Devido
os baixos estoques de milho no mercado mundial e o fato de
a demanda continuar crescendo mais rápido do que a
oferta, os preços da cultura na safra 2004/05, tendem
a manter uma tendência de cotações crescentes.
Diferente de outros grãos como trigo e soja, cujo equilíbrio
entre oferta e demanda está mais estável, o
milho deve seguir uma trajetória diferente, com preços
em alta e utilização de estoques de safras passadas
para regular o abastecimento interno. Segundo especialistas
em mercado agrícola, face a conjuntura atual do setor,
cabe ao produtor ficar atento aos reflexos da contínua
redução dos estoques mundiais de milho e confronta-los
com a realidade da recomposição observada nos
estoques de soja, por exemplo, que passaram dos 36 milhões
de t. na safra 2003/04 para 53 milhões em 2004/05.
Com uma produção de 42,5 milhões de toneladas,
somando as duas safras do período 2003/04 e um consumo
que chegou próximo das 45,2 milhões de toneladas,
a paridade na agroindústria do milho manteve-se através
das importações realizadas ao longo do ano.
Esse movimento deve continuar em 2005, por conta de fatores
ligados a produção. O ano começou com
estoques no patamar de 4 milhões toneladas e as projeções
para a segunda safra (safrinha), são de queda na produtividade.
As estimativas do setor para o volume de área cultivada
com milho, também mostram uma retração
de 2,4 milhões hectares. No comparativo com a safra
passada, quando o país registrou um volume de 12,8
milhões ha, a retração foi significativa,
não devendo ultrapassar os 9.5 milhões ha, segundo
previsões feitas pela CONAB, Companhia Nacional de
Abastecimento. O estado do Paraná deve manter a dianteira
na produção nacional do grão, disponibilizando
cerca de 2,6 milhões de hectares de sua área
cultivável. O estado do Rio Grande do Sul vem na segunda
colocação com 1,2 milhões ha, seguido
de Minas Gerais 1,1 milhão ha e São Paulo 1
milhão ha plantados.
Nelson Batista Martin, engenheiro agrônomo e membro
da diretoria do IEA, Instituto de Economia Agrícola,
ligado a Secretária da Agricultura do Estado de São
Paulo, diz que pelas reais possibilidade de contribuir para
o aumento da oferta mundial de milho, o Brasil vem, nos últimos
anos, se firmando como exportador do produto e se sabe que
o trabalho bem feito dos produtores é condição
fundamental para a entrada do milho no circuito mundial das
commodities agrícolas. Em 2004, o país exportou
o equivalente a 5 milhões de toneladas do produto,
número este que na opinião dos analistas de
mercado deve crescer por decorrência da abertura do
mercado internacional para novos exportadores e da necessidade
da utilização da cultura na rotação
de cultura com soja e algodão. Esses fatores ganham
ainda mais peso, quando considerando o grau de tecnificação
da agricultura brasileira frente aos produtores de outros
países, avalia Martin.
Os preços pagos em média na bolsa de Chicago,
no período que abrange os 12 meses de 2004, para contratos
de primeira entrega, foi de US$ 116,06/ tonelada. Já
o milho embarcado dos portos Argentinos, mantiveram pouca
oscilação de preços, fechando cotados
na média de US$115,51/ t. No mercado interno, o valor
nominal da saca de 60 Kg. de milho, pagos aos produtores nas
principais regiões produtoras do país, mantiveram
pouca variação cotados a R$ 17,22/saca 60Kg.
em São Paulo e R$ 17,49/saca de 60 Kg. no Paraná,
com destaque para o estado do Rio Grande do Sul, que marcou
a maior média de RS$ 18,84/saca de 60 Kg. valores deflacionados
segundo IGP-DI (FGV). No primeiro semestre de 2005, no entanto,
os preços não devem sofrer muita variação
devendo ficar nos patamares anunciados no último trimestre
de 2004, segundo o analista do IEA.
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