A
cachaça brasileira desfruta hoje de uma situação
privilegiada em todo o mundo. Como provas desse reconhecimento,
pode-se citar as conquistas que a bebida vem obtendo em vários
concursos e exposições internacionais, sendo
a mais recente conquistada em março passado. Em 2004,
da produção de aproximadamente 1,3 bilhões
de litros, mais de 10,2 milhões foram exportados e
os especialistas setor vêem potencial para a conquista
de novos mercados. Um dos fatores primordiais para que essa
bebida tipicamente brasileira ultrapassasse as fronteiras,
diz respeito à profissionalização do
setor que conta hoje com modernos parques industriais, profissionais
capacitados e o mais importante de tudo, uma matéria-prima
de qualidade.
A cana-de-açúcar é o principal elemento
usado na fabricação da cachaça e o Brasil
lidera o ranking mundial de produção dessa cultura,
seguido pela Índia e Cuba. Na última safra,
foram colhidos 5,2 milhões de hectares de cana-de-açúcar
e a estimativa para a safra 2004/2005 é que este número
seja de 5,4 milhões. Para que a cana seja utilizada
para este fim, deve-se levar em conta, principalmente, a quantidade
de açúcar apresentada pela variedade.
Dados do Programa Brasileiro de Desenvolvimento da Cachaça,
coordenado pela ABRABE- Associação Brasileira
de Bebidas, mostram que a cachaça é a bebida
destilada mais consumida no país e a terceira no ranking
mundial e hoje, já é reconhecida como um produto
de potencial de exportação pelo Governo Brasileiro,
com perspectivas de um aumento significativo para os próximos
anos. Para Maria José Miranda, gerente nacional do
PBDAC, "o segmento de cachaças está crescendo
em importância, considerando seu potencial de exportação,
portanto, cresce igualmente a responsabilidade de um trabalho
consistente na capacitação dos produtores e
na divulgação do produto no exterior, como vem
sendo feito. Além de ações para valorizar
a Cachaça internamente, dado que a mesma ainda sofre
grande preconceito junto às camadas de maior poder
aquisitivo da população é importante
que o público brasileiro descobra o valor que a bebida
tem lá fora para aprender a valorizá-la no seu
próprio País", conclui.
O Programa, criado em 1997, reúne produtores de cachaça
de todo o país, que juntos são responsáveis
por mais de 80% da produção nacional e tem como
um de seus principais objetivos valorizar a imagem da cachaça
nacional, divulgando-a como um produto genuinamente brasileiro
que reúne características históricas,
culturais e econômicas significativas para o povo."A
qualidade da nossa cachaça é equivalente à
das melhores bebidas destiladas do mundo e hoje já
podemos nos orgulhar de ter nossa bebida típica reconhecida,
assim como os escoceses se orgulham do seu uísque,
os franceses do seu champanhe, ou o México da sua tequila",
garante Maria das Vitórias Carneiro Cavalcanti, presidente
do Programa e executiva da Engarrafamento Pitú.
O
passo-a-passo da produção
Na
cidade de Pirassununga, interior Paulista, está localizada
a sede da companhia. Müller de Bebidas, responsável
por mais de 1/3 da produção nacional. A empresa,
que detêm tecnologia para gerenciar todo o processo
de produção da cachaça, mostra quais
são as principais etapas do processo de fabricação
do corte da cana-de-açúcar ao engarrafamento
da cachaça que segue para comercialização.
O passo inicial para a fabricação de uma cachaça
de qualiodade começa no plantio, que deve seguir um
rigoroso cojunto de normas técnicas. O solo deve ser
permanentemente controlado e preparado para receber a cultura.
No caso da Müller, o controle da maturação
da cana-de-açúcar é feito analiticamente
com testes em laboratório a fim de garantir que a cana-de-açúcar
colhida tenha o mais alto grau de concentração
de ingredientes para a produção de aguardente.
A colheita é, em grande medida, mecanizada. Após
essa etapa, a cana limpa segue rapidamente para o processamento,
evitando a proliferação de bactérias
nocivas ao processo de fermentação.
No caminho do campo até a usina, a cana-de-açúcar
é tratada e preparada por picadores e desfibradores
antes da moagem. Quando moída, ela passa pelo processo
de pré-fermentação, onde se transforma
num caldo que é pré-aquecido, pasteurizado e
decantado, reduzindo todas as possibilidades de existência
de impurezas. Essa substância é fermentada em
poucas horas e depois vai para dornas fechadas sem contato
com o ar externo, o que proporciona um isolamento maior contra
qualquer contaminação da matéria-prima.
O passo seguinte é a destilação, que
na empresa é feita industrialmente pelo método
de colunas de aço inoxidável. O sistema contém
válvulas para o escape dos gases impróprios
ao consumo humano e o resultado final dessa estágio
já é a aguardente.
A partir daí, segue-se o armazenamento e o transporte,
feitos em tanques de aço. A estapa seguinte é
o processo de beneficiamento que irá variar de produto
para produto. Para bebidas envelhecidas, a cachaça
deverá ser armazenada em tonéis de madeira,
como o carvalho, para conquistar sabor e aroma especiais.
Nesse caso, é necessária a permissão
da oxidação do álcool, que é feito
através da entrada de ar dentro do recepiente, o que
não acontecerá se a bebida for guardada em um
tonel feito de metal. Por fim, é feito o envasamento
do liquído. As garrafas recebem o conta gotas, rótulos,
selo de fiscalização e seguem para venda. De
cada lote fabricado, algumas amostras são recolhidas
para análise, para garantir a qualidade do produto.
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