A
cultura do milho após o processo de colheita, oferece
ao agricultor uma grande quantidade bastante grande de palhada
que pode ser empregada das mais diferentes formas, seja na
alimentação de bovinos ou na forma de cobertura
para plantio direto. Entretanto, a forma de utilização
mais comum desse material está na segunda opção,
onde ela contribui de maneira eficiente na preparação
do solo para as safras seguintes.
O
pesquisador Ramom Costa Alvarenga, da Embrapa Milho e Sorgo
(MG), diz que nesse sistema, a aplicação da
palhada constitui num método interessante para a cobertura
do solo, pois, a quantidade de palha superior a 10 t. por
hectare, possibilita uma boa cobertura, fator decisivo na
conservação do solo. "Uma característica
dessa palhada é que ela tem alta persistência
sobre o solo, ou seja, a sua decomposição é
mais lenta do que a maioria das palhadas de culturas comerciais",
diz.
Por exemplo, em comparação à soja, a
quantidade de palha, além de ser maior (três
ou quatro vezes) tem uma velocidade de decomposição
mais lenta. Segundo ele, nesse caso depois de trinta dias
da colheita, quase toda a palhada já desapareceu da
superfície do solo, ao passo que a do milho ainda resta
a maior parte e, uma boa quantidade ainda persiste até
o início da próxima safra.
O pesquisador destaca que existem outras possibilidades para
o uso da palhada do milho. "Os pecuaristas a utilizam
para o gado, depois da colheita do milho, ocasião que
soltam os animais na área para um melhor aproveitamento.
É a utilização mais comum para quem não
faz plantio direto. Ainda há outras utilizações
como usar essa palhada na confecção de composto
orgânico e artesanato, especialmente com a palha das
espigas. Lamentavelmente, ainda existem aqueles que a utilizem
como combustível para uma 'boa' queimada. Querem o
terreno limpo, e é onde encontramos os terrenos mais
degradados, com maiores problemas de erosão, de plantas
daninhas e com menor produtividade", declarou.
Na utilização no sistema de plantio direto,
Alvarenga diz que a palha pode ser vista como um insumo, pois
é utilizada para dar sustentabilidade à atividade
agrícola. Ele explica que na colheita do milho ela
deve ser picada e deixada sobre o solo. Nessa situação
tem múltiplas funções que podemos chamar
de efeitos mecânicos: a)- Na conservação
do solo minimiza a erosão evitando que a chuva desprenda
as partículas de solo e as transporte para um ponto
mais baixo na paisagem. Quanto mais bem espalhadas sobre a
superfície do solo, maior a cobertura e, conseqüentemente,
maior a proteção. Entretanto, não deve
ser picada excessivamente pois acelera a sua decomposição;
b)- Diminui a taxa de evaporação da água
e a amplitude de variação de temperatura do
solo. Com isso, todos os processos biológicos, desde
os microrganismos até as plantas, são beneficiados
desempenhando melhor o seu papel, pois, além da umidade
persistir por mais tempo, o conforto térmico é
maior e numa faixa adequada; c)- Impedem ou dificultam os
crescimentos das plantas daninhas que, assim, irão
competir menos com a lavoura. A necessidade de herbicidas
também é reduzida nessa situação.
"Outra função da palha é o de fornecer
às plantas em desenvolvimento e aos micros organismos
do solo (esses também usam o carbono), nutrientes que
são liberados dela durante a sua decomposição.
Não se pode esquecer que a palha é uma boa opção
para o seqüestro de carbono que, desse modo, deixa de
ser lançado na atmosfera", completou o pesquisador.
De acordo com Alvarenga, tanto em rotação quanto
na sucessão de culturas é desejável que
se faça alternância entre gramíneas e
leguminosas, principalmente. "Então, depois do
milho não se deve cultivar, na seqüência,
outra gramínea na área. Soja e feijão
são exemplo de culturas usadas na rotação
ou sucessão, respectivamente. O que se deve ter em
mente é que a seleção dessas culturas
vai depender das condições de clima e do interesse
do produtor por essa outra cultura", finalizou.
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