para poder aprimorar o trabalho de divulgação
da raça.
Ex-técnico da ABSG, criador da raça há
treze anos e presidente da Associação, há
dois, Doneux destaca que o Santa Gertrudis tem aptidão
para uma carne de qualidade e apresenta também um bom
desempenho a campo. O presidente ainda comenta que não
basta apenas ter uma boa raça para apresentar ao mercado,
é preciso profissionalismo. "Cada vez mais profissionais,
os criadores tem hoje objetivos claros. O mercado da pecuária
de corte está competitivo e quem não tiver competência
está fora. O ano de 2004 foi difícil, mas a
raça está preparada para enfrentar a crise,
somos idealistas", disse ele.
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