Mesmo
com toda a profissionalização no agronegócio
e o advento de novas tecnologias nas lavouras, as influências
climáticas são fatores fundamentais para o desenvolvimento
de todas as culturas. No caso da cana-de-açúcar,
não poderia ser diferente, mais do que a dependência
climática durante um certo período, ela necessita
dos fatores externos durante o ano inteiro para obter produtividade
e qualidade na hora da colheita. Isso se deve, principalmente,
ao fato da cultura ter um longo ciclo, se comparado com as
demais.
O pesquisador Fábio Ricardo Marin, da Embrapa Informática
Agropecuária, considera que para o cultivo da cana-de-açúcar
a temperatura média ideal deve ser em torno de 30º
a 34º graus. "Essa é uma cultura que responde
muito bem à alta radiação solar. Mas,
para o seu crescimento, ela depende que dois fatores estejam
associados, alta temperatura e chuva". Quanto a essa
necessidade hídrica dos canaviais, o pesquisador destaca
que o consumo de água na planta irá depender
do clima e da radiação da região em que
ela for cultivada. "A taxa de evapotranspiração
tende a ser maior em regiões mais quentes devido ao
maior consumo da planta. A demanda hidricoatmosferica também
é maior em locais mais ensolarados", disse.
Devido à necessidade obrigatória de apresentar
um bom teor de açúcares, especialmente para
as usinas de refinamento, a quantidade de chuvas sobre o canavial
é, sem dúvida, um dos fatores que mais preocupam
os agricultores. O excesso de água na lavoura influencia
diretamente a produtividade e compromete o teor de sacarose
na mesma. Segundo Marin, a ausência normal de chuva
favorece a maturação da cana-de-açúcar
e é necessária para o aumento de sacarose. "Mas
é importante deixar bem claro que o acúmulo
de água na planta não reduz a quantidade de
açúcares, reduz apenas a concentração",
ressaltou.
Em relação à produtividade, o pesquisador
comenta que quanto mais água houver na cana-de-açúcar,
maior será o seu peso e menor será a eficiência
da lavoura, o que resulta em um aumento de custo para as usinas.
"Por conta desse inchaço, a cana-de-açúcar
poderá até apresentar uma ótima produtividade,
no que diz respeito à quantidade de quilos/hectares,
mas só que em termos de qualidade isso não pode
ser tão bom por conta da dispersão de sacarose",
completou.
A colheita da cana-de-açúcar, que geralmente
ocorre no mês de maio, já esta sendo antecipada
em boa parte do Brasil, sobretudo porque há a necessidade
de reabastecer os estoques do Governo. De acordo com Marin,
no Estado de São Paulo, por exemplo, o clima está
sendo muito bom para o cultivo. "Na safra atual, houveram
chuvas bem distribuídas desde o mês de novembro.
Há boas condições climáticas para
o favorecimento da planta e uma boa quantidade de água
no solo. Os agricultores estão satisfeitos, pois já
é o segundo ano consecutivo de clima muito bom. A safra
promete alta produção e uma qualidade que irá
variar de boa a excelente", destacou.
Para que a safra responda as expectativas dos agricultores
e usineiros paulistanos, o ideal é que as chuvas parem
temporariamente. Se acaso elas continuarem, poderão
resultar em atrasos na colheita. O clima quente e mais seco
favorece tanto aos agricultores quanto à própria
planta. "Nesse período do ano a planta já
cresceu o tanto que deveria crescer, pois ela se desenvolve
na primavera e no verão. Em São Paulo, temos
clima e solo muito propícios a essa cultura. Há
presença de chuva no verão e ausência
dela no período seco, o que favorece o acúmulo
de sacarose e facilita a colheita", concluiu.
|